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A arte de certificar uma produção correta e sustentável

Frutas em um mercado asiático, onde a Imo também está presente.

A filial brasileira do grupo suíço IMO Control, considerado um dos melhores do mundo na certificação de produtos que respeitam o meio ambiente, vem se destacando ultimamente.

Fundado em 1990, na Suíça, o grupo está desde 2001 no Brasil, onde desenvolveu inúmeras parcerias com associações de pequenos agricultores e órgãos públicos.

Durante a 5ª Feira Nacional de Agricultura Familiar e Reforma Agrária, realizada em novembro do ano passado no Rio de Janeiro, um dos maiores destaques de venda foi o açaí comercializado pela Cofruta, que é a Cooperativa de Fruticultores de Abaetetuba, município localizado na Região do Baixo Tocantins, no Pará.

Beneficiado e transformado em polpa e em doces diversos, o açaí da Cofruta obteve grande aceitação do público também por ter uma certificação atestando que a sua produção é feita de maneira sustentável e ecologicamente correta.

Também no final de 2008, o Governo de Minas Gerais, por intermédio do Instituto Mineiro de Agropecuária, iniciou um processo de auditoria em mil e quinhentas propriedades produtoras de café espalhadas por todo o estado.

Bem implantado no Brasil

A ação faz parte do Programa de Certificação de Propriedades Cafeeiras, organizado pela Secretaria Estadual de Agricultura, e tem o objetivo de certificar que a produção mineira de café adota práticas corretas do ponto de vista ambiental e trabalhista.

O açaí paraense e o café mineiro têm uma coisa em comum: ambos são certificados pela seção brasileira do grupo suíço IMO Control, que é considerado um dos melhores do mundo na certificação de produtos que respeitam o meio ambiente.

Fundado em 1990, na Suíça, o grupo está desde 2001 no Brasil, onde desenvolveu inúmeras parcerias com associações de pequenos agricultores e órgãos públicos.

O IMO Control, também conhecido no Brasil como Instituto de Mercado Ecológico, concede sua certificação ecológica aos produtos analisados a partir dos critérios estabelecidos pelo Regulamento Europeu CEE 2092/91 e pelo Programa Nacional Orgânico (NOP, na sigla em inglês) dos Estados Unidos.

Além de produtos agrícolas como chás, verduras, cereais, legumes e frutas, o grupo suíço certifica também, em diversos países, produções de mel, pescados, produtos florestais e têxteis naturais.

Diretor do Grupo IMO do Brasil, Daniel Schuppli aposta no trabalho desenvolvido há oito anos no país: “A certificadora IMO é uma organização pioneira na avaliação da qualidade ecológica e social de processos produtivos e na certificação de produtos sustentáveis.

Isto vale também para a IMO do Brasil, sua associada no país, que desde sua fundação vem expandindo as atividades para todo o território, da agricultura e indústria alimentícia para diversos outros setores, como gastronomia, indústria têxtil, indústria gráfica, setor moveleiro, setor florestal, indústria de pesca e outros”.

Schuppli afirma acreditar que a vocação ecológica dos brasileiros facilita o trabalho da empresa: “As mudanças climáticas registradas nos últimos anos, bem como a crescente consciência dos brasileiros relacionada à qualidade de produtos e processos produtivos, contribuíram de uma forma geral para o rápido crescimento do setor de certificação de produtos ecológicos e da certificadora IMO do Brasil”, diz o suíço.

Mercado suíço

Parte do açaí produzido pela Cofruta será comercializado na Suíça, o que demonstra que a presença do Grupo IMO no Brasil serve também para ampliar o acesso dos produtos brasileiros ecologicamente corretos ao mercado suíço: “Vários clientes vendem seus produtos para a Suíça.

Alguns deles são certificados também pela associação de produtores orgânicos da Suíça, a Bio Suisse, que mantém um acordo de cooperação com o IMO para a execução de serviços de inspeção e certificação.

Atualmente, os clientes com destaque de vendas e ligação com a Suíça são a Gebana Brasil e a Fundação Anebá, que é importadora da marca Oro Verde”, conta Schuppli.

A Fundação Anebá é uma instituição de apoio aos pequenos agricultores e extrativistas de diversas regiões da Amazônia que recebe apoio de organizações suíças e importa seus produtos para a Suíça (como camu-camu, polpa de açaí, etc.) sob a marca Oro Verde.

A Gebana Brasil, organização filiada à Gebana suíça, é pioneira do chamado comércio justo na Suíça e comercializa a produção de grãos (soja, milho, feijão, trigo) de mais de 300 produtores orgânicos de vários pontos do Brasil.

Agricultura familiar

Além da Gebana, da Fundação Anebá e da Cofruta, outras associações diretamente ligadas à agricultura familiar brasileira têm atualmente sua produção certificada pelo IMO Control. Entre elas, destaque para a Central dos Assentamentos do Rio Grande do Sul (Coceargs), que organiza a produção agrícola dos assentados da reforma agrária no estado. O IMO certifica a produção de arroz orgânico dos assentados.

Outros parceiros são: Cooperativa de Campina Grande do Sul (formada por produtores de verduras e frutas), Federação de Agricultura Orgânica do Sudoeste Paulista (FAOSP, que integra mais de 200 produtores de hortaliças e frutas), Associação de Produtores Orgânicos do Vale do Paraíba (Aprovap, voltada à produção de hortaliças e frutas), Cooperativa Nacional de Apicultura, Cooperativa Verde de Manicoré-AM (Covema, que organiza a extração e o processamento de castanha do Pará feitos por mais de 200 coletores), Cooperativa de Agricultura Mista de Tomé Açu-PA (CAMTA, que organiza a produção de frutas e polpa de frutas por migrantes japoneses no Pará), Fundação Viver Produzir e Preservar de Altamira-PA (FVPP, organização que lidera a certificação de sete cooperativas de produtores de cacau orgânico às margens da Transamazônica, no Pará).

A importância do trabalho do Grupo IMO do Brasil para os pequenos agricultores do país é resumida pelo presidente da Cofruta, Josenildo da Silva: “Uma certificação como a feita pelo IMO comprova que é possível gerar renda e, ao mesmo tempo, manter a floresta intacta. O agricultor familiar sabe fazer isso, pois tira seu sustento no mesmo lugar em que vive”, diz.

swissinfo, Maurício Thuswohl, Rio de Janeiro

Os membros do Grupo IMO Control são divididos em três categorias. A primeira é formada por organismos de controle que têm credenciamento independente em seus países, a segunda é formada por oficinas de inspeção que trabalham em acordo e sob supervisão direta do IMO e a terceira é formada por representantes, que são profissionais autônomos e trabalham para o IMO em tempo parcial.

As filiais do Grupo IMO com credenciamento independente são: IMO Suíça, IMO Alemanha, IMO Índia, IMO Brasil e IMO América Latina (com sede na Bolívia).

As oficinas de inspeção ficam nas filiais localizadas em Espanha, Turquia, China, Chile, Caribe, Croácia e Vietnã.

Os representantes autônomos do grupo estão estabelecidos nos seguintes países: Equador, Peru, Rússia, Sri Lanka, Bósnia, Gana, Romênia, Irã, Togo, Tanzânia, Uganda e África do Sul.

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