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Busca de moradia na Suíça é desafio para recém-chegados

Não é nada fácil encontrar uma moradia para alugar na Suíça. Keystone

A busca de um apartamento ou casa para alugar na Suíça não é das tarefas mais fáceis, para quem tenta se instalar no país.

As ofertas de imóveis disponíveis são poucas, o que pode resultar em aumento de preços e grande número de exigências por parte do proprietário do imóvel. Porém a busca sistemática e informações sobre as práticas locais do mercado imobiliário podem facilitar essa tarefa.

Normalmente as ofertas de imóveis disponíveis são publicadas nos suplementos de jornais locais e diários oficiais como “Anzeiger” e “Journal Officiel” (grátis). Os grandes jornais regionais como “Tagesanzeiger”, “Le Temps”, “Basler Zeitung” também publicam suplementos especiais sobre o mercado imobiliário. Além disso, existem sites especializados no assunto (ver lista).

Depois de selecionar o imóvel segundo os critérios de preço, tamanho e localização, começa uma nova etapa. O contato com as imobiliárias ou proprietários. O interesse por um teto e as condições financeiras para pagá-lo não bastam na Suíça.

Muitas vezes é preciso que o candidato a inquilino seja aprovado pelo proprietário do imóvel. Nessa situação os estrangeiros podem não levar vantagem. “Muitas vezes os proprietários preferem alugar o imóvel para um suíço”, diz o consultor jurídico da Mieterverband, Ruedi Spöndlin. Segundo ele, os inquilinos estrangeiros não são muito favorecidos pela lei suíça, na questão dos aluguéis. “Não há nada que possa obrigar um proprietário a alugar um imóvel para uma determinada pessoa”, explica.

Por outro lado, a lei não exige do candidato a inquilino nada em especial para que ele possa alugar um imóvel no país. O que existem são práticas usuais como a exigência da apresentação de um comprovante do valor do salário, uma certidão negativa de dívidas e documento de permissão de residência na Suíça, entre outras que podem variar de acordo com a situação Uma vez que o futuro inquilino é aceito pelo proprietário chega a hora de pagar a caução, uma quantia em dinheiro que não pode ultrapassar ao valor de três meses de aluguel.

Essa quantia é devolvida quando o inquilino sai do apartamento desde que o imóvel não tenha sido danificado. Caso contrário o equivalente usado para pagar os reparos necessários são descontados do valor da caução.

A busca

Mesmo cumprindo todas as exigências usuais de diversos proprietários a colombiana que prefere identificar-se apenas como Maria Cristina, diz ter demorado seis meses para encontrar uma nova moradia na Suíça. “Eu e meu marido temos permissão de residência B e muitos proprietários não aceitaram essa condição”, conta. “Apresentamos comprovantes de salário, e não tínhamos dívidas e mesmo assim foi difícil” explica ela que depois de algum tempo foi apresentada por um conhecido a uma imobiliária que concordou em fechar o contrato.

Mais sorte teve a brasileira Bettina Noack que, recém-chegada dos Estados Unidos, em cinco dias conseguiu as chaves de um apartamento em Berna. “O apartamento é novo, mas mesmo assim nos aceitaram com uma criança de um ano”, conta.

Preocupado com a escassez de moradias o chileno Pablo Uhart, residente no Brasil prepara sua vinda para a Suíça. “Estou procurando em um site na Internet e vejo que há apartamentos livres, mas são alugados rapidamente”, diz ele que procura um imóvel na região de Lausanne, no cantão de Vaud, para a mudança em agosto. Além de procurar por conta própria ele espera contar com a ajuda da equipe da Nestlé, onde trabalha. “Por sorte conto com essa assessoria e espero conseguir um bom lugar para morar”, afirma.

Famílias e outras peculiaridades

Assim como estrangeiros, famílias que buscam um imóvel podem ter alguma dificuldade já que nem sempre os poucos imóveis disponíveis são destinados a receber crianças. Normalmente essa particularidade já é explícita no anúncio do imóvel, outras vezes, isso só é informado quando a família comunica o interesse pelo apartamento ou casa. O contrário também vale: alguns anúncios já informam que aquele imóvel aceita famílias com crianças.

Também podem ter problemas os candidatos a inquilinos que passaram por prisões e abrigos, ou músicos, porque podem incomodar os vizinhos com o barulho. “Nesses casos é melhor que a pessoa que está buscando a moradia coloque anúncios em diversos locais, como em supermercados, explicando a situação”, diz Spöndlin, consultor da Mieterverband. “Sempre há algum proprietário que compreende as condições”, afirma.

A escassez em números

Segundo o Departamento Federal de Estatística (OFS- sigla em francês), na Suíça, o número de imóveis livres aumentou apenas 0,01% em relação ao ano anterior ao último recenseamento, feito em 2007. A porcentagem de 0,01% equivale a 702 imóveis livres em junho de 2007 a mais, em relação a dezembro de 2006, o que significa um pequeno aumento.

