Rússia usa componentes suíços de alta tecnologia em ofensiva militar
De acordo com estatísticas do Departamento Federal Suíço de Alfândega e Segurança de Fronteiras, as armas russas podem ter sido produzidas em parte devido a tecnologias modernas da Suíça, originalmente destinadas ao uso civil.
Em uma reportagem do grupo de mídia Tamedia,Link externo a Secretaria de Estado para Assuntos Econômicos (SECO) elaborou recentemente uma lista de produtos microeletrônicos destinados principalmente a fins civis, mas aos quais o governo suíço atribuiu uma possível finalidade militar. Isso incluiria capacitores, processadores ou controladores. De acordo com a Tamedia, a análise dos dados de abril de 2023 mostrou que a Suíça exportou diretamente esses produtos para a Rússia por cerca de CHF 250.000 (US$ 276.000) desde o início do conflito. De acordo com a SECO, os militares de Putin usam esses tipos de componentes para construir mísseis de cruzeiro, foguetes e drones.
A SECO também identifica equipamentos de navegação por rádio, como módulos GNSS, que podem ser usados em mísseis e drones para determinação de posição. O relatório da Tamedia destaca a importância dessas suspeitas de violações de sanções nas exportações suíças ao examinar produtos individuais. As exportações diretas da Suíça para a Rússia cessaram no início da guerra, mas as exportações para a Geórgia, o Cazaquistão, a China e a Sérvia compensaram parcialmente o volume anterior desde a invasão da Rússia.
Embora as estatísticas alfandegárias suíças não abordem a questão, relatos da mídia indicam que as exportações suíças para alguns desses países acabaram nas mãos dos militares russos em vários casos.
De acordo com relatórios do governo dos EUA, a guerra na Ucrânia já custou a vida de pelo menos 42.000 civis ucranianos, muitos deles vítimas de ataques realizados por mísseis de cruzeiro, foguetes e drones.
Algumas empresas suíças envolvidas na produção de microeletrônicos declararam sua conformidade com as sanções contra a Rússia. Em uma declaração publicada no jornalTages-Anzeiger Link externo, uma dessas empresas, a Traco Power, afirmou: “regularmente emitimos lembretes para toda a nossa rede de distribuição, por escrito e verbalmente, para que as sanções sejam cumpridas. Estamos todos profundamente preocupados com as circunstâncias”. A empresa enfatizou ainda que continuará a exportar para distribuidores autorizados na Sérvia, na China e na Turquia, pois esses países não estão sujeitos a sanções e não exportam nenhum produto listado na lista vermelha da SECO.
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