China: Economia vai melhor que direitos humanos
A ministra das Relações Exteriores, Micheline Calmy-Rey, lembrou que o dinamismo da economia chinesa é muito maior do que o respeito aos direitos humanos.
Falando diante do Fórum Internacional Suíço, em Zurique, ela sublinhou, no entanto, que o governo chinês fez “progressos substancias” nessa área, nos últimos anos.
«Mas ainda restam grandes desafios, particularmente nos setores da proteção de minorias, a liberdade religiosa e a liberdade de expressão, a tortura e a pena de morte”, precisou a chanceler.
Quinta-feira (11/11), ao final dos debates acerca das perspectivas e desafios no comércio com a China, Micheline Calmy-Rey precisou que os reformadores trabalham nessas questões, na China. “No contexto de nosso diálogo sobre os direitos humanos, nós tentamos lhes dar apoio”, explicou.
A chefe da diplomacia helvética declarou ainda aos representantes das pequenas e médias empresas (PME) reunidas em Zurique que os parceiros chineses da Suíça demonstram “grande interesse” em associar o desenvolvimento econômico aos direitos humanos.
Mais consciência
«Na China, as pessoas estão cada vez mais conscientes que o enorme crescimento econômico do país tem também grandes conseqüências ecológicas e sociais”.
Segundo Micheline Calmy-Rey, as pessoas estão percebendo que um tal crescimento só tem sentido se for acompanhado de uma melhoria dos direitos humanos, em particular nas condições de trabalho, saúde, educação e probição do trabalho forçado de crianças.
“Melhorias nessas áreas trariam mais estabilidade, coesão e harmonia, valores muito importantes para os chineses”, acrescentou a ministra.
Calmy-Rey acredita que muitas empresas multinacionais e chinesas, incluindo o governo chinês, teriam interesse em trabalhar nessa dîreção. “Por isso continuaremos a enfatizar nossa preocupação com os direitos humanos, em estreita colaboração com as empresas suíças na China.”
Uma grande potência mundial
A chanceler disse ainda que “se poderia escrever livros inteiros” sobre os direitos humanos na China, terra de contrastes entre as regiões orientais, que passam por um desenvolvimento rápido, e as regiões subdesenvolvidas do centro do país.
Calmy-Rey sublinhou que a China é muito mais do que um eldorado econômico. Com uma população de 1,3 bilhões de habitantes, sua posição estratégica e sem poderio militar, é uma grande potência mundial. “Sua destabilização teria conseqüências políticas e econômicas dramáticas” para o mundo inteiro.
A ministra citou o papel da China como membro permanente do Conselho de Segurança da ONU e disse que atitutde de Pequim tem sido influenciada “pelas importantes concessões de petróleo que as empresas chinesas têm no Sudão”.
A posição chinesa “restringe a margem de manobra da comunidade internacional na região do Darfour e têm conseqüências sobre a estabilidade da região.”
Oportunidades e riscos
Micheline Calmy-Rey advertiu os empresários suíços que , apesa das enormes possbilidades de negócios na China, existem riscos. A China deveria, por exemplo, oferecer uma melhor proteção da propriedade intelectual, “problema central” no crescimento da economia chinesa.
Acrescentou as as PME suíças têm chance no mercado chinês, porque as condições de investimento estão sendo melhoradas. Mas, segundo ela, todo investimento requer uma preparação minuciosa, detalhada e muita paciência.
swissinfo, Robert Brookes em Zurique
A China é o 12° parceiro comercial da Suíça.
As exportações suíças aumentaram de 415 milhões de francos (1990) para 2 bilhões (2004).
No mesmo período, as exportações chinesas para a Suíça passaram de 412 milhões a 2,8 bilhões.
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