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Porta de entrada para pequenas e médias empresas

Feuerring: jeito suíço de fazer churrasco. Dennis Savini

Algumas empresas têm foco em inovação e sustentabilidade, outras apostam na tradição e qualidade suíça.  Quem são as pequenas e médias empresas suíças que resolveram usar os Jogos Olímpicos no Rio de Janeiro como porta de entrada para o mercado brasileiro.

Nos últimos anos, mais e mais empresas têm investido pesado em eventos esportivos para promover seus produtos e divulgar suas marcas. No caso das Olimpíadas do Rio de Janeiro não é diferente. A House of Switzerland, espaço criado pela Presença Suíça, órgão do governo suíço para promover a imagem do país alpino, e sucesso de público na Copa do Mundo de 2014, funciona como uma vitrine do “made in Switzerland”, não apenas para as multinacionais, mas também para as pequenas e médias empresas em busca de novos mercados.

O espaço, que fica às margens da Lagoa Rodrigo de Freitas, conta com três casas e um parque ao ar livre, abrangendo uma área de 4,1 mil metros quadrados. Com um investimento de US$ 5 milhões, a expectativa é que cerca de 450 mil pessoas passem pelo Baixo Suíça – denominação essa criada pelos cariocas para o espaço – nos meses de agosto a setembro, durante os Jogos Olímpicos e Paraolímpicos.

Segundo os organizadores, o projeto conta com uma equipe de 57 pessoas, entre membros suíços e brasileiros. As empresas presentes atuam em diversos setores: relojoaria, companhia aérea, equipamentos de viagem, canivetes, higiene bucal, turismo, esporte, design, seguros, ciências, entre outros.

Grandes e pequenas

A maioria das empresas, principalmente as de maior porte, já é ativa no mercado brasileiro. E aproveita os Jogos Olímpicos e a plataforma Baixo Suíça para consolidar sua imagem. Neste grupo estão nomes como Omega, Nestlé, Victorinox e Zurich.

Já as organizações de pequeno e médio porte estão usando a oportunidade como porta de entrada para o mercado brasileiro. “São os setores que se tornaram parceiros a fim de criar oportunidades de negócios, uma vez que ainda não estão presentes no Brasil”, explicam os organizadores da “House of Switzerland”.  E neste grupo estão organizações como a start-up Urban Farmers (ou, em português, Fazendas Urbanas), a Associação de Vinicultores da Côte Vaudoise, a Feuerring, fabricante de chapas em forma de anel para churrasco, entre outras.

Fazenda Urbana

A participação no Baixo Suíço é a primeira operação da start-up de Zurique, Urban Farmers, no Brasil. “Construiremos uma UFBox, que é um protótipo da fazenda, de 30 metros quadrados, que fica dentro da House of Switzerland”, explica Talita Campoi, embaixadora da marca Urban Farmers no Brasil. “O objetivo da parceria é apresentar ao público empresas suíças que estão vindo para o Brasil com soluções inovadoras e sustentáveis. Nossa expectativa é impactar positivamente o público, colocando-os em contato com um projeto de vanguarda.”

Talita Campoi explica ainda que a Urban Farmers, assim como todas as organizações que estão de olho no mercado brasileiro, sabe que o momento do país é delicado. “Porém, ao mesmo tempo, é interessante e atrativo por conta do valor da moeda e também pelo tamanho do mercado consumidor”, afirma. Segundo Campoi, nos próximos meses, a Urban Farmers deverá finalizar a incorporação da empresa no Brasil, decidir onde será construída a primeira fazenda e fechar as negociações com os investidores.

Vinhos suíços para os brasileiros

“Nós escolhemos os Jogos Olímpicos para propor nossa primeira degustação ao público brasileiro e para lançar nossos vinhos, produzidos com as uvas chasselas, no mercado brasileiro”, explica Luciana Mota, presidente da Associação de Vinicultores da Côte VaudoiseLink externo, que reúne 6 vinícolas. De acordo com Mota, o objetivo da Associação é fazer com que os brasileiros conheçam o know-how dos suíços na área de produção de vinho. “A Suíça produz vinhos há mais de 600 anos, mas o produto ainda é desconhecido no Brasil”, explica.

