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Ao menos 124 morrem em ataque de força paramilitar a vilarejo no Sudão

Por Nafisa Eltahir e Khalid Abdelaziz

CAIRO/DUBAI (Reuters) – O grupo paramilitar sudanês Forças de Apoio Rápido (RSF) matou ao menos 124 pessoas em uma aldeia no Estado de El Gezira na sexta-feira, segundo ativistas, em um dos incidentes mais mortais de uma guerra de 18 meses e o maior de uma série de ataques no Estado.

Após a rendição do oficial de alto escalão da RSF, Abuagla Keikal, ao Exército do Sudão no último domingo, ativistas pró-democracia disseram que a RSF realizou ataques de vingança no Estado agrícola de onde ele é originário, matando e detendo civis e deslocando milhares de pessoas.

Gezira já enfrentou uma onda de violência que durou meses, na qual os moradores disseram à Reuters que a RSF saqueou casas, matou muitos civis e deslocou centenas de milhares de pessoas.

O vilarejo de Al-Sireha, no norte do Estado, passou pelo pior momento da violência recente, quando pelo menos 124 pessoas foram mortas e 100 ficaram feridas na invasão da RSF, informou o Comitê de Resistência de Wad Madani, um grupo pró-democracia, neste sábado.

Em uma declaração na sexta-feira, a RSF acusou o Exército de armar civis em Gezira e de usar forças sob o comando de Keikal, o que motivou seus ataques.

O Exército do Sudão e a RSF não responderam aos pedidos de comentários.

A RSF assumiu o controle de grande parte do Sudão em um conflito com o Exército do país que, segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), causou uma das piores crises humanitárias do mundo.

A guerra deslocou mais de 11 milhões de pessoas, levou partes do país à fome extrema e atraiu potências estrangeiras que deram apoio material a ambos os lados.

Ela começou em abril de 2023, quando as tensões entre a RSF e o Exército, que antes compartilhavam o poder, eclodiram em um conflito aberto em um momento em que o Sudão deveria estar fazendo a transição para o governo civil após um golpe de 2021.

“A milícia RSF está invadindo o leste, o oeste e o centro de Gezira, e cometendo massacres extensos em um vilarejo após o outro”, disse o comitê.

Imagens nas mídias sociais compartilhadas pelo comitê e outros supostamente mostram dezenas de corpos embalados para o enterro e valas comuns sendo cavadas.

“O povo de Gezira está enfrentando o genocídio das Forças de Apoio Rápido e é impossível tratar os feridos ou mesmo retirá-los para tratamento. Aqueles que saíram a pé morreram ou estão enfrentando a morte”, disse o Sindicato dos Médicos Sudaneses, pedindo passagens seguras.

(Reportagem de Nafisa Eltahir e Khalid Abdelaziz)

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