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Portugal reforça diplomacia económica na Suíça

Miguel Frasquilho preside a AICEP. Miguel Manso

Empenhada em reforçar a presença portuguesa no mercado suíço, a Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP) vai abrir na próxima semana uma delegação em Zurique. 

“Faz todo o sentido abrir uma delegação em Zurique, a maior área industrial do país, de modo a estimularmos não só a internacionalização das empresas portuguesas, que estão ansiosas por aumentar a sua presença no país, como também ajudar a dinamizar a captação de investimento suíço para Portugal”, disse à swissinfo.ch o presidente da entidade empresarial do Estado Português, Miguel Frasquilho, que procederá à abertura oficial da nova delegação.

“A abertura de novos centros de negócios, entre eles a delegação em Zurique, é uma das linhas de orientação no Plano Estratégico da AICEP, representando o compromisso pela promoção das relações económicas bilaterais com a Suíça”, frisou o presidente da agência, que durante a sua passagem por terras helvéticas vai visitar alguns dos grandes grupos económicos suíços dos setores da indústria, finanças e logística.

Miguel Frasquilho também participou no seminário “Portugal: a new hub for investors and HNWI”, que ocorreu em Zurique e Genebra, respetivamente nos dias 20 e 21 de janeiro. O evento foi organizado pela AICEP, pelo Millennium Banque Privée, que pertence ao banco privado português Millenium BCP, pela sociedade de advogados portuguesa PLMJ e pela FRORIEP, sociedade suíça de advogados da área de negócios e mercados especializada em direito bancário e imobiliário e consultoria fiscal e patrimonial.

Web Summit mora em Lisboa

A capital portuguesa vai ser palco do Web Summit, considerado o maior evento de empreendedorismo, tecnologia e inovação da Europa, e a AICEP é uma das entidades públicas que suportarão os custos com logística e infraestruturas, num total de 1,3 milhões de euros. Paddy Cosgrave, presidente da Web Summit, despediu-se em Setembro da Irlanda, anunciando que Lisboa acolherá o evento em 2016, 2017 e 2018. A primeira edição terá lugar entre 8 a 10 de Novembro de 2016. Na edição de 2015, em Dublin, estiveram presentes 42 mil pessoas de 134 países.

O responsável da AICEP ressalvou ainda que “Genebra tem uma grande comunidade portuguesa, onde existem bons exemplos de sucesso”, e que a agência olha com especial atenção para esta cidade, “não só pelo afeto dessa circunstância, mas também porque essa comunidade pode ajudar a potenciar a estratégia de investimento e internacionalização da AICEP”.

Sendo um dos principais investidores mundiais, a Suíça é alvo preferencial no projeto de expansão comercial português. “A economia suíça é muito competitiva, um dos maiores ‘players’ a nível mundial, o que confere segurança aos investidores portugueses que queiram fazer negócios no país e inclusivamente tem um poder de compra relevante que pode potenciar a venda de produtos e serviços portugueses”, concluiu Frasquilho.

As exportações de produtos portugueses para a Suíça subiram 7,6% para 428,6 milhões de euros, entre janeiro e novembro do ano passado, em relação a igual período de 2014. As importações sofreram um decréscimo de 2,7% para 245,6 milhões de euros, o que representa um saldo da balança comercial positivo para Portugal em 183,1 milhões de euros.
Em novembro de 2015, a Suíça era o 15.º cliente do mercado portugês e o seu 28.º fornecedor.
Segundo dados do Instituto Nacional de Estatística de Portugal (INE), em 2014 havia 3.441 empresas portuguesas a exportar para a Suíça. Há dois anos, Portugal era o 37.º cliente da Suíça e o seu 39.º fornecedor.

O ministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal, Augusto Santos Silva, defendeu recentemente que o país não pode cair na dependência do turismo, frisando que é urgente internacionalizar a economia nacional e preparar o país para “enfrentar os desafios da globalização económica”.

Irão sem demoras

O presidente da AICEP afirmou recentemente que a agência deve adaptar-se a “realidades dinâmicas” e encontrar novos mercados para a exportação portuguesa. Assim que foram levantadas as sanções económicas e financeiras ao Irão, Miguel Frasquilho anunciou a abertura de uma delegação em Teerão “nos próximos dois ou três meses”. No seguimento da reaproximação entre Cuba e os Estados Unidos, o governo português colocou em Havana um representante do Ministério dos Negócios Estrangeiros. A AICEP quer também reforçar a sua presença na China, com a abertura de uma quarta delegação em Cantão, na primeira metade do ano. A Ásia Central está igualmente na mira da agência, que está a organizar a participação portuguesa na exposição internacional sobre energias renováveis que terá lugar em 2017 em Astana, no Cazaquistão.

Segundo o presidente da agência, até ao final do ano esta passará a acompanhar 65 mercados, dos quais 12 são novos, em relação a 2014. Entretanto, no próximo trimestre, serão ativadas pela AICEP estruturas de ‘FDI scouts’ (especialistas em captação de investimento), na América do Norte, Europa ocidental, China, Coreia e Japão.

AICEP – perfil

Entidade pública de natureza empresarial de apoio à internacionalização das empresas portuguesas, a Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP) conta com uma rede de mais de 200 profissionais espalhados por uma vasta rede externa, a AICEP Portugal Global.

A principal missão desta rede é a prospeção dos mercados e levantamento de oportunidades de negócio para as empresas portuguesas, com o objetivo de encorajar a globalização da economia portuguesa. Entre as funções desenvolvidas pela agência estão a organização de atividades de promoção de produtos e serviços portugueses nos mercados externos, a identificação de parceiros de negócio locais para empresas portuguesas e o apoio na preparação e realização de programas de negócio. A AICEP oferece igualmente orientação a potenciais investidores locais interessados em Portugal e informação sobre empresas, produtos e serviços de Portugal a importadores estrangeiros.

Na área da captação de investimento, os clientes da agência são empresas com um volume de negócios anual na ordem dos 75 milhões de euros ou com projetos de investimento superiores a 25 milhões de euros.

A AICEP resultou em 2017 da fusão da API (Agência Portuguesa para o Investimento) e do ICEP (Instituto do Comércio Externo de Portugal).

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