Ataque americano contra porto no oeste do Iêmen deixa mais de 70 mortos

Ao menos 74 pessoas morreram e quase 200 ficaram feridas em um ataque dos Estados Unidos contra um porto de petróleo no oeste do Iêmen controlado pelos rebeldes huthis, informou nesta sexta-feira (18) a imprensa vinculada ao grupo insurgente pró-Irã.
O Exército dos Estados Unidos anunciou na quinta-feira a destruição do terminal petrolífero de Ras Issa, no Mar Vermelho, com o objetivo de cortar uma fonte de fornecimento de combustível e de financiamento do grupo pró-Irã.
Washington realiza bombardeios quase diariamente desde 15 de março para tentar acabar com a ofensiva que os huthis efetuam contra navios civis e militares nessas águas cruciais para o comércio mundial.
“O balanço do ataque do inimigo americano contra as instalações de Ras Issa subiu para 74 mártires e 171 feridos”, escreveu na rede social X o porta-voz do Ministério da Saúde da administração huthi, Anees Alasbahi.
Os rebeldes huthis começaram seus ataques no final de 2023, em apoio aos palestinos da Faixa de Gaza em meio à guerra do movimento islamista Hamas e Israel.
Os rebeldes huthis, que controlam amplas partes do país, incluindo sua capital Sanaa, começaram seus ataques no final de 2023, em apoio aos palestinos da Faixa de Gaza, cenário de uma entre o movimento islamista Hamas e Israel.
Também tentam às vezes atacar diretamente o território de Israel, cujo exército anunciou nesta sexta-feira ter interceptado um míssil procedente do Iêmen.
O canal Al Masirah exibiu imagens que mostram corpos ensanguentados no chão e os socorristas transportando feridos em macas.
Outras imagens mostram as chamas intensas e uma densa fumaça que envolve os muitos navios atracados.
Durante uma manifestação nesta sexta-feira em Sanaa, o porta-voz militar dos huthis, Yahya Sari, afirmou que os rebeldes lançaram mísseis contra Israel.
Os huthis também afirmaram que dispararam contra dois porta-aviões americanos ao longo da costa do Iêmen, o “Harry S. Truman” e o “Carl Vinson”.
“A mobilização militar americana e a continuidade da agressão contra o nosso país fará apenas com que as operações aumentem”, declarou Sari à multidão, que protestou contra os bombardeios americanos e expressou apoio aos palestinos de Gaza.
Várias regiões controladas pelos huthis, como Sadaah, no norte do país, registraram protestos semelhantes, com gritos de frases como “morte aos Estados Unidos, morte a Israel”, segundo imagens exibidas pela Al Masirah.
O Irã, que apoia os huthis, condenou os bombardeios “bárbaros” e afirmou que constituem uma “violação flagrante dos princípios fundamentais da Carta das Nações Unidas”.
O movimento islamista palestino Hamas também denunciou uma “agressão flagrante” e um “crime de guerra”.
– Sinal para o Irã –
O Comando Central dos Estados Unidos (Centcom) afirmou em um comunicado que “o objetivo dos ataques era enfraquecer a fonte de poder econômico dos huthis”.
O governo dos Estados Unidos, que classificou em março os huthis como uma “organização terrorista”, acusa este grupo de monopolizar as receitas de Ras Issa, porto situado ao norte de Hodeida, uma das cidades mais populosas do Iêmen.
Washington também impôs na quinta-feira sanções contra um banco do Iêmen e seus principais executivos, alegando que fornecem um apoio “essencial” aos huthis.
A ofensiva dos huthis impediu a passagem dos navios pelo canal de Suez, por onde normalmente transitam 12% do tráfego marítimo mundial.
Muitas empresas foram obrigadas a fazer desvios caros para contornar o extremo sul da África.
Os Estados Unidos começaram a ofensiva contra os huthis sob o governo de Joe Biden. O presidente Donald Trump prometeu continuar a ação militar até que os rebeldes deixem de ser uma ameaça para o transporte marítimo.
Os bombardeios contra o porto de Ras Issa aconteceram na véspera de uma reunião entre representantes dos Estados Unidos e do Irã em Roma, no sábado, para abordar o programa nuclear de Teerã.
“As ações militares no Iêmen enviam claramente um sinal a Teerã”, afirmou à AFP o analista Mohammed Albasha, que mora nos Estados Unidos.
“A mensagem hoje é inequívoca: os Estados Unidos não miram apenas os recursos militares e os integrantes dos huthis, mas também em sua infraestrutura econômica”, acrescentou.
wd/acb/dga/mel/dbh/hgs/fp/aa