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Corrupção pode atrapalhar negócios com o Brasil

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"A corrupção no Brasil não surgiu agora, mas está aflorando através de um importante trabalho da imprensa que vem denunciando os excessos". A afirmação é do Presidente da Câmara de Comércio Suíço-Brasileira, Ernesto Moeri.

Para ele, a corrupção instalada em vários níveis de governo complica a vida dos empresários e da própria sociedade brasileira.

Ernesto defende que a sociedade civil, os empresários e as entidades de classe se juntem para priorizar o combate à corrupção. Embora afirme que a atual crise política deflagrada pelas denúncias do ex-deputado Roberto Jéferson ainda não atingiram a economia do país.

O presidente da Câmara de Comércio Suíço-Brasileira diz que a não contaminação dos mercados indica um processo de amadurecimento da economia do Brasil, mas não descarta a hipótese do governo Lula ter de negociar com as alas mais radicais da esquerda do próprio partido.

Lições recíprocas

Caso isto aconteça, Ernesto avalia a possibilidade de uma mudança na condução da macroeconomia, o que poderia afetar diretamente a credibilidade do país e influenciar os negócios em vários níveis.

Do ponto de vista do comércio bilateral, ele acredita que a crise política não interfere nos negócios que devem continuar a crescer entre os dois países em médio prazo.

“Nós sentimos que os acontecimentos políticos não tiveram um reflexo direto na macro economia, nem no dia a dia das empresas ligadas à Câmara, nem aos negócios” afirma.

Ernesto Moeri destaca que no campo da política a Suíça pode dar um bom exemplo aos brasileiros, pois os políticos suíços, em todo caso no Legislativo, não são profissionais. Desenvolvem suas carreiras para servir suas comunidades, voltando a suas atividades econômicas e profissionais depois de algum tempo. Diferente do caso brasileiro, onde, segundo ele, os políticos, em sua maioria, buscam a sustentação política, “o que leva aos excessos que estamos acompanhando”.

Investimentos vão continuar

Por outro lado, Moeri diz que na economia os suíços deveriam aprender com os brasileiros, já que nossos empresários são mais ágeis na solução de problemas e reagem melhor às variações políticas e de mercado. O que não acontece com os suíços, ainda muito protegidos pelas barreiras tarifárias. “O empresário suíço ainda não é obrigado a reagir tão rapidamente em relação às mudanças de mercado”, diz Ernesto.

Para o empresário, as empresas afiliadas à Câmara de Comércio Suíço-Brasileira vão continuar a investir no Brasil, mesmo diante do cenário político conturbado.

“A economia tem sua dinâmica própria e quem está no Brasil não vai deixar de investir e continuar suas atividades porque o mercado é crescente, a conjuntura nacional e internacional são positivas, os negócios vão indo bem e todo mundo, no fundo, esta satisfeito” conclui.

swissinfo, Alvaro Bufarah, São Paulo

40% dos negócios da Suíça na América Latina são feitos com o Brasil.
Mais de 200 empresas suíças estão instaladas no Brasil.
Comércio bilateral cresceu 170% na última década.
Em 2004: Brasil exportou US 446 milhões e importou US 898 milhões.
Cerca de12 mil suíços vivem no Brasil e aproximadamente 20 mil brasileiros vivem na Suíça.

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