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Banqueiro tropeça em osso e encontra cemitério de dinossauros

Uma garra de plateossauro com dez centímetros de comprimentos. Frick Dinosaur Museum

Roland Ottiger trabalha como auditor interno em um banco de Zurique, avaliando práticas de negócios e analisando números. Nas suas horas livres, ele coleciona fósseis.

Recentemente o suíço se tornou manchete nos jornais ao tropeçar nos ossos de dois plateossauros, um incidente que provocou a descoberta do que viria a ser o maior cemitério de dinossauros da Europa.

“Depois de colecionar fósseis por mais de trinta anos, considero uma imensa alegria ter esbarrado, acidentalmente, com um dinossauro desta espécie. Isso não ocorre todos os dias, sobretudo para um paleontólogo amador como eu. Foi pura sorte”, conta ele orgulhoso à swissinfo.

A grande chance de Ottiger se concretizou nos restos de dois dinossauros descobertos em um canteiro de obras localizado no pequeno vilarejo de Frick, no norte da Suíça. Fo quando ele retornava de uma viagem de negócios na Alemanha, em maio.

“Eu vi o terreno através da janela do trem. Movido pela curiosidade, decidi saltar na próxima parada para analisar melhor. Frick é uma região muito interessante por ser rica em fósseis. Lá eles são facilmente encontrados, sobretudo nos canteiros de obras”, explica.

Seus olhos aguçados descobriram inicialmente vários fragmentos de ossos espalhados no solo. A grande descoberta ocorreu no momento em que ele tateou uma parede úmida no fosso no canteiro. Ela estava incrustada de fósseis de dinossauros.

Eram mais de 300 ossos de um esqueleto completo, além de mãos e braços pertencendo a dois plateossauros separados por dez metros de terra. Eles estavam completamente descobertos no local.

Terra de gigantes

O achado de Ottiger teve implicações ainda mais profundas. A última descoberta ocorreu logo depois da aparição de dois outros fósseis de dinossauros, desenterrados recentemente no pequeno vilarejo próximo à Basiléia.

Ben Pabst, pesquisador do Museu do Dinossauro em Aathal, nos arredores de Zurique, explica que as subseqüentes escavações em Frick revelam uma sensação: o que Ottiger descobriu vem a ser o maior cemitério de dinossauros da Europa.

“Do Oceano Atlântico até as montanhas do Ural, Frick pode ser visto agora como o mais importante sítio de dinossauros da Europa. Lá a cada dez metros é possível cruzar com um fóssil. Essa concentração de esqueletos é única”, declara Pabst.

A afirmação é confirmada por Martin Sander, paleontólogo na Universidade de Bonn, na Alemanha. Ele participa atualmente das escavações ao lado de cientistas do Museu de História Natural da Holanda de Leiden.

“Acho que essa área possa ter uma extensão de 2,5 quilômetros. Nesse caso, não é nada incorreto dizer que estamos no maior sítio de fósseis de dinossauro da Europa”, diz Sander.

A área cercada em Frick contém ossos de um animal a cada 100 metros quadrados. Nos seus cálculos, ele acredita que o terreno esconda fósseis de mais de 100 plateossauros.

Gigantes herbívoros

O plateossauro, que media em torno de 8 metros de comprimento e pesava de 1,8 toneladas a 3 toneladas, era uma espécie de dinossauro herbívoro e quadrúpede. Ele viveu durante o período Triássico, entre 216 a 199 milhões de anos atrás, uma época em que a Suíça estava coberta por um deserto, parecendo um pouco como o estuário do Nilo nos dias de hoje.

“No caso de Frick, acreditamos que os plateossauros se atolaram nos pântanos e terminaram morrendo”, explica Ottiger a provável razão do achado.

Esses dinossauros eram corpulentos bíbedes, com um pequeno crânio e um longo pescoço, dentes afiados, cauda extensa, membros musculosos e uma longa garra no polegar de cada “mão”, provavelmente utilizado para defesa e alimentação.

Além de Frick, outros sítios com plateossauros são encontrados no sul da Alemanha. Porém os cientistas não sabem qual sua extensão. Eles estão cobertos pela cidade de Halberstadt e, no segundo caso, próximo à Trossinger, pela floresta.

Agora, graças ao banqueiro suíço, a Suíça pode se orgulhar de ter um grande cemitério dos gigantes herbívoros.

“Se eu não tivesse visto aquele canteiro de obras, imagino uma situação onde o terreno estaria bloqueado e coberto por várias casas próprias”, brinca Ottiger.

swissinfo, Simon Bradley

Os dinossauros dominaram o planeta por mais de 160 milhões de anos, tendo surgido há 230 milhões de anos. Eles se extinguiram há 65 milhões de anos.

O primeiro fóssil de dinossauro descoberto em território europeu foi o de um plateossauro (Plateosaurus engelhardti, do latim “lagarto comum”), encontrando no sul da Alemanha em 1837.

Ele é um dos mais comuns fósseis de dinossauro e pode ser encontrado no continente em mais de 50 diferentes regiões.

O plateossauro era uma espécie de dinossauro herbívoro e quadrúpede que viveu durante o período Triássico, entre 216 a 199 milhões de anos atrás. Media em torno de 8 metros de comprimento e pesava cerca de 1,8 toneladas. Ele viveu na Europa e foi provavelmente um ancestral dos grandes saurópodes.

Eles eram corpulentos bíbedes, com um pequeno crânio e um longo pescoço, dentes afiados, cauda extensa, membros musculosos e uma longa garra no polegar de cada “mão”, provavelmente utilizado para defesa e alimentação.

Esses animais e outros saurópodes foram o primeiro grupo de dinossauros a se alimentar exclusivamente da vegetação. Eles também foram os primeiros animais na Terra a desenvolver a habilidade de se alimentar da vegetação relativamente alta.

Após pesquisadores terem encontrados ossos da sua articulação no Mar do Norte há 2.256 metros de profundidade, os plateossauros se tornaram conhecidos como os “mais profundos dinossauros do mundo”.

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