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Aquecimento global ameaça turismo de inverno na Suíça

Em Nendaz, estação de esqui, os turistas esperavam a neve no final de novembro. Keystone

Mais da metade das regiões de turismo de inverno na Suíça serão extremamente prejudicadas pelo aquecimento global. Essa é a conclusão de duas pesquisas científicas, uma suíça e a outra européia.

Particularmente ameaçadas: as estações de esqui de altura média nos Alpes do cantão de Vaud, Friburgo, Berna e na Suíça central.

Os cálculos publicados na quarta-feira (14 de dezembro) pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) são inquietantes, e não apenas para a Suíça: na Alemanha quase todas as regiões especializadas em férias de esqui serão atingidas gravemente pelo aquecimento global. Na Áustria, o futuro de 70% das estações de esqui está comprometido pela falta de neve.

Sem que ela caia, a base econômica de muitas regiões turísticas de inverno pode ruir. Na Suíça, onde o esqui e outros esportes da neve são praticados entre uma altura de mil e três mil metros acima do nível do mar, algumas localidades serão mais atingidas do que outras.

Na maior parte das estações dos Alpes do cantão de Vaud, Friburgo, Berna e da Suíça central, uma elevação média da temperatura em quatro graus irá impedir a formação de neve.

No cantão do Valais e dos Grisões, marcados por uma topografia de montanhas muito mais elevadas – e um grande número daquelas com mais de quatro mil metros – as conseqüências do aquecimento global serão menores.

Unanimidade

Os especialistas da OCDE não são os únicos a tocar o alarme do clima. Também o Instituto de Pesquisa sobre o Turismo da Universidade de Berna (FIF, na sigla em francês) realizou o seu próprio estudo sobre o tema ao se inspirar nos trabalhos do cientista Bruno Abegg, do Instituto de Geografia da Universidade de Zurique.

“Consideramos que a formação de neve é garantida a partir do momento em que ela se acumula numa camada de 30 centímetros e durante 90 dia”, afirma Hansruedi Muller, diretor do FIF.

De acordo com o pior cenário detectado pelo instituto, que seria uma elevação de temperatura em 2,6 graus até 2030, o limite inferior para as regiões de turismo de inverno onde a formação de camadas de neve é garantida aumenta de 250 a 300 metros de altitude. Essa realidade coloca em risco a maior parte das estações de esqui localizadas em alturas medianas.

Mais neve nas alturas

“O aquecimento climático provocará uma diminuição das precipitações no verão e um aumento no inverno”, explica Hansruedi Müller. “Isso significa que haverá mais neve em altitudes elevadas”.

Algumas estações poderão até ganhar com as mudanças. Porém para outras o choque pode ser brutal. Segundo o FIF, a Suíça central é a parte do país que será mais atingida pelo problema, sobretudo pela sua grande proporção de regiões esquiáveis de altitude média. Segundo os cenários mais pessimistas, apenas 40% das estações nessa região poderão sobreviver.

No cantão do Valais e dos Grisões, pelo contrário, mais de 90% das estações de esqui continuarão a funcionar. Em média, a Suíça conservará dois terços das suas estações de esqui.

Adaptações necessárias

O FIF estuda atualmente os efeitos econômicos previsíveis das mudanças climáticas. Seus resultados serão publicados em janeiro de 2007.

Como afirma Hansruedi Müller, as pequenas estações de altitude média já sentem atualmente as conseqüências do fenômeno e começaram a se adaptar ao diversificar suas ofertas turísticas. Como lembra a OCDE, o recurso aos canhões de neve não é uma solução ideal. Acima de uma determinada temperatura, eles não funcionam corretamente. Outro fator também é o custo proibitivo da energia para fazer funcionar essas máquinas.

O diretor do FIF continua, porém, otimista. Para ele, “tratam-se de mudanças à longo prazo e o setor do turismo terá tempo para se adaptar à nova realidade”.

swissinfo com agências

Os Alpes vivem atualmente sob um clima temperado nunca visto nos últimos 1.300 anos. Essas temperaturas amenas podem ser apenas um fenômeno temporário, porém a maior parte dos especialistas vêm nele as conseqüências do aquecimento global do planeta, sobretudo graças ao efeito-estufa provocado pela atividade humana de emissão de gazes na atmosfera através do transporte, aquecimento e indústria.

O aquecimento já provoca o derretimento das geleiras, um fenômeno observado a cada ano na Suíça.

Segundo a pesquisa da OCDE, os bancos suíços recusam-se atualmente de oferecer crédito para a construção ou manutenção de instalações de esqui a uma altitude inferior a 1.500 metros. A maior parte dessas pistas já estão definitivamente fora de operação na Suíça.

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