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Campanha presidencial termina na Venezuela com oposição otimista e Maduro combativo

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“Eu vou com meu galo Nico!”, “Edmundo presidente!”: milhares de apoiadores do presidente venezuelano, Nicolás Maduro, e da oposição tomaram Caracas nesta quinta-feira (25) para o encerramento da campanha para as eleições presidenciais do próximo domingo, cujo desenrolar é acompanhado com preocupação pela região.

No poder desde 2013, Maduro busca um terceiro mandato de seis anos e tem como principal adversário Edmundo González Urrutia, que aparece como favorito nas pesquisas, com o apoio da líder opositora inabilitada María Corina Machado.

“Mais uma vez nas ruas, de ponta a ponta!”, celebrou o presidente diante de uma multidão na emblemática Avenida Bolívar. “Povo nas ruas dizendo: vitória, vitória popular!”.

“Formamos uma nova maioria política, social e cultural que vai se expressar com uma maioria eleitoral contundente. Não unimos apenas o chavismo, estamos unidos, todos e todas, sem uma única fissura, um único bloco de força”, acrescentou Maduro.

O presidente liderou mais cedo um ato em Maracaibo, capital do estado petroleiro de Zulia (oeste), onde prometeu vitória empunhando um sabre do herói venezuelano Simón Bolívar.

González e María Corina encerraram sua campanha no bairro comercial de Las Mercedes, cuja avenida principal também ficou lotada. “Sim, podemos, sim, podemos!”, “Caracas, presente, Edmundo presidente!”, gritava a multidão ao passar do caminhão-palco de onde ambos saudavam.

“Viva a Venezuela livre!”, respondia María Corina para a multidão. “Estamos prontos para votar e vencer!”

“Este é o momento da mudança na Venezuela”, afirmou Alan Berríos, 24, mototaxista e entregador de comida, que participou da manifestação opositora.

– ‘Galo sempre’ –

Maduro se apresenta na campanha como um “galo pinto”, uma ave de luta, que enfrenta um “galo pataruco” ou fraco, como chama González.

“O galo o representa bem”, disse à AFP Sujei Rodríguez, uma dona de casa de 38 anos. “Ele lutou desde que assumiu, tem sido um galo sempre, por mais difícil que seja”, acrescentou Sujei, que pintou seu próprio galo em um cartaz, com as cores da bandeira venezuelana: amarelo, azul e vermelho.

Na marcha opositora, Ramón Ramírez, 60 anos, pedia um cachorro-quente em um quiosque informal. “Vou comer só um para deixar espaço para o galo que vamos comer no domingo”, brincou. “Não há como nos roubarem as eleições”.

Maduro acusa a oposição de planejar não reconhecer os resultados para desencadear atos de violência. Também sugeriu que a Força Armada, que ele garante que lhe é leal, poderia se levantar contra um eventual governo opositor.

“Eu escolho Nicolás”, dizia a camisa de Raibert Pacheco, de 28 anos. “Esse é um sentimento que corre em nossas veias”, disse o líder comunitário do chavismo.

No entanto, denúncias de coerção contra funcionários públicos para que eles participem das manifestações são comuns. Alguns apoiadores do governo disseram à AFP que foram obrigados a participar.

– ‘Vantagem histórica’ –

A eleição será realizada em meio a questionamentos dos presidentes do Brasil e Chile, Luiz Inácio Lula da Silva e Gabriel Boric, respectivamente, em relação a comentários recentes de Maduro sobre a possibilidade de um “banho de sangue” caso ele seja derrotado.

Os Estados Unidos alertaram que a “repressão política” e “violência” são inaceitáveis, segundo John Kirby, porta-voz da Segurança Nacional, que disse esperar que as eleições “reflitam a vontade e as aspirações do povo”.

Washington, a União Europeia e alguns países da América Latina não reconhecem a reeleição de Maduro em 2018, após denúncias de fraude da oposição.

“A vantagem que temos é histórica”, disse González mais cedo. “Vamos vencer e cobrar [a vitória], e confiamos que nossa Força Armada fará respeitar a vontade do nosso povo” nas urnas.

O ministro da Defesa, general Vladimir Padrino, negou ontem que os militares vão ser “um juiz” eleitoral.

“Embora as eleições na Venezuela dificilmente vão ser livres ou justas, os venezuelanos têm a maior oportunidade em mais de uma década de eleger seu próprio governo. A comunidade internacional deveria apoiá-los”, destacou Juanita Goebertus, diretora da Divisão das Américas da Human Rights Watch.

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