Os restos congelados e mumificados de um casal suíço foram encontrados em uma geleira perto da estação de esqui suíça Glacier 3000. Eles eram agricultores desaparecidos há 75 anos.
O jornal suíço “Le Nouvelliste valaisan”, de 20 de agosto de 1942, chegou a noticiar o “desaparecimento inquietante” do casal Marcelin e Francine Dumoulin, que havia saído de Savièse, no cantão do Valais (oeste), em direção a um pasto alpino situado no cantão de Berna, não muito longe de Gstaad, uma das estações de esqui mais chiques da Suíça.
Na segunda-feira (17), o jornal Le Matin publicou uma entrevista com a filha mais nova do casal, Marceline Udry-Dumoulin, de 79 anos.
“Nós passamos toda a nossa vida procurando por eles, sem parar. Nós sempre pensamos em poder um dia oferecer-lhes o funeral que eles mereciam”, conta.
O pai dela era sapateiro e a mãe professora, eles haviam saído para tirar leite de suas vacas em um pasto alpino no dia 15 de agosto de 1942, mas nunca mais voltaram. “Posso dizer que depois de 75 anos de espera, esta notícia me dá um profundo sentimento de calma”, disse a senhora Udry-Dumoulin.
Descoberta macabra
Os restos escuros, como se tivessem sido queimados, foram encontrados por um funcionário da estação de esqui na semana passada que fazia uma inspeção de rotina a uma altitude de 2600 metros.
“De longe, parecia pequenas rochas, mas havia muitas no mesmo lugar”, contou o diretor da estação, Bernhard Tschannen, à rádio suíça RTS.
Na verdade, quando o técnico dos teleféricos se aproximou, ele percebeu que era algo diferente, havia “mochilas, garrafas de vidro, sapatos”. E, é claro, os corpos de um homem e de uma mulher vestidos com roupas do período entreguerras.
A hipótese é de que o casal pôde ter caído em uma fenda na geleira de Tsanfleuron, onde foram preservados até agora, até o degelo liberar os corpos.
Degelo
Esta não é a primeira vez que esse tipo de descoberta é feita. Objetos e pessoas emergem com uma certa frequência das geleiras na Suíça e na região alpina, especialmente com o rápido derretimento dos glaciares das últimas décadas.
Outro caso recente, também no Valais, envolveu a descoberta, em 2012, de quatro cadáveres congelados na geleira de Aletsch. Após o exame dos restos foi determinado que os corpos eram os de uma expedição de escalada envolvendo três irmãos que haviam desaparecido em 1926.
Em 2003, um caminhante suíço encontrou equipamentos de caça completos e roupas de couro no desfiladeiro de Schnidejoch, que os arqueólogos conseguiram remontar a 4500 AC. Embora nenhum resíduo humano tenha sido encontrado, os objetos eram os mais antigos do seu tipo descobertos nos Alpes e indicaram a existência de um comércio neolítico em toda a região.
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