Centro de pesquisa brasileiro recebe supercomputador suíço
O ministro da Educação brasileiro, Fernando Haddad, e o ministro do Interior suíço, Didier Burkhalter, se reuniram segunda-feira (30) em São Paulo para assinar um acordo de colaboração científica entre os dois países.
O objetivo é o desenvolvimento de novos estudos sobre doenças neurodegenerativas, incluindo controle e tratamento.
Durante a reunião foi feita oficialmente a doação de um super computador à Associação Alberto Santos Dummont para Apoio à Pesquisa (AASDAP), sediada em Natal, no estado do Rio Grande do Norte, gerida pelo premiado neurocientista brasileiro Miguel Nicolelis (ver box na coluna à direita).
O computador, que tem capacidade para processar e analisar informações em tempo real da atividade elétrica, magnética e metabólica do cérebro humano, além de fazer 46 trilhões de operações por segundo, veio da Escola Politécnica Federal de Lausanne (EPFL). “O computador chegará ao Brasil dentro de duas semanas. É um sonho que se torna realidade”, afirma Nicolelis. ( Ouça o áudio na coluna à direita).
O presidente da EPFL, Patrick Aebisher, presente na cerimônia de assinatura do acordo, também é médico e pesquisador da área de doenças neurodegenerativas. “Ao conhecer Natal notei que era um lugar muito pobre”, contou Aebisher. “Para mim ficou claro que teríamos que nos envolver nesse projeto”, acrescentou.
Cérebro
O acordo bilateral de cooperação científica entre o Brasil e a Suíça é fruto de um acordo prévio de cooperação técnica, assinado entre os dois países no ano passado (Ver maérias relativas).
Na ocasião a EPFL comunicou a criação da cátedra de Neuroengenharia EPFL-NATAL, concedida à Miguel Nicolelis, firmando a parceria entre as duas instituições. A AASDAP inclui ainda o Instituto Internacional de Neurociências de Natal Edmond e Lily Safra (IINN-ELS) e os novos centros de pesquisa que vão formar o Campus do Cérebro em Macaíba, Rio Grande do Norte.
Nesse campus está sendo erguido o data center que abrigará a super máquina, já batizada de 14 BIS-21.
Empenho
O ministro da Educação, o brasileiro Fernando Haddad reforçou a importância dos projetos realizados no Rio Grande do Norte. “Esse é um trabalho que precisa ser cada vez mais apoiado. Tem impacto na ciência e na educação”, disse. “Em poucos anos vai ajudar a nortear as políticas públicas nessas áreas”, completou Haddad.
O ministro se comprometeu a apoiar o projeto enquanto ocupar o cargo, até o final deste ano. “Depois vou apoiar o projeto pessoalmente, ao lado de Miguel (Nicolelis).”
Natal será “cidade brasileira do cérebro”
O Instituto Internacional de Neurociências de Natal Edmond e Lily Safra (IINN-ELS),cuja gestão é de responsabilidade da Associação Alberto Santos Dumont para Apoio à Pesquisa (AASDAP) tem por objetivo promover o crescimento da pesquisa científica de ponta, e com isso contribuir para o desenvolvimento de toda a região nordeste do Brasil.
Assim, todos os programas desenvolvidos pela instituição estão ligados à iniciativas sociais e educacionais dedicadas à população de Natal e áreas vizinhas. As atividades baseiam-se principalmente na educação da criança e saúde da mulher. Para isso O INN-ELS mantém escolas e centros de Saúde.
Além disso, o desenvolvimento de pesquisa em neurociência realizado em Natal poderá atrair investimento público e privado para que no futura seja criado o Campus do Cérebro, ligado ao IINN-ELS.
Heloísa Broggiato, São Paulo, swissinfo.ch
Miguel Nicolelis é médico, formado pela Universidade de São Paulo e um dos vinte maiores cientistas do mundo, segundo a revista Scientific American. Lidera grupos de pesquisadores em várias Instituições, entre elas a Universidade de Duke, nos Estados Unidos, onde é Professor titular de Neurobiologia e Engenharia Biomédica.
Sua área de pesquisa é a fisiologia de órgãos e sistemas. Nesse campo de trabalho desenvolveu um sistema capaz de acionar eletrodos conectados a neurônios e computadores.
No futuro, eles poderão permitir que tetraplégicos controlem os braços robóticos com o pensamento. Nicolelis também lidera o projeto do Instituto Internacional de Neurociências de Natal, na capital do Rio Grande do Norte. O cientista ganhou este ano o prêmio mais cobiçado por pesquidores de todo o mundo: o Pioneer Award, oferecido pelo Instituto Nacional de Saúde dos Estados Unidos. Conhecido como o Oscar da ciência, o reconhecimento lhe rendeu 2,5 milhões de dólares americanos. Com o prêmio, Nicolelis pretende continuar fazendo o que sempre fez. Desenvolver ideias arrojadas. H.B.
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