Balanço dúbio da Cúpula de Túnis
A segunda fase da Cúpula Mundial da Sociedade da Informação deu poucos resultados concretos, segundo as Ongs suíças.
Coorganizador do encontro onusiano, o governo suíço insiste no processo iniciado em 2003 e em alguns progressos efetivos.
Ao apresentarem a 2a fase da Cúpula Mundial da Sociedade da Informação (SMSI) como a de soluções, a Tunísia, país hóspede, e a União Internacional de Telecomunicações (UIT) foram muito ambiciosas.
A ONU não é uma organização supranacional e só pode, portanto, produzir compromissos negociados pelo conjunto de Estados que a compõe. E, como declarou o ministro suíço Moritz Leuenberger em seu discurso de conclusão, “um verdadeiro compromisso é reconhecido por dois indícios: ou todo mundo sai com o sentimento de ter perdido ou todos saem satisfeitos.
Os decepcionados, como as Ongs suíças engajadas no SMSI, enfatizam a falta de resultados concretos, em particular no financiamento das medidas de luta contra a brecha digital.
Os fracassos
«Nesse ítem, a Cúpula é um fracasso”, afirma Rolf Ludwig, de Comunica-ch, portal das ongs suíças engajadas no SMSI. “Além do Fundo de Solidariedade Numérica, as delegações governamentais não encontraram novos recursos para os país pobres. E o Fundo Numérico é alimentado somente por voluntários.”
Em artigos no jornal “Le Temps”, de Genebra, dois outros membros de Comunica-ch são ainda mais críticos. “Em Túnis, as Nações Unidas – bastião original da defesa dos direitos humanos – perderam boa parte da credibilidade”, afirmam Chantal Peyer e Yves Steiner. E sugerem: “As Nações Unidas devem investigar o que que ocorreu em solo tunisiano, antes e depois da Cúpula.”
Os sucessos
Dito isto, os entraves à liberdade de expressão (na Internet e nas ruas) que muitos países continuam colocando dentro de seus territórios não foram incluídos nas declarações finais adoptadas em Túnis, ao final da Cúpula.
Muito ativa nesse setor, a delegação suíça pode reinvidicar, juntamente com outras, um tal sucesso.
A Suíça e sua agência de cooperação ao desenvolvimento (DDC) conseguiram lançar um conceito que poderá ter futuro: as tecnologias da informação e da comunicação para o desenvolvimento (ITC4D) – uma exposição de projetos que ocorreu a Túnis e a Genebra – que realmente atraiu a atenção de um grande número de empresas do setor, segundo Walter Fust.
“Elas percebem cada vez mais que uma exposição comercial de seus produtos não é mais suficiente”, acrescenta diretor da DDC. “Torna-se imperativo mostrar como as tecnologias são úteis para tal ou tal grupo de população para melhorar a qualidade de vida.”
Nessa linha, o governo suíço financiou uma variante conhecida sob a sigla ITC4Peace, que visa facilitar a solução de conflitos e a ação humanitária graças a uma utilização adequada das ferramentas modernas de comunicação.
O que se espera
Para as outras promessas do SMSI, será preciso esperar um pouco mais para medir o impacto real. “Essa Cúpula é um processo, um caminho. Depois dessa segunda fase, podemos afirmar que avançamos, mas não podemos parar”, afirmou o ministro suíço das Comunicações, Moritz Leuenberger, sexta-feira, em Túnis.
Enquanto isso, a Suíça conseguiu se apresentar na Tunísia como defensora corajosa das liberdades públicas. Foi o impacto que teve o discurso do presidente da Suíça junto à mídia do mundo inteiro que foi a Túnis cobrir a segunda fase da SMSI.
swissinfo, Frédéric Burnand
– A segunda fase da SMSI terminou sexta-feira, depois de 6 dias de trabalhos dos 19 mil participantes.
– Túnis recebeu 174 delegações governamentais e mais de 800 entidades entre oorganizações internacionais, setor privado e sociedade civil.
– O objetivo do SMSI é preencher a brecha digital entre ricos e pobres e permitir aos excluídos da globalização o acesso às TIC.
– Concebido inicialmente como uma cúpula tecnológica, a SMSI ambicionava também abrir o debate sobre a sociedade da informação e criar condições para que ela seja equitativa.
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