Astrônomos encontram novo planeta “habitável”
A procura por uma segunda "casa" foi aparentemente bem-sucedida: uma equipe de astrônomos europeus (que inclui genebrinos) afirma ter encontrado um planeta nas profundezas do universo, onde as condições seriam semelhantes as do planeta Terra.
Sua superfície pode estar repleta de água em temperaturas moderadas. O único problema é a distância: 20,5 anos-luz ou 80 trilhões de quilômetros.
A primeira descoberta de um planeta fora do nosso sistema solar ocorreu há quinze anos atrás. Agora astrônomos conseguiram aparentemente alcançar um objetivo há muito tempo sonhado na caça de planetas extrasolares: encontrar um mundo semelhante ao planeta Terra, onde possa existir vida.
O grupo de pesquisadores coordenados por Stéphane Udry e Michel Mayor, do Observatório de Genebra, encontrou o planeta na órbita da estrela Gliese 581. Há dois anos, a mesma equipe já havia descoberto um planeta do tamanho de Netuno na órbita em torno da estrela-anã vermelha. Segundo eles, existem indícios que mostram que Gliese 581 – que, distante 20,5 anos-luz, é uma das 100 estrelas mais próximas da Terra – seja um sistema com pelo menos três planetas.
A surpresa da notícia está no fato dos astrônomos terem descoberto um planeta semelhante à Terra. Isso, pois pedaços de rochas, cujo peso e tamanho se aproximem dos da Terra – são extremamente diminutos e, dessa forma, difíceis de serem encontrados em comparação com os 200 exoplanetas já conhecidos. “Eu calculava mais três ou cinco anos para chegar a esse resultado”, esclarece Sean Raymond, da Universidade do Colorado. Ele fala de “uma descoberta sensacional”.
Temperaturas entre zero e quarenta graus
O planeta recém-descoberto é 50 vezes maior do que a terra e cinco vezes mais pesado. “Segundo nossos cálculos, a temperatura média na sua superfície varia entre zero e quarenta graus”, explica Udry. “Além disso, os modelos prevêem que o planeta possa ser rochoso ou coberto de oceanos”.
Essas informações colocam os cientistas em polvorosa: a existência de água em estado líquido sob temperaturas moderadas é considerada como a condição mais importante para o surgimento da vida. “Obviamente outros elementos são necessários como oxigênio ou gás carbônico, mas que devem devem estar provavelmente disponíveis no planeta”, diz Thierry Forveille. “A partir disso, é preciso ter um mecanismo que desencadeie o início da vida, da qual ninguém sabe como ela deve parecer”.
Xavier Delfosse, outro pesquisador participante no projeto, já sonha com uma missão espacial em direção ao novo planeta. Afinal, ele oferece boas condições para a vida e está relativamente próximo à Terra.
Observações diretas irão comprovar a descoberta
Para obter os resultados apresentados, Udry e seus colegas utilizaram o potente telescópio de “caça de planetas”, também conhecido pela denominação “Harps”, do Observatório Europeu Meridional (Eso), instalado em La Silla, no Chile.
A descoberta do novo planeta foi somente possível graças a sua oscilação em torno da sua estrela, um efeito comparável com o movimento realizado por um lançador olímpico de martelos.
Brevemente a equipe de pesquisadores irá apresentar os resultados dos seus estudos na revista científica “Astronomy & Astrophysics”. Enquanto isso, o Eso já publicou o trabalho no seu site na Internet.
Apesar do impacto da descoberta, os cientistas ressaltam que não sabem se o planeta oferece realmente condições de vida para a raça humana. Apenas o espectro de luz de um planeta pode revelar a composição química da sua atmosfera e, dessa forma, provar que já tem vida ou pelos menos condições ideais. Para isso é necessário observar diretamente o planeta, o que com a tecnologia atual ainda não é possível. Apenas a próxima geração de novos instrumentos – como o telescópio americano James-Webb ou o mais recente satélite europeu “Corot” serão capazes de fazê-lo.
swissinfo com agências
O novo planeta necessita 13 dias para orbitar o sol.
Sua dimensão é cinco vezes maior do que a do planeta Terra.
O raio do planeta é 1,5 vezes maior do que o da Terra.
A luminosidade da estrela é 50 vezes menor do que o sol.
A chamada “Super-Terra” é o menor dos 200 exoplanetas já descobertos até hoje.
De acordo com Michel Mayoer, pesquisador no Observatório de Genebra, nenhuma das descobertas anteriores ofereciam as necessárias condições de vida.
A equipe de pesquisadores inclui cientistas do Laboratório de Astrofísica em Grenoble, do Instituto de Astrofísica de Paris e do Centro de Astronomia e Astrofísica de Lisboa.
Um exoplaneta (ou planeta extra-solar) é um planeta que orbita uma estrela que não seja o Sol e, desta forma, pertence a um sistema planetário distinto no nosso.
Embora a existência de exoplanetas tenha sido de há muito aventada, nenhum exoplaneta ao redor de estrelas da seqüência principal foi descoberto até a década de 1990. Todavia, desde então, algumas dúzias de exoplanetas vêm sendo descobertos a cada ano. A descoberta de exoplanetas levanta a possibilidade de que alguns deles possam abrigar vida extraterrestre. Atualmente, já foram catalogados mais de cem planetas extra-solares, mas a maioria indicou sempre condições inóspitas à existência de vida tal como é concebida em nosso planeta. Os planetas detectados até agora são, em sua maioria, do tamanho ou maior do que Júpiter, e giram na maioria das vezes em órbitas muito próximas da estrela mãe. Entretanto, os cientistas acreditam que isso se deve a limitações nas técnicas de detecção de planetas, e não porque essas condições sejam mais comuns. Texto: Wikipédia em português
Certificação JTI para a SWI swissinfo.ch
Mostrar mais: Certificação JTI para a SWI swissinfo.ch
Veja aqui uma visão geral dos debates em curso com os nossos jornalistas. Junte-se a nós!
Se quiser iniciar uma conversa sobre um tema abordado neste artigo ou se quiser comunicar erros factuais, envie-nos um e-mail para portuguese@swissinfo.ch.