Os resultados da contagem mostram ainda que o número total de imóveis livres para aluguel ou compra era de 40.454, distribuídos pelo território suíço, ou seja 1,07% do total de imóveis no país.

A situação é mais crítica nos cantões de Genebra, onde apenas 0,19% dos 212.896 imóveis estão livres. O segundo lugar fica com Zug, onde 0,28% dos 47.749 imóveis estão disponíveis. Melhores possibilidades estão nos cantões de Glarus, com 2,14% de tetos livres sobre um total de 19.669. Empatado com a mesma porcentagem de imóveis disponíveis, está o cantão de Jura, com um total de 32.509 tetos.

Quanto custa

Antes de alugar um imóvel convém checar a média de preços do mercado. O importante é considerar também que além do tamanho, apartamentos e casas na área urbana podem custar um pouco mais. Variações de preço também podem ocorrer dependendo do estado do imóvel. Os novos e recém-reformados podem estar acima da média.

Segundo o Departamento Federal de Estatística (OFS – sigla em francês), o preço médio do aluguel na Suíça é de 1.116 francos suíços por mês os aluguéis mais baratos estão nos cantões de Neuchâtel e Jura, cuja média de preços corresponde a 817 e 837 francos, respectivamente. Os moradores dos cantões de Zug, Schwytz e Zurique são os que mais pagam. As médias para essas localidades são de 1.484, 1.274 e 1.271 francos por mês, respectivamente.

Compra

A tendência no setor de construção é de crescimento, de acordo com o OFS. Além disso, qualquer estrangeiro, mesmo que não tenha o status de residente permanente na Suíça, (ou seja, mesmo que não tenha a permissão do tipo C), tem o direito de comprar apenas um imóvel na Suíça desde que seja para residência própria. (Ver The federal law of aquisition of property by foreigners -www.cagi.ch). Restrições sobre a compra do segundo imóvel por estrangeiros estão sendo discutidas para evitar especulações imobiliárias sobretudos em regiões turísticas, onde boa parte das moradias só é ocupada durante as temporadas de férias. (ver matéria de 28/5/08 – Lei de proteção da terra é motivo de debate político)

swissinfo, Heloísa Broggiato

As recomendações seguintes podem ajudar na busca de moradia na Suíça:
– o estrangeiro que procura uma casa ou apartamento aumenta suas chances frente aos proprietários ou administradoras de imóveis caso o formulário de candidatura ao imóvel seja acrescido de cópias de documentos importantes como: contrato de trabalho, visto de residência para a Suíça, contracheques ou comprovante de renda.
– fazer contatos com suíços que possam intermediar a relação entre o candidato a inquilino e o proprietário ou imobiliária.
-falar a língua local pode ajudar muito na hora de lutar pelos direitos do inquilino e mostrar ao proprietário do imóvel que as condições foram bem compreendidas.
– procurar outras ofertas de particulares, que estão geralmente pregadas nos supermercados, lojas de bairro e bibliotecas.
– procurar ativamente, anunciando nesses mesmos locais a busca por um imóvel, informando as particularidades de quem aluga, como por exemplo, nacionalidade, número de moradores, se há crianças, entre outros dados.
– Informar-se sobre as práticas usuais e exigências mais comuns do mercado imobiliário. Caso haja desconfiança de abuso, consultar a Mieterverband.
– entrar numa associação de locatários (“Mieterverband” em alemão e “Association Suisse de Locataires” em francês). Eles atuam na defesa dos direitos de locatários, o que é muito importante quando estes são estrangeiros. Site na Internet: http://www.mieterverband.ch. A Mieterverband é uma dessas associações. Por intermédio dela é possível usar o serviço de consultoria por telefone ou por e-mail (para membros da associação). Telefone: 0900 900 800. O custo é de 3,70 francos suíços por minuto.
E para o “Sem Papéis”
Segundo as recomendações do sindicato UNIA e do “Posto de apoio ao Sem Papéis de Basel” :

– para estrangeiros nessa situação, o mais fácil é pedir para alguém que vive legalmente na Suíça alugar o imóvel. Porém se esta pessoa for descoberta fica sujeita às penas legais.

– Não aceite que o valor do aluguel esteja muito acima da média do que se cobra na região, nem do que pagava o inquilino anterior.

– exija recibo do pagamento feito

– peça um boleto de pagamento ao locador. Pague o aluguel no correio, escrevendo seu nome correto no boleto. Esses boletos são a melhor prova de que o aluguel foi pago.

– Se o locador cobrar muito ou não quiser devolver o valor da caução, procure um centro de aconselhamento para “Sem Papéis”. Por exemplo www.sans-papiers.ch ou www.unia.ch

(Fonte: Brochura Ninguém é ilegal, Sem Papéis – Você tem direitos, – UNIA e do “Posto de apoio ao Sem Papéis de Basel” )
– muita sorte e paciência.

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