A pandemia da Covid-19 aprofundou desigualdades educacionais
A pandemia de coronavírus expôs as desigualdades existentes no acesso à educação e formação profissionalizante, afirma a Organização para o Desenvolvimento Econômico e Cooperação (OCDE). No cenário global, a Suíça não é uma exceção.
Os riscos da pandemia “exacerbaram as lacunas de aprendizagem existentes”, declarou a OCDE em seu relatório Education at a Glance 2021Link externo que compara os sistemas de educação em 46 países.
Na Suíça, existe a preocupação de que alguns alunos desfavorecidos tenham saído da rede de ensino durante o fechamento das escolas na primavera de 2020 – por não terem um lugar sossegado para estudar, acesso a computadores ou por não terem acesso às aulas online.
A Suíça está entre os países no relatório que afirmam que medidas adicionais foram tomadas para apoiar a educação desses alunos durante a pandemia, incluindo o subsídio de dispositivos e equipamentos.
No entanto, não foi um dos países que alocou fundos adicionais para garantir que os recursos fossem direcionados para aqueles que mais deles necessitavam, observa o relatórioLink externo.
O fato de que o status socioeconômico influencia fortemente os resultados educacionais na Suíça tem sido apontado há muito tempo pela OCDE. Por exemplo, alunos de origens socioeconômicas mais baixas têm maior probabilidade de optar pela rota profissionalizante em vez da acadêmica. Os adultos nascidos no exterior também têm maior probabilidade de enfrentar problemas no mercado de trabalho, diz o relatório.
O relatório Education at a GlanceLink externo analisa os sistemas educacionais dos 38 países membros da OCDE, bem como Argentina, Brasil, China, Índia, Indonésia, Federação Russa, Arábia Saudita e África do Sul.
A edição deste ano inclui um foco na igualdade de oportunidades de acesso, participação e progressão na educação, bem como o impacto da pandemia da Covid-19. O relatório ‘Quarto Estado da Educação Global da OCDE; 18 meses após o início da Pandemia’, também foi lançado ao mesmo tempo.
Escolas abertas
A diferença entre a Suíça e muitos países da OCDE foi na abordagem do fechamento de escolas. O objetivo foi manter as escolas abertas tanto quanto possível.
“As escolas na Suíça foram fechadas por menos tempo do que na maioria dos outros países da OCDE em 2020, embora as taxas de infecção de Covid por milhão de habitantes estivessem acima da média dos países da OCDE”, disse Marie-Helene Doumet, da OCDE, ao SWI swissinfo.ch por e-mail.
“As escolas pré-primárias, primárias e de segundo grau estiveram totalmente fechadas por 34 dias em 2020 em comparação com 44, 59 e 65 dias, respectivamente, em média nos países da OCDE. Apenas as escolas de ensino médio fecharam por mais tempo (56 dias), embora ainda abaixo da média da OCDE de 70 dias. ”
“Em 2021, as escolas permaneceram totalmente abertas na Suíça em todos os níveis de ensino, enquanto permaneceram totalmente fechadas por 11-31 dias em média em todos os níveis de ensino [nos outros países da OCDE]”, acrescentou Doumet.
Na Suíça, as escolas foram fechadas em todo o país no dia 16 de março de 2020 – um passo sem precedentes do governo, já que os cantões geralmente são responsáveis pelas questões educacionais. As unidades de ensino reabriram progressivamente a partir de 11 de maio de 2020, com os alunos mais novos voltando primeiro.
No entanto, desde o início do novo período letivo em agosto deste ano – em regimes diferentes dependendo do cantão – houve um aumento nos casos de coronavírus entre os alunos. Algumas escolas estão recomendando ou exigindo testes em massa, outras máscaras. Alguns cantões abandonaram os testes em massa. Isso levou a alguns questionamentos sobre a abordagem suíça/cantonal e a pedidos de mais ações para proteger as crianças nas escolas.
Adultos pouco qualificados
A pandemia também teve impacto sobre o emprego, à medida que as economias e o mercado de trabalho foram afetados por bloqueios, restrições econômicas e mudanças na demanda. Mas, novamente, a situação na Suíça foi ligeiramente diferente da de outros países da OCDE, com o emprego de adultos menos qualificados sendo mais afetados do que o dos altamente qualificados, disse Doumet.
A taxa de desemprego entre 25-34 anos com conclusão do ensino médio inferior (que geralmente deixam a escola aos 15/16) aumentou 3,6 pontos percentuais desde 2019, atingindo 13,4% em 2020, enquanto a taxa de desemprego para adultos com ensino superior (aqueles por exemplo, com uma educação universitária) permaneceram estáveis, disse ela.
“Em contraste, o desemprego aumentou em uma quantidade semelhante, em menos de 2 pontos percentuais, para adultos com ensino médio e superior – um índice abaixo da média nos países da OCDE”, acrescentou Doumet.
Adaptação: Clarissa Levy
Adaptação: Clarissa Levy
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