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Ataques racistas a time sub-20 do Palmeiras no Paraguai causam indignação no Brasil

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As ofensas racistas feitas contra jogadores da base do Palmeiras em Assunção, no Paraguai, causaram indignação no Brasil e levaram o clube paulista e a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) a pedirem, nesta sexta-feira (7), a expulsão do paraguaio Cerro Porteño da Copa Libertadores Sub-20.

O capitão do Palmeiras Sub-20, Luighi, caiu em prantos após o jogo de quinta-feira, no qual sua equipe derrotou o time paraguaio por 3 a 0. 

“Até quando vamos passar por isso? […] O que fizeram comigo é crime”, afirmou o atacante de 18 anos na entrevista após a partida.

“A Conmebol vai fazer o que sobre isso?”, questionou o jogador.

Imagens de televisão mostram um torcedor do Cerro Porteño imitando um macaco na direção de vários jogadores do Palmeiras que deixavam o campo após serem substituídos na reta final da partida.

Segundo a CBF, Luighi e seu companheiro Figueiredo, de 19 anos, foram alvos dos gestos racistas. 

“Vamos solicitar a exclusão do Cerro Porteño da competição, porque não é a primeira vez que este clube ataca nossos atletas e torcedores”, disse aos jornalistas a presidente do Palmeiras, Leila Pereira, citando incidentes similares em 2022 e 2023. 

“Chega! O Palmeiras não tolerará mais nenhum tipo de crime contra nossos atletas […] Vamos tomar medidas drásticas”, enfatizou Leila.

A dirigente acusou a Conmebol, órgão que comanda o futebol sul-americano, de ser “muito displicente” diante desta denúncia.

“Se não resolvermos isso na Conmebol, resolveremos na Fifa”, disse Leila, que elogiou a “atitude corajosa” de Luighi.

O presidente da Fifa, Gianni Infantino, disse que está “profundamente indignado” e que a entidade máxima do futebol mundial continua “a implementar medidas rigorosas” para “erradicar a discriminação.

“É de partir o coração ver um jovem jogador ser levado as lágrimas por um comportamento tão vergonhoso”, escreveu Infantino no Instagram, sem mencionar o Cerro Porteño.

– Punições com ‘rigor’ –

A CBF reforçou o pedido à Conmebol de expulsão da equipe paraguaia do torneio.

Seu presidente, Edinaldo Rodrigues, classificou a cena de quinta de “chocante” e pediu ao presidente da Conmebol, o paraguaio Alejandro Domínguez, punir o Cerro com “rigor”. 

“Basta de racismo e de multas que não levam a nada. Queremos punições esportivas”, afirmou o presidente da CBF em um vídeo.

Em sua denúncia, a CBF sustentou que o futebol sul-americano carrega um histórico de “impunidade” diante de atos racistas e que as sanções aplicadas na maioria dos casos não evitam novas agressões. 

– Solidariedade –

O astro brasileiro do Real Madrid Vinícius Júnior também apoiou o jovem jogador do Palmeiras e se juntou às críticas à Conmebol.

“Vocês nunca fazem nada. NUNCA!!!”, escreveu Vini em um story no Instagram dirigido à entidade.

O atacante do Real Madrid se tornou um símbolo da luta contra o racismo após ser vítima de várias ofensas no campo.

Uma agressão contra ele levou a uma condenação histórica de oito meses de prisão contra três torcedores do Valencia em junho do ano passado.

Depois, mais dois episódios racistas contra Vini Jr. foram punidos com prisão.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva também expressou seu apoio nesta sexta aos jogadores da equipe Sub-20 do ‘Verdão’ e pediu que se impeça o “ódio disfarçado de rivalidade”. 

“Racismo significa o fracasso da humanidade”, escreveu Lula no X. “O mundo não pode mais tolerar esse tipo de violência.”

– ‘Medidas disciplinares’ –

Sem se referir diretamente ao caso, a Conmebol condenou “categoricamente qualquer ato de racismo” em mensagem em sua conta no X e antecipou “as medidas disciplinares correspondentes”, assim como possíveis “ações adicionais”.

O Cerro Porteño, por sua vez, manifestou em um comunicado “total repúdio a todo tipo de atos de racismo”.

“Evitemos cair em provocações que possam levar a este tipo de comportamento”, acrescentou o clube paraguaio.   

O Brasil é o país com a maior população negra fora da África e os insultos racistas contra seus jogadores e torcedores têm se repetido em vários países.

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