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Choque de navios deixa um desaparecido e ameaça poluir o Mar do Norte

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Um tripulante desapareceu nesta segunda-feira (10) após a colisão de um petroleiro e um cargueiro na costa inglesa do Mar do Norte, que provocou um grande incêndio e um vazamento de querosene, ameaçando contaminar o litoral.

As imagens divulgadas pelos canais de televisão britânicos mostraram impressionantes colunas de fumaça e chamas após a colisão, cujas causas ainda são desconhecidas.

Quase 40 pessoas foram resgatadas dos navios pelas equipes de emergência, que, na noite desta segunda-feira, encerraram as buscas pelo tripulante desaparecido, informou a Guarda Costeira britânica.

“Após uma intensa busca, infelizmente ele não foi encontrado e a busca foi encerrada”, declarou Matthew Atkinson, comandante da Guarda Costeira do Reino Unido.

No total, “36 membros da tripulação foram levados para terra sãos e salvos”, acrescentou.

O petroleiro envolvido no acidente é o Stena Immaculate, que estava ancorado próximo à cidade de Hull, no nordeste da Inglaterra, quando colidiu com o cargueiro Solong, informou o serviço de resgate.

O operador americano do petroleiro, a empresa Crowley, afirmou que sua embarcação “foi atingida pelo porta-contêineres Solong”, pertencente à empresa alemã Reederei Köpping e com bandeira portuguesa.

A companhia alemã informou o desaparecimento de um dos 14 tripulantes do cargueiro. Segundo o site especializado Lloyd’s List Intelligence, o navio transportava uma quantidade não especificada de álcool e 15 contêineres de cianeto de sódio, um gás inflamável e altamente tóxico.

Por sua vez, a operadora americana Crowley indicou que todos os tripulantes do petroleiro estavam seguros, mas alertou que um dos tanques de querosene do Stena Immaculate foi rompido.

– Situação “extremamente preocupante” –

Um porta-voz de Downing Street classificou a situação ambiental como “extremamente preocupante”, e a Guarda Costeira iniciou uma avaliação para determinar “as medidas contra a poluição que podem ser necessárias”.

Tom Webb, professor de ecologia marinha na Universidade de Sheffield, explicou que a área onde ocorreu a colisão é conhecida por sua rica vida selvagem.

“A contaminação química resultante de incidentes como esse pode ter um impacto direto sobre as aves e também pode causar efeitos de longo prazo na cadeia alimentar marinha”, afirmou.

A ONG Greenpeace também alertou sobre os “múltiplos perigos tóxicos” do acidente para a vida marinha.

“O querosene que vazou na água, perto de uma zona de reprodução de toninhas, é tóxico para os peixes e outras criaturas marinhas”, disse Paul Johnston, cientista-chefe dos Laboratórios de Pesquisa do Greenpeace na Universidade de Exeter.

No entanto, Ivan Vince, diretor da ASK Consultants, empresa especializada em segurança e riscos ambientais, afirmou que o querosene não persiste por muito tempo nos ecossistemas.

“A maior parte vai evaporar rapidamente, e o que não evaporar será degradado pelos microrganismos com bastante rapidez”, explicou.

– Fretado pelo Exército dos EUA –

A Divisão de Investigação de Acidentes Marítimos (MAIB) enviou uma equipe ao local para iniciar as investigações.

“Todos os movimentos de navios estão suspensos no Humber”, o estuário marítimo da costa nordeste da Inglaterra onde ocorreu o acidente, informou a empresa responsável pelos portos britânicos.

Em um pub na cidade costeira de Grimsby, o ex-marinheiro Paul Lancaster disse não entender “como dois navios tão grandes puderam colidir”. “Deve ter havido um grande problema de engenharia”, afirmou à AFP.

O acesso à zona portuária estava rigidamente controlado, e na região era possível ouvir frequentemente o som de helicópteros, constatou uma equipe da AFP.

O Stena Immaculate pertencia à empresa sueca Stena Bulk. Com 183 metros de comprimento, foi colocado em operação em 2017 e, segundo a Lloyd’s List, transportava 220 mil barris de querosene.

O navio havia partido em 27 de fevereiro do porto grego de Agioi Teodori com destino a Killinghome, no norte da Inglaterra, de acordo com a empresa Vessel Finder.

Um porta-voz militar dos Estados Unidos informou que o petroleiro estava temporariamente fretado pelo Military Sealift Command, um serviço das Forças Armadas americanas que opera navios com tripulação civil para o Departamento de Defesa.

Por outro lado, o porta-contêineres partiu na madrugada desta segunda-feira do porto escocês de Grangemouth com destino à cidade holandesa de Roterdã.

O alerta foi emitido pouco antes das 10h00 GMT (07h00 de Brasília), informaram os guardas costeiros britânicos. A operação de resgate mobilizou barcos salva-vidas, um avião, um helicóptero e várias embarcações que estavam na área, acrescentaram.

bur-psr/es/lb/am

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