Brasil e Suíça assinam acordo de cooperação científica

A Suíça e o Brasil, um dos países prioritários para Berna em matéria de pesquisa, assinaram nesta terça-feira (29/9) um acordo de cooperação científica e tecnológica em que pretendem investir cerca de 7 milhões de francos nos próximos três anos.
Num protocolo assinado na segunda-feira, em Genebra, o Brasil mostra também a intenção de formalizar uma associação à Organização Europeia para Pesquisa Nuclear (Cern).
O acordo assinado hoje em Berna, pelo ministro da Ciência e Tecnologia, Sérgio Rezende, e o ministro suíço do Interior, Pascal Couchepin, estava previsto num “memorando de entendimento” sobre uma parceria estratégica entre Brasil e Suíça, firmado no ano passado.
O documento, que substitui um acordo anterior assinado em 1968, prevê a intensificação do intercâmbio de cientistas e a realização conjunta de projetos na área da pesquisa.
Nesse campo, o Brasil é um dos oito países prioritários para Berna, além da China, Índia, Rússia, África do Sul (inclusive institutos de pesquisa da Costa do Marfim e da Tanzânia), Coreia do Sul, Japão e Chile.
Os dois ministros assinaram também um Plano de Ação para decidir, até o final deste ano, sobre a aprovação e o financiamento de cinco a dez projetos de pesquisa conjunta. O plano define como áreas prioritárias as neurociências, ciências da saúde, energia e meio ambiente, e prevê, entre outras medidas, intercâmbio de cientistas e o financiamento de bolsas de pós-doutorado.
Nos próximos três anos, a Suíça vai investir 3,5 milhões de francos (US$ 3,37 milhões) no âmbito desse acordo, informou o ministério suíço à agência de notícias local ATS. A contribuição brasileira será idêntica.
Visitas a instituições de pesquisa
Em sua visita de dois dias à Suíça, Rezende foi acompanhado por uma equipe de nove cientistas de alto nível, entre eles, os presidentes do Conselho Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento Tecnológico (CNPq), Marco Antônio Zago, e da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), Jorge Almeida Guimarães.
A delegação de cientistas visitou nesta terça-feira as escolas politécnicas federais de Lausanne (EPFL) e de Zurique (ETH), onde se encontrou com representantes da Petrobrás interessados num projeto desenvolvido pelo Instituto de Geologia da instituição suíça de ensino superior.
Nesta quarta-feira (30/9), os cientistas visitarão o Centro Suíço de Pesquisa em Microeletrônica (SCEM), em Neuchâtel (oeste do país), que em 2006 firmou um acordo de parceria com o Instituto para o Desenvolvimento Integrado (INDI), de Minas Gerais.
Associação ao Cern
Na segunda-feira, em Genebra, a comitiva brasileira visitou uma das unidades de experimentação do “grande colisor de hádrons” (LHC) – o maior acelerador de partículas do mundo – e se reuniu com cerca de 30 brasileiros que participam de estudos no Cern.
Rezende assinou com o diretor-geral do Cern, Rolf-Dieter Heuer, um protocolo de intenção para ampliar e consolidar as relações de pesquisa entre os cientistas brasileiros e a instituição. O documento manifesta também a intenção do Brasil de estabelecer uma associação mais formal e permanente com a instituição europeia.
Segundo o ministro, hoje 71 cientistas brasileiros participam de experimentos nos laboratórios da Organização Europeia para Pesquisa Nuclear, mas por meio de iniciativas isoladas das suas universidades e instituições de pesquisa. O Brasil é um dos 28 países não-membros do Cern que participam de alguns programas, mas sem regularidade.
O Cern não tem países-membros fora da Europa. “O Brasil não vai pensar em um grande acelerador de partículas nos próximos tempos. O que temos de fazer é nos associarmos a grandes experimentos internacionais”, disse Rezende em entrevista coletiva à imprensa.
Geraldo Hoffmann, swissinfo.ch (com agências)
A comitiva brasileira em visita à Suíça:
• Sérgio Machado Rezende, Ministro da Ciência e Tecnologia
• Marco Antônio Zago, presidente do CNPq
• Jorge Almeida Guimarães, presidente da Capes
• João Fernando Gomes de Oliveira, presidente do Instituto de Pesquisa Tecnológica de São Paulo (IPT)
• Jacob Palis, presidente da Academia Brasileira de Ciências (ABC)
• José Monserrat Filho, chefe da Assessoria de Cooperação Internacional do Ministério da Ciência e Tecnologia
• Wanderley de Souza, diretor de Programas do Inmetro
• Carlos Afonso Nobre, diretor do INPE
• Roberto Lent, diretor do Instituto de Ciências Biomédicas da UFRJ
• Carlos Alberto Aragão de Carvalho Filho, professor de Física do Instituto de Física da UFRJ

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