Suíça continua sendo o maior centro de riqueza offshore do mundo
Os super-ricos continuam guardando mais riqueza na Suíça do que em qualquer outro país, apesar de Hong Kong e Singapura estarem diminuindo rapidamente a diferença em relação à nação alpina.
Em 2022, os bancos suíços administraram US$ 2,4 trilhões (CHF 2,1 trilhões) em ativos pertencentes a investidores estrangeiros, de acordo com o último Global Wealth Report, relatório publicado anualmente pelo Boston Consulting Group (BCG).
Hong Kong continua sendo o principal rival da Suíça no que diz respeito à administração de riqueza estrangeira, com um setor de US$ 2,2 trilhões. Singapura, por sua vez, está se aproximando rapidamente, com US$ 1,5 trilhão em ativos internacionais.
Há um ano, o BCG havia previsto que Hong Kong ultrapassaria a Suíça como o principal centro de riqueza offshore do mundo até o final de 2023. Agora, essa previsão foi adiada para 2025.
Como a China impôs um rigoroso lockdown contra a Covid-19 durante a maior parte do ano passado, os fluxos de riqueza que sairiam da China continental para Hong Kong não ocorreram como previsto.
“Uma das principais razões desse atraso é a desaceleração do crescimento dos ativos chineses, bem como a transferência de ativos para Singapura, que se posiciona como um ‘porto seguro’, estreitamente alinhada ao Ocidente”, explica Michael Kahlich, sócio do BCG Zurique e coautor do estudo, à SWI swissinfo.ch.
No mundo todo, os serviços bancários internacionais estão em plena expansão devido às incertezas políticas e econômicas geradas pela guerra na Ucrânia e pela inflação global desenfreada. Como resultado, US$ 12 trilhões em riquezas cruzaram suas fronteiras nacionais no ano passado, disse o BCG.
“As tensões geopolíticas e outras forças macroeconômicas fizeram com que muitos investidores transferissem seus ativos”, disse Kahlich.
Turbulências bancárias
Segundo o Global Wealth Report, em comparação com 2021, a Suíça registrou um aumento de 4,1% em riquezas internacionais provenientes de mercados emergentes e de 2,3% em riquezas provenientes de economias desenvolvidas.
Mas há outros locais que estão se mostrando mais atraentes para ativos offshore. Nos próximos cinco anos, o BCG prevê um aumento anual de 9% nos ativos offshore em Cingapura e de 7,6% em Hong Kong, em comparação com um aumento de apenas 3% na Suíça. Nesse cenário, os centros asiáticos desafiariam o domínio suíço.
No momento, o setor bancário suíço está se adaptando ao colapso do Credit Suisse ocorrido em março. Os clientes abastados desse banco resgataram CHF 110 bilhões no último trimestre de 2022 e mais CHF 60 bilhões no primeiro trimestre de 2023.
Um relatório do grupo de consultoria KPMG, publicado no início de junho, mostrou que o fluxo de patrimônio de novos clientes para 73 bancos privados suíços (excluindo o UBS e o Credit Suisse) diminuiu no ano passado, chegando apenas a um terço do volume registrado em 2021.
Mas Kahlich se recusa a descartar a Suíça, que, segundo ele, deve manter sua atratividade para a riqueza estrangeira. “Os gerentes de patrimônio suíços continuam sendo referência em termos de produtos oferecidos, da experiência em investimentos e da profundidade e variedade da oferta de serviços”, disse ele.
Aumento da riqueza global
Segundo o BCG, os investimentos financeiros foram afetados no ano passado pelas condições econômicas adversas. Mas outros ativos, como imóveis, aumentaram a riqueza total medida no relatório para US$ 459 trilhões.
O BCG prevê que a riqueza global aumentará para US$ 600 trilhões até 2027, com a participação da Suíça chegando a US$ 6,1 trilhões.
A riqueza da Suíça aumentou em 2,5%, subindo para US$ 5,4 trilhões, o que tornou o Estado alpino o 14º país mais rico do mundo no que diz respeito ao patrimônio líquido de seus cidadãos mais abastados.
Nesse grupo, há 740 pessoas super-ricas com um patrimônio de pelo menos US$ 100 milhões. Juntas, elas possuem um quinto da riqueza financeira do país. A Suíça possui 580.000 milionários, um grupo maior do que os 520.000 milionários que residem na Alemanha.
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