Biodiversidade está em perigo
A União Mundial da Natureza, uma organização suíça que congrega governos e ONGs na proteção ao meio-ambiente, lança um alerta: a biodiversidade do planeta está mais ameaçada do que nunca.
Para debater o problema, ela convidou centenas de cientistas e ONGs para um congresso em Bangkok, na Tailândia.
Membros e delegados da maior rede mundial de coleta de conhecimentos sobre o meio-ambiente, a União Mundial da Natureza (UICN, na sigla em inglês), se reunem em Bangkok. O evento ocorre no momento de uma crise sem precedentes para a diversidade biológica do planeta.
Os mais de cinco mil cientistas, militantes ecológicos e representantes governamentais estão participando do 3o congresso mundial organizado pela UICN. A delegação suíça é dirigida por Olivier Biber, funcionário do Departamento Federal do Meio-Ambiente.
O congresso dura nove dias. No final, os participantes pretendem lançar um alerta mundial sobre o desaparecimento acelerado de espécies animais e vegetais provocados pela ação do homem.
Na última quarta-feira (18 de novembro), a UICN publicou na Internet a nova lista de espécies ameaçadas de extinção. Ela confirma a situação de crise já notada na sua última versão em 2003.
Um mamífero em quatro
Um mamífero em quatro e um pássaro em oito correm risco de desaparecer. Além disso, mais uma centena de espécies entrou na chamada “lista vermelha”. No ano passado ela já somava 12.259 espécies ameaçadas de extinção.
Os delegados reunidos em Bangkok pela UICN, cuja sede está numa pequena cidade próxima de Genebra, devem debater a crise e propor planos de ação para os próximos quatro anos.
O empobrecimento gradual da biodiversidade não é apenas demonstrado através da lista, mas também de outras pesquisas internacionais. Um estudo realizado durante três anos, cujos resultados foram publicados no mês passado, mostra que um terço dos anfíbios estão ameaçados de extinção. A catástrofe se explica através da poluição e do aquecimento geral do planeta.
Mais de 100 espécies de anfíbios desapareceram desde 1980. Uma grande parte da comunidade científica internacional acredita que centenas de outras espécies podem se extinguir nas próximas décadas.
“O pior é que existem algumas que desaparecem sem que ninguém as tome nota da sua existência”, ressalta Olivier Biber. As estatísticas mostram que um número duas ou três vezes maior de espécies de animais e vegetais nunca foram catalogadas pelos cientistas.
O congresso em Bangkok deve apresentar medidas de conservação bem-sucedidas no planeta. Algumas delas permitiram salvar um grande número de animais, como por exemplo, pássaros ameaçados. Porém muitos governos não têm recursos suficientes para desenvolver eses programas.
Pressão popular
O congresso, que ocorre apenas de quatro em quatro anos, ocorre num momento onde aumenta a pressão sobre os governantes. Eles devem começar a agir concretamente para preservar espécies ameaçadas nos seus países.
“A população mundial está cada vez mais inquieta ao observar as implicações das mudanças climáticas sobre sua vida cotidiana”, declara Achim Steiner, diretor-geral da UICN. “Nosso principal objetivo é de colocar os temas ligados à conservação e biodiversidade no debate popular”.
“A concientização de que as mudanças climáticas têm uma grande influência sobre a sobrevivência das espécies chegou infelizmente muito tarde”.
O chefe da delegação suíça em Bangkok lembra que a situação ecológica no país dos Alpes é um pouco melhor do que no resto do mundo. Porém lá existem também animais ameaçados de extinção.
Os países mais atingidos se encontram nos continentes asiático e africano. Sobretudo a biodiversidade nas ilhas dessas regiões está sendo particularmente afetada pelo desaparecimento de espécies.
Tubarão branco
O evento é a segunda conferência internacional sobre a preservação das espécies que ocorre em Bangkok nos últimos dois meses.
A capital da Tailândia recebeu no início de outubro a CITES – Convenção sobre o Comércio Internacional das Espécies Ameaçadas da Fauna e Flora Selvagens. Os 166 países participantes assinaram um acordo que pretende reforçar a proteção de espécies como o tubarão branco ou o golfinho de Irrawaddy.
swissinfo com agências
A União Mundial da Natureza está sediada em Gland, uma pequena cidade próxima de Genebra. Ela tem como membros 79 países, 114 organismos governamentais e mais de 800 organizações não-governamentais.
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