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Café arábica registra preço recorde devido à seca no Brasil

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O preço do café arábica atingiu, nesta quarta-feira (27), o maior nível em quase 50 anos devido à preocupação com as colheitas no Brasil, afetado este ano por importantes secas.

Um preço tão alto, como não se vê há décadas, e uma alta que também afeta a robusta, uma variedade barata e menos aromática do que a arábica terá impacto sobre os consumidores, que continuarão, no final da cadeia, vendo p preço de seu café aumentar. 

“Está claro que isso terá um impacto significativo” e isso será no início do próximo ano, quando as empresas negociarem seus contratos de café, segundo John Plassard, analista da Mirabaud. 

A Nestlé, que possui Nespresso, Nescafé e as cápsulas de café Starbucks vendidas em supermercados, já havia anunciado em novembro um aumento nos preços e uma redução no tamanho dos saquinhos devido à erosão das margens, relata a agência Bloomberg. 

O grupo J.M. Smucker, que possui as marcas Folgers, Dunkin e Cafe Bustelo, entre as mais vendidas nos Estados Unidos, já fez um primeiro aumento de preço em junho em algumas marcas, e depois um segundo em outubro em todo o seu portfólio.

– Aquecimento climático –

O aumento dos preços está sobretudo ligado à oferta na América Latina, mas também em alguns países africanos, acrescenta John Plassard. “As previsões de produção não são muito boas para os próximos seis meses”, sublinha. 

No Brasil, incêndios de uma magnitude incomum, na maioria dos casos de origem criminosa, segundo as autoridades, assolaram durante várias semanas este verão, da Amazônia, no norte, até o sul do país, favorecidos por uma seca histórica, que os especialistas atribuem em parte ao aquecimento global.

Resultado: a colheita de café, do qual o país é o maior produtor e exportador mundial, foi abalada. E o quilo de arábica, o mais caro e mais vendido, atingiu nesta quarta-feira em Nova York um recorde desde 1977. 

Certamente as árvores de café no Brasil se beneficiaram de “chuvas significativas” em outubro, após os incêndios, contribuindo para “uma floração excepcional na maioria das regiões produtoras de café arábica”, observa Guilherme Morya, analista do Rabobank.

Mas a “situação tensa dos estoques no Brasil para 2024-25 e a possibilidade de uma colheita brasileira decepcionante em 2025-26”, se a floração não evoluir como planejado, geram tais temores que os preços continuarão aumentando, acrescenta.

O preço também foi afetado por fatores geopolíticos, como as interrupções no transporte no Mar Vermelho, as possíveis tarifas americanas após a eleição de Donald Trump e a futura regulamentação da União Europeia sobre o desmatamento.

“Neste contexto de incerteza, os agricultores estão optando por vender apenas o necessário, o que limita a oferta de café”, indica Guilherme Morya, do Rabobank. 

Por sua vez, o café robusta com cotação em Londres é negociado por quase 5.200 dólares a tonelada.

Em meados de setembro, o produto atingiu o preço de 5.829 dólares, nível inédito desde 2008.

lul-pml/zap/pc/avl/fp/aa/dd 

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