Perspectivas suíças em 10 idiomas

Bombardeios israelenses em Gaza; novas reações à ordem de prisão do TPI contra Netanyahu

afp_tickers

O Exército israelense anunciou, nesta sexta-feira (22), que matou cinco milicianos do Hamas envolvidos no ataque de 7 de outubro de 2023 em Gaza, um dia depois de o Tribunal Penal Internacional ter emitido uma ordem de prisão para o primeiro-ministro israelense, o que provocou novas reações. 

Benjamin Netanyahu, o seu ex-ministro da Defesa, Yoav Gallant, e o chefe do braço armado do movimento palestino, Mohammed Deif, são acusados de crimes de guerra e crimes contra a humanidade no conflito na Faixa de Gaza, desencadeado após o ataque mortal do Hamas em outubro do ano passado. 

A decisão do Tribunal Penal Internacional (TPI) gerou indignação em Israel e Netanyahu reagiu denunciando uma decisão “antissemita”. 

Em Gaza, o Exército israelense e o Shin Bet – serviço de segurança interna – afirmaram ter “eliminado cinco terroristas do Hamas” em um ataque na área de Beit Lahia, no norte, na manhã de quinta-feira. 

O bombardeio deixou dezenas de mortos e desaparecidos, segundo fontes médicas no território palestino.

Dois dos homens “eliminados” foram responsáveis, em 7 de outubro de 2023, por “assassinatos e sequestros” em um dos kibutz atacados pelo Hamas naquele dia, segundo o comunicado.

O Exército israelense lançou em outubro uma nova ofensiva no norte de Gaza, que deixou mais de mil mortos, segundo o Ministério da Saúde do território palestino, governado pelo Hamas, com o objetivo de impedir que o movimento reconstruísse as suas forças naquela região. 

A Defesa Civil de Gaza indicou, nesta sexta-feira, que recuperou quatro corpos e feridos de uma casa atingida por um bombardeio no bairro de Shujaiya, no leste da Cidade de Gaza.

O Ministério emitiu um “alerta urgente” já que todos os hospitais no território sitiado e devastado pela guerra irão parar ou reduzir as suas atividades “dentro de 48 horas” devido à falta de combustível.

– “Precedente perigoso” –

No ataque de 7 de outubro de 2023, milicianos islamistas mataram 1.206 pessoas no sul de Israel, a maioria civis, e sequestraram 251, segundo um relatório da AFP baseado em números oficiais israelenses que incluem os reféns mortos. 

Dos sequestrados, 97 permanecem cativos em Gaza, mas o Exército israelense estima que 34 deles morreram. 

A ofensiva militar israelense de retaliação deixou pelo menos 44.056 mortos no território palestino, a maioria civis, segundo dados do Ministério da Saúde, considerados confiáveis pela ONU. 

Depois de mais de um ano de guerra, o TPI irritou Israel ao emitir ordens de prisão para Netanyahu e Gallant na quinta-feira. 

“Nenhuma decisão anti-Israel escandalosa nos impedirá […] de continuar a defender o nosso país”, disse Netanyahu, depois de ter denunciado uma decisão “antissemita”. Gallant considerou isso “um precedente perigoso” que “encoraja o terrorismo”.

O presidente americano, Joe Biden, denunciou uma decisão “escandalosa” e o primeiro-ministro húngaro, Viktor Orban, apoiador incondicional do líder israelense, anunciou que convidará Netanyahu à Hungria para “desafiar” o mandado de prisão.

Netanyahu agradeceu ao seu homólogo húngaro e celebrou a sua “clareza moral”. 

Qualquer um dos 124 Estados-membros do tribunal, inclusive a Hungria, seria teoricamente obrigado a prender os três responsáveis caso eles entrassem no seu território.

– “Morte política” de Israel –

O Irã viu na decisão do TPI “a morte política do regime sionista”, enquanto a China apelou ao tribunal para adotar uma “posição objetiva e justa”. 

O Hamas, por sua vez, comemorou um “importante passo em direção à justiça”, mas não mencionou o mandado de prisão contra o chefe do braço armado do movimento. Segundo Israel, Mohammed Deif, considerado um dos mentores do ataque de 7 de outubro, foi morto em um ataque em julho em Gaza, embora o Hamas não tenha confirmado a sua morte. 

Paralelamente à guerra em Gaza, Israel e o movimento pró-iraniano Hezbollah entraram em guerra aberta no final de setembro no Líbano, quase um ano depois de a milícia xiita ter aberto uma frente contra Israel em apoio ao seu aliado Hamas.

Quatro capacetes azuis italianos ficaram levemente feridos em um novo ataque contra a missão de manutenção da paz da ONU no Líbano, a Unifil, segundo as autoridades italianas. 

O chanceler italiano, Antonio Tajani, apontou o Hezbollah como provável responsável pela agressão. “Seriam dois mísseis […] lançados pelo Hezbollah, novamente”, declarou.

Mais de 3.600 pessoas morreram desde outubro de 2023 no Líbano devido à violência entre Israel e o Hezbollah, a maioria desde a escalada do conflito em setembro, segundo as autoridades daquele país. Do lado israelense, 82 soldados e 47 civis morreram. 

A Organização Mundial da Saúde (OMS) relatou a morte de 226 profissionais da saúde no Líbano desde então.

bur-vl/bfi/bc/es/aa/dd/aa/yr

Mais lidos

Os mais discutidos

SWI swissinfo.ch - sucursal da sociedade suíça de radiodifusão SRG SSR

SWI swissinfo.ch - sucursal da sociedade suíça de radiodifusão SRG SSR