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Retrospectiva e mostra de inéditos reaviva o controverso Balthus

Setsuko Klossowska de Rola, viúva de Balthus
Setsuko Klossowska de Rola, viúva de Balthus, em frente à pintura "Quarto Turco" KEYSTONE

A Fundação Beyeler, em Basileia, abriu no domingo passado uma exposição retrospectiva de obras do polêmico artista francês Balthasar Klossowski de Rola (1908-2001), conhecido como Balthus. Uma coleção de obras inacabadas de Balthus também está atualmente em exibição em Lausanne.

A retrospectiva de Balthus mistura jovens garotas e gatos, meditação e realidade, erotismo e inocência, o familiar e o incomum, e compreende 40 pinturas provenientes de coleções dos Estados Unidos, França e Suíça. O show é a primeira exposição da arte de Balthus em um museu suíço desde 2008 e a primeira apresentação abrangente de seu trabalho em qualquer lugar da Suíça de língua alemã.

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A exposição em Basileia apresenta uma pintura de Balthus que tem provocado controvérsias recentes. Em dezembro passado, uma ativista do movimento #MeToo lançou uma petição online contra a pintura “Thérèse rêvant” (Thérèse sonhando), que mostra uma jovem relaxando em uma cadeira com a perna para cima. A ativista acusou o pintor de “romancear a sexualidade infantil”. Cerca de 12.000 assinaturas pediram que o Metropolitan Museum of Art, em Nova York, removesse a obra, mas o museu recusou. A pintura está agora exposta na Fundação Beyeler.

O curador da Fundação, Raphaël Bouvier, disse à televisão pública suíça, RTS: “Jamais contemplamos sequer a ideia de desistir dessa pintura por causa dessa controvérsia. Pelo contrário, pareceu-nos ainda mais importante expô-la, para que todos possam dar a sua opinião. ”

Durante sua vida, Balthus foi um artista divisivo. Para alguns, suas pinturas de jovens em poses lascivas foram acusadas de pedófilas, enquanto para muitos outros trata-se de arte. Sua viúva, que também serviu como modelo, diz que não entende o recente escândalo.

“Em primeiro lugar, é uma pintura magnífica”, disse ela à RTS. “Você deve manter uma abordagem inocente. Se uma saia levantada evoca sexo, acredito que seja principalmente um problema nos países cristãos. ”

Em Lausanne, um novo edifício está sendo construído perto da estação de trem para abrigar a coleção do Museu Cantonal de Belas Artes, que abrirá suas portas ao público em 2019. Uma nova exposição “Unfinished Balthus” (Balthus inacabado) está sendo exibida no canteiro de obras, mostrando pela primeira vez obras inacabadas que o artista produziu durante seus últimos anos. Estas incluem esboços e pinturas previamente armazenadas em seu ateliê na aldeia montanhosa de Rossinière nos Alpes de Vaud. Essa exposição foi organizada pela Association atelier de BalthusLink externo, com curadoria do americano Robert Wilson.


Nasceu em Paris em 1908, o segundo filho de um pintor e historiador da arte germano-polonês. Ele trabalhou como pintor a partir dos 16 anos, copiando as obras de Piero della Francesca e Massacio. A partir dos 27 anos, começou a fazer suas próprias pinturas figurativas em Paris, assim como suas primeiras obras neoclássicas controversas representando a “beleza perfeita” das adolescentes.

Balthus estabeleceu-se em Berna durante a Primeira Guerra Mundial, depois mudou-se para Genebra, onde passou a adolescência. Ele retornou a Paris, mas durante a Segunda Guerra Mundial, refugiou-se novamente em Berna, Friburgo e Genebra. Ele se casou com Setsuko e durante os últimos 24 anos de sua vida, estabeleceu-se com sua família no Grand Chalet, na aldeia de Rossinière, no cantão de Vaud, onde montou seu estúdio. Foi lá que Balthus morreu aos 93 anos, em 2001.

Adaptação: Eduardo Simantob

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