– Membros da Associação de Vinicultores da Côte Vaudoise: degustação dos vinhos suíços durante as Olimpíadas. EGO-Promotion, Armin M. Küstenbrück

A Associação está chegando no Brasil para ficar, confirma a presidente. O projeto, segundo ela, é de longo prazo. “Já temos uma base em São Paulo, onde trabalho diretamente com um importador. E após os Jogos Olímpicos, daremos continuidade nas degustações e nos eventos em São Paulo”, afirma.  Segundo Mota, o maior desafio são os altos impostos do Brasil para vinhos estrangeiros. “Mas isso não impede de ser um negócio lucrativo”, diz.

O chasselas é um vinho branco delicado,  e que faz parte da cultura suíça. Para acompanhá-lo, tanto no mercado quanto na mesa, a Associação fechou uma parceria com a cooperativa de produtores do queijo Etivaz DOC (Denominação de Origem Controlada), e também está trazendo o produto para a Casa da Suíça. “Iremos abrir o mercado para esses queijos artesanais que os brasileiros ainda conhecem pouco”, afirma Mota.

Churrasco inusitado

Fundada em 2009 pelo suíço Andreas Reichlin, a Feuerring propõe um sistema novo de se fazer churrasco, tendo como churrasqueira um equipamento totalmente inusitado, desenvolvido por ele. O formato do Feuerring lembra uma caldeira ou uma tigela maior, dependendo do tamanho escolhido. O produto, que este ano já ganhou prêmio na área de design, será utilizado pelo chef Chris Züger na House of Switzerland.

A ideia de desenvolver um produto deste tipo surgiu de uma necessidade pessoal do artista, que iniciou sua carreira como escultor de madeira, explorando diversos materiais. Impossibilitado de comer alimentos que fossem cozidos pelo sistema tradicional do churrasco, Reichlin acabou se empenhando na busca de novas soluções.

“Ao grelhar com o Feuerrring, os valiosos alimentos são ricamente processados”, conta o chef Chris Züger, que criou um livro de receitas usando o Feuerring.  Mas a proposta do empreendedor vai além do produto em si. A ideia é estimular uma atitude mais presencial, harmoniosa e simples frente ao momento do churrasco: “a ideia é reunir as pessoas em volta do fogo e fazer com que haja um momento de apreciação da companhia e do fogo”, explica Jörg Lachenmeyer, gerente de vendas da empresa.

A empresa conta com 6 funcionários e é tocada por Andreas Reichlin e sua esposa Beate Hoyer. O produto chega pela primeira ao Brasil e a expectativa não é apenas de apresentá-lo ao mercado, mas também fechar algumas vendas, tanto para o consumidor final, como para profissionais da área e restaurantes. Lembrando ainda que o Feuerring pode ser utilizado para o cozimento não apenas de carne, mas de verduras, peixes, entre outros. 

Marketing Esportivo

Apesar de todos os desafios e, muitas vezes, falta de eficiência no planejamento e implementação dos projetos, os organizadores dos Jogos Olímpicos bateram em março deste ano, ou seja, 6 meses antes do início dos jogos, a meta de 3 bilhões de reais em patrocínios locais, administradas pelas cidades-sede. Essa verba não inclui as transações feitas pelo Comitê Olímpico Internacional, que foca nos patrocinadores internacionais.  

Renato Ciuchini, diretor executivo comercial do Comitê Rio 2016, afirmou em artigo publicado pelo jornal Valor Econômico que apesar da crise no país, desde o início do ano sua equipe recebeu contato de empresas de 10 setores diferentes interessadas em atrelar seus produtos e marcas aos Jogos Olímpicos.

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