O potencial do programa Erasmus para a Suíça é incalculável

Desde 2014, a Suíça não faz mais parte do programa Erasmus, a enorme rede de integração do ensino superior da UE. Ambos os lados teriam muito a ganhar trabalhando juntos novamente. Olivier Tschopp, diretor da Movetia, argumenta que é hora do programa da UE reabrir suas portas para a participação suíça.

“Erasmus” soa universal e quase se tornou parte da linguagem cotidiana. A maioria das pessoas o associa a um semestre de estudos no exterior e aos clichês relacionados a festas estudantis. Mas o programa de parceria é muito mais. O Erasmus há muito deixou de se limitar às instituições de ensino superior, abrangendo também ofertas para todos os níveis de ensino. O programa criou uma rede única de cooperação e mobilidade internacional que se estende por toda a Europa e além. Seu potencial para o sistema educacional suíço e sua atratividade internacional são inestimáveis.

Por que? Porque a cooperação internacional significa o acesso a redes e estruturas colaborativas que melhoram a qualidade do sistema educativo, contribuem para o seu desenvolvimento e maior excelência. Acrescentar uma experiência internacional a qualquer currículo significa agregar valor para todos – para os alunos, para as instituições e para o sistema educacional como um todo.

Além disso, as habilidades individuais adquiridas por meio de um intercâmbio são inúmeras. Das 10-15 competências do futuro identificadas pelos empregadores, muitas podem ser adquiridas através de um semestre numa universidade estrangeira, de um estágio numa empresa no estrangeiro ou de um programa de desenvolvimento profissional que inclua uma experiência em outra instituição. A interculturalidade é uma habilidade em alta demanda no mercado de trabalho e provavelmente continuará sendo no futuro.

Desafios e benefícios comuns no campo da educação

A Suíça está localizada no meio do continente europeu, cercada por estados membros da UE. Perseguimos os mesmos objetivos e lutamos com os mesmos desafios, também no campo da educação. Problemas como a falta de professores qualificados são relevantes para toda a Europa, incluindo a Suíça, e devem ser abordados em conjunto. Trocar e aprender uns com os outros sobre formação de professores, novas formas de aprendizagem e habilidades para o futuro é um processo benéfico para todos. E as vantagens do intercâmbio, via imersão das pessoas em outros países e culturas, vão muito além da educação.

Ambos os lados têm muito a ganhar. A UE, por exemplo, tem anos de experiência e mecanismos em funcionamento na área de intercâmbio e mobilidade. Ao mesmo tempo, a Suíça pode contribuir com sua experiência em vários tópicos, como treinamento vocacional e multilinguismo. A Suíça e a UE estão interessadas em uma cooperação mais estreita dos mercados de trabalho. Se as empresas trabalharem juntas em educação e treinamento, isso fortalecerá a confiança mútua e fortalecerá a cooperação de forma mais ampla. Ao mesmo tempo, a cooperação na educação leva a uma melhor compreensão dos sistemas de formação e a um melhor reconhecimento de diplomas e competências.

Além disso, a mobilidade e a cooperação na educação também são a base para um cenário de pesquisa bem-sucedido, que por sua vez prospera em redes e contatos internacionais. Se aos futuros pesquisadores for oferecida a oportunidade de estabelecer contatos e ganhar experiência internacional já durante os seus estudos, o seu envolvimento na comunidade científica europeia será mais bem sucedido.

A cooperação na educação agora é complicada para ambas as partes

A Movetia, agência nacional suíça de intercâmbio e mobilidade, recebe regularmente pedidos concretos para a participação de instituições suíças em projetos Erasmus+, o novo programa que combina todos os esquemas atuais da UE para educação, tanto do lado suíço quanto de parceiros europeus. Infelizmente, devido à não associação da Suíça, esses pedidos geralmente não podem ser atendidos e quaisquer alternativas não oferecem o mesmo valor agregado.

A implementação de projetos de intercâmbio e cooperação através do programa suíço Erasmus+ é significativamente mais complicada e dispendiosa para ambas as partes e cobre apenas uma parte das ofertas Erasmus. Atualmente, os projetos de cooperação Erasmus+ entre instituições de ensino suíças e europeias só podem ser realizados parcialmente e com limitações claras. Mesmo onde as instituições suíças têm acesso a ações Erasmus+ (por exemplo, a iniciativa Universidades Europeias), elas não podem se beneficiar das mesmas ferramentas e oportunidades (como plataformas, redes etc.) que seus parceiros e, portanto, estão em desvantagem e não podem explorar todo o potencial de cooperação. A situação reduz os benefícios da cooperação para os parceiros europeus e a atratividade de uma parceria com instituições suíças.

Educação europeia unida

No clima atual de insegurança global e desafios crescentes, é ainda mais latente a necessidade dos atores europeus da educação se unirem para promover e defender a democracia, a liberdade acadêmica e a diversidade na Europa. Todos sabemos que o impasse político entre a Suíça e a UE não será fácil de resolver. Mas, a fim de permitir a colaboração apesar ou enquanto isso, o Erasmus+ (e potencialmente outros programas) poderiam abrir todas as suas ações para os vizinhos imediatos da UE, como a Suíça, para permitir pelo menos a participação de instituições educacionais como parceiros autofinanciados. A ideia é que, mesmo na ausência de uma adesão completa ao programa, todos os projetos estejam abertos para parceiros suíços, desde que eles tragam seu próprio financiamento para o projeto. Esta forma de participação já é possível para algumas ações Erasmus+, mas não para todas. A abertura de todas as ações do programa contribuiria para fortalecer os sistemas educativos europeus e aproximar as sociedades europeias.

Adaptação: Clarissa Levy

Adaptação: Clarissa Levy