Perspectivas suíças em 10 idiomas

Chega ao fim julgamento de Rubiales por beijo forçado em Jenni Hermoso

afp_tickers

O julgamento do ex-presidente da Real Federação Espanhola de Futebol (RFEF), Luis Rubiales, pelo beijo forçado na jogadora Jenni Hermoso após a final da Copa do Mundo de 2023 terminou nesta sexta-feira (14), com um veredicto esperado nas próximas semanas.

“Com isso, acreditem ou não, terminamos”, declarou o juiz José Manuel Fernández-Prieto, após o ex-dirigente não se manifestar na última audiência deste julgamento, que vem sendo realizado perto de Madri desde 3 de fevereiro.

Rubiales também não fez declarações à imprensa ao sair do tribunal. 

O julgamento visa determinar se o ex-presidente da RFEF de 47 anos é culpado de agressão sexual, pelo beijo, e de coerção, por pressionar a jogadora a tirar o foco do caso em vista do escândalo global que se seguiu.

Nas conclusões do processo, a advogada de Rubiales pediu sua absolvição porque, segundo ela, há provas que “confirmam que Jennifer Hermoso deu seu consentimento” ao beijo, enquanto a promotora manteve seu pedido de pena de dois anos e meio de prisão, alegando que não há “nenhum tipo de dúvida” de que foi “um beijo não consensual”.

Reagindo ao fim do julgamento, a ministra espanhola da Igualdade, Eva Redondo, disse à imprensa que a Espanha conta com “uma boa lei” contra as agressões sexuais, que “interpela diretamente o machismo e põe o consentimento no centro”, e expressou sua confiança de que a sentença seja “de acordo com a legislação espanhola”. 

– Pressões “incontáveis” –

Em seu depoimento, a número 10 da seleção feminina insistiu que não consentiu um beijo que estava “totalmente fora de contexto”. 

A atual atacante do Tigres (México) também relatou as “incontáveis” vezes que lhe pediram que se pronunciasse para justificar os atos. 

Uma versão contestada por Rubiales, que, em seu depoimento na terça-feira, disse estar “totalmente seguro” que Hermoso consentiu ao respondê-lo “vale” quando ele lhe perguntou se poderia lhe “dar um beijinho”. 

Além de Rubiales, o ex-técnico da seleção espanhola feminina, Jorge Vilda, e dois ex-funcionários da RFEF, Rubén Rivera e Albert Luque, foram processados pela coação de Hermoso. 

A Promotoria pede um ano e meio de prisão para cada um.

A promotora Marta Durántez Gil estimou que “existe coerência total entre os fatos narrados” por Hermoso e “seu comportamento imediato e posterior”, e criticou uma das linhas de defesa de Rubiales: que a jogadora participou com alegria das comemorações do Mundial, apesar do acontecido. 

O julgamento também contou com o depoimento de companheiras de Hermoso na seleção, como a duas vezes vencedora da Bola de Ouro Alexia Putellas, que confirmaram as pressões contra a jogadora.

– “Até quando…?” –

O julgamento foi indiretamente focado na noção de consentimento, e Durántez usou suas conclusões finais para fazer um apelo veemente contra a “revitimização” das pessoas afetadas por agressões sexuais.

No ano de 2025, “sinto uma certa rejeição (…) por ter que continuar perguntando às vítimas de agressão sexual por que riram, por que comemoraram”, enfatizou Durántez em referência às imagens de Hermoso bebendo champanhe ou comemorando com suas parceiras.

“Até quando vamos exigir um comportamento heroico da vítima de uma agressão sexual?”, questionou.

Na quarta-feira, tanto Vilda quanto os dois ex-funcionários da RFEF negaram ter coagido a jogadora.

du-al/CHZ/pb/yr/dd/ic

Mais lidos

Os mais discutidos

SWI swissinfo.ch - sucursal da sociedade suíça de radiodifusão SRG SSR

SWI swissinfo.ch - sucursal da sociedade suíça de radiodifusão SRG SSR