Brasil supera as 60.000 mortes pelo novo coronavírus
O Brasil superou nesta quarta-feira (1) as 60.000 mortes pelo novo coronavírus, enquanto muitos estados flexibilizam suas medidas de confinamento apesar de a pandemia não dar sinais de controle.
De acordo com o Ministério da Saúde, nas últimas 24 horas foram registrados 46.712 novos casos e 1.038 óbitos, elevando o total de contagiados a 1,44 milhão e o de mortos a 60.632.
O Brasil, com uma população próxima a 212 milhões de habitantes, é o segundo país com o maior número de pessoas diagnosticadas e com mais óbitos na pandemia, atrás apenas dos Estados Unidos.
O maior número de mortes, que dobrou em um mês, se concentra nos estados de São Paulo (14.763) e Rio de Janeiro (10.080).
Em termos relativos, o Brasil tem 284 mortes por milhão de habitantes, um número inferior ao dos Estados Unidos (385,7) e da Itália (575).
Mas em alguns estados, como o Rio de Janeiro (584 mortos por milhão de habitantes) ou o Ceará (673), o impacto se assemelha ao dos países mais castigados do mundo pela COVID-19.
– Respostas desencontradas –
A primeira morte por COVID-19 no Brasil foi registrada em 16 de março, mais de dois meses após o início da pandemia na China e sua propagação para a Europa.
Mas o país falhou em fornecer uma resposta unificada à doença. Vários estados, começando com São Paulo e Rio de Janeiro, decretaram medidas parciais de quarentena, criticadas por seus impactos econômicos pelo presidente Jair Bolsonaro, que chegou a comparar a doença a uma “gripezinha”.
A crise provocará este ano a pior contração anual da economia brasileira, prevista em 9,1% pelo Fundo Monetário Internacional.
No trimestre de março a maio, 7,8 milhões de empregos foram perdidos e 12,7 milhões de pessoas buscam uma colocação.
O recorde de contágios em 24 horas foi registrado em 19 de junho (54.771) e o número de mortes confirmadas a cada dia raramente fica abaixo de mil.
Os especialistas também acreditam que o número real de infecções é muito maior que o oficial, devido à falta de diagnósticos em massa.
“Existem vários Brasis. Em alguns lugares, a pandemia está recuando, em outros, está aumentando. Agora está indo para o interior”, afirma Roberto Medronho, diretor da Divisão de Pesquisa do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho, da Universidade Federal do Rio de Janeiro.
– País dos paradoxos –
Apesar de as curvas permanecerem preocupantes, a pressão política e a urgência econômica levaram muitos estados a relaxar suas medidas de contenção.
São Paulo já abriu o comércio e o Rio de Janeiro se prepara para fazer o mesmo nesta quinta-feira com bares, restaurantes e academias, em horários limitados.
O professor Medronho considera a iniciativa “precoce e inapropriada”. Quando o processo de reabertura começou, cada pessoa infectada transmitia a doença para uma pessoa e hoje já transmite para 1,51, explicou.
“Com a ampliação da abertura [esse número] aumentará ainda mais, causando problemas de saúde para nossa população”, alerta.
Outros estados e municípios, especialmente no sul do país que enfrenta um início de inverno mais rigoroso, recuaram e retomaram as medidas de quarentena.
Uma pesquisa do instituto Datafolha revelou na semana passada que os brasileiros têm cada vez mais medo de se contagiar, mas, ao mesmo tempo, a porcentagem daqueles que mantêm o isolamento social diminuiu.