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Mulheres ainda são minoria nos laboratórios e centros de pesquisa

IBM à Rueschlikon
Uma jovem funcionária do centro de pesquisas da IBM em Rueschlikon, Zurique. Keystone / Alessandro Della Bella

As mulheres pesquisam, mas ainda são minoria nos laboratórios. Por isso a ONU declarou 11 de fevereiro como o "Dia Internacional da Mulher na CiênciaLink externo". A situação na Suíça não é muito diferente.

“O mundo não pode se privar do potencial, inteligência e criatividade delas. Porém milhares de mulheres são vítimas de desigualdades ou preconceitos persistentes… A humanidade tem muito a ganhar. A ciência também”, é o que escreve Audrey Azoulay, diretora-geral da UNESCO.

De acordo com a agência da ONU, menos de 30% dos pesquisadores do mundo são mulheres. E menos de um terço das estudantes universitárias escolhem campos relacionados às ciências exatas.

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Mulher em laboratório

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Situação na Suíça

A Suíça não está melhor do que outros países. É o que mostra o relatório “She Figures 2018Link externo“, realizado pela Comissão Europeia. E como nos países vizinhos, as mulheres se tornam ainda mais raras nos postos superiores das instituições.

É o que transparece os mais recentes indicadores da avaliação regular “Mulheres e CiênciaLink externo” produzida pelo Departamento Federal de Estatísticas (BFS, na sigla em alemão). Na universidade, 51% dos estudantes são mulheres – elas chegam até a ser 54% dos graduados (bacharelado e mestrado). Mas depois a situação piora: apenas 44% de mulheres no doutorado. Com relação aos quadros de funcionários e professores: 41% em nível intermediário e 23%, nos cargos mais altos da carreira acadêmica.

“Tubo perfurado”

O “desaparecimento” gradual das mulheres nos centros de pesquisa à medida que se sobe a hierarquia é um fenômeno universal e que também pode ser observado em outros setores, seja na política, administração ou a economia. Os anglo-saxões designaram o fenômeno como “tubo perfurado”: como se o tubo que abastece os institutos com pesquisadores estivesse vazando.

Um exemplo, recentemente citado pelo jornal suíço Le Temps: no Centro Hospitalar Universitário de Vaud (CHUV), em Lausanne, as mulheres são a maioria dos estudantes e até entre os médicos em nível de assistente (62% em 2017). Depois há uma forte queda: dos chefes de grupo, apenas 28% são mulheres. Dos chefes de unidade, apenas 12%. O CHUV só promoveu uma mulher a chefe de unidade em 2018.

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Mudança de estruturas e mentalidades

As carreiras começam cedo no mundo científico. O ambiente é fortemente competitivo. Para muitos homens é normal a disputa pelo “Olimpo”, enquanto mulheres podem tender a abandonar a luta e se dedicar aos filhos.

 Numa altura em que os homens estão a atravessar as moções, algumas jovens mulheres abrandam e preferem começar uma família. Já em 2014, Susan Gasser, presidente da Comissão de Igualdade do Fundo Suíço de Pesquisa (FNS, na sigla em francês), escrevia:  “Acredito que eles agem assim por suposições inconscientes ou crenças equivocadas de que uma família, e uma carreira acadêmica, se excluem. Ou pior, imaginam que a pesquisa é mais adequada para os homens do que para as mulheres.

Trata-se de um clichê: cientistas devem ser homens. Basta olhar para as estatísticas do Prêmio Nobel de Química, Física e Medicina: menos de 5% de mulheres vencedoras em mais de um século. Ao formar uma equipe para um projeto de pesquisa, um professor tenderá naturalmente a escolher jovens colegas do sexo masculino. Porém a mentalidade muda, mesmo que de forma lenta.

Apenas para mulheres

Para aumentar a presença das mulheres no mundo acadêmico, o SNF criou, em 2017, o sistema de bolsas PRIMALink externo. Seu principal objetivo é apoiá-las até chegaram aos postos de professor. O fundo assume o salário de uma pesquisadora e sua equipe por cinco anos, permitindo que administre um projeto de forma independente. Até hoje, 22 jovens pesquisadoras foram beneficiadas no primeiro ano e 19 no segundo, com uma variedade de projetos que mostram que as mulheres podem se destacar em todas as áreas da ciência.

Uma delas foi Lucia Kleint, da Universidade de Genebra. Em suas pesquisas, a suíça procura melhorar a compreensão de estrelas e erupções solares usando métodos de aprendizagem de máquinas. Outro exemplo: Kristy Deiner, da Escola Politécnica Federal de Zurique (ETH), que mede a diversidade biológica em lagos usando DNA ambiental de fontes animais e vegetais.  Daniela Landert estuda técnicas de teatro improvisado na Universidade da Basiléia.

Uma história de sucesso, apresentada como um exemplo pelas Nações Unidas foi a de Katherine Jin, fundadora da startup KinnosLink externo em Nova York. Ela desenvolveu um processo simples e engenhoso para melhor proteger os trabalhadores da saúde em regiões com epidemias.

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Adaptação: Alexander Thoele

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