A 5a Suíça volta às origens
Representantes dos suíços do estrangeiro encontram-se na estação de inverno de Crans-Montana para debater seus problemas e assuntos internos como o mercado financeiro.
O presidente, Pascal Couchepin, estará presente no Congresso anual que começa hoje e vai até domingo, 31 de agosto.
A expressão “5a Suíça” é muito utilizada no país das quatro culturas – alemã, italiana, francesa e reto-romana. Ela sintetiza uma realidade na história suíça: muitos dos seus cidadãos emigraram à procura de uma vida melhor.
Essas comunidades ainda mantêm um vínculo forte com a Suíça. Uma vez por ano, seus cidadãos estrangeiros se encontram num congresso para debater a sua realidade ou reencontrar amigos.
Este ano, o evento chega na sua 81a edição e realiza-se em Crans-Montana, uma conhecida e chique estação de inverno na Suíça francesa, no cantão do Valais.
Tradicionalmente, sempre um membro do governo fedeal participa do evento. Desta vez o visitante é um pouco mais importante: trata-se de Pascal Couchepin, atual presidente da Suíça e também originário do cantão do Valais.
Mais de 500 suíços do exterior estão inscritos, sendo que 350 são verdadeiros nativos.
Bancos e a imagem suíça no exterior
Eles vêm pagando as passagens do próprio bolso não só para bater-papo, mas também para participar das palestras previstas. Nelas, especialistas explicam alguns temas complexos.
No exterior as notícias sobre a Suíça são raras, a não ser quando o país está envolvido em escândalos. Por isso, a escolha do tema não poderia combinar melhor com a atualidade: o mercado financeiro e a imagem da Suíça no exterior.
Dentre os palestrantes destacam-se o banqueiro Hugo Bohny, presidente do conselho administrativo da Zurmont Finanz AG. Para dar um quadro mais próximo dessa realidade, representantes da “Declaração de Berna”, uma ONG próxima do Partido Socialista, também foram convidados para falar.
Durante o congresso, os suíços do exterior poderão se informar sobre os partidos políticos do país, que estarão bem presentes, às vésperas das eleições legislativas de 19 de outubro. Afinal, os suíços do estrangeiro não só votam como podem também se eleger.
Para Georg Stucky, presidente da ASO – Associação dos Suíços do Estrangeiro – esses votos se transformaram em “fator político”. “Graças a esse poder, projetos de lei como aquele que restringia o direito de asilo político foi recusado nas urnas”.
Votos de esquerda
Outra parte importante do congresso é a reunião do Conselho, o órgão interno da ASO destinado a representar os interesses de todos os suíços do exterior frente ao governo e à opinião pública suíça.
Seus membros irão assistir a palestra do cientista político Claude Longchamp, que apresentará os resultados de uma pesquisa on-line realizada pela swissinfo e a ASO. Nela descobre-se que o suíço do estrangeiro tende a votar em propostas de esquerda.
Outro tema será a situação de pobreza dos descendentes de suíços na Argentina, asilo político na Suíça e a revisão da lei sobre o rádio e televisão.
Esse último tópico é sensível: os suíços do exterior precisam saber como se informar sobre seu país, depois que a Radio Suíça Internacional encerrar as emissões em ondas curtas, no final de 2004, para atuar somente na internet através do portal swissinfo.
swissinfo, Urs Maurer
adaptação de Alexander Thoele
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