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Encontros de terceiro grau à maneira suíça

Que aqueles que são “apenas uma espuma química boiando sobre um planeta de tamanho médio” levantem a mão. Keystone

Como seria a vida extraterrestre e como podemos encontrá-la. Uma exposição no Museu de Zoologia da Universidade de Zurique apresenta anos de pesquisa científica sobre o assunto.

“Não existem homenzinhos verdes! A Astrofísica e a biologia procuram a vida no espaço” é nome da exposição, aberta até 11 de março.

A exposição mostra os esforços científicos para encontrar traços de vida inteligente – ou não tão inteligente – fora de nosso planeta.

“Eu acho que todos gostaríamos de saber se estamos sozinhos e somos únicos. A curiosidade humana faz com que façamos perguntas e que queiramos respostas”, explica Jonathan Coles, do Instituto de física teórica da Universidade de Zurique, um dos organizadores da exposição (a íntegra da entrevista, em inglês, está disponível na página “Sci & Tech” do site em inglês de swissinfo.ch)

A busca começa não muito longe de nós, na Terra, com imagens de “extremophiles”, criaturas que sobrevivem em condições extremas como nas profundezas marinhas, nas rochas desérticas ou na periferia de Londres.

As águas termais de Loèche-les-Bains no Valais (sudoeste), por exemplo, são as mais quentes da Suíça: 48° e abrigam cianobactérias. Os endolitos, por sua vez, vivem nas rochas alpinas. Muito raras, essas colônias de bactérias, de cogumelos e de organismos pluricelulares são muito interessantes para os astro-biologistas, que pensam sistemas similares de Marte ou de outros planetas poderiam abrigar micróbios.  

“A vida tende encontrar seu caminho em condições extremas”, explica Jonathan Coles. “Na realidade é o nós consideramos como extremo. Para esses organismos, nós é que vivemos em um meio ambiente extremo. Assim, o oxigênio, sem o qual não podemos viver, é fatal para a maioria deles.”

Interativo

Organizada ao longo de uma espiral, a exposição leva os visitantes através do universo e dos planetas que poderiam ter alguma forma de vida. A ideia é procurar zonas habitáveis que não estejam muito próximas de uma estrela (portanto muito quente), nem muito distante (portanto muito frias), mas “na distância certa”. Por isso que elas também são denominadas “Zonas Círculo de Ouro”, do nome da menina personagem de um conto que escolhe, entre os pertences de três ursos, os que lhe são melhor adaptados.

A exposição é cheia de elementos interativos. Um deles é a “fábrica de planetas”, em que os visitante pode criar seu próprio sistema solar utilizando dados astrofísicos registrados em um supercomputador da Universidade de Zurique. Aí se vê quantos planetas poderiam ser potencialmente habitáveis.

“Não foi simples reunir todas as informações em uma exposição com todo o saber, de maneira não muito extenuante”, diz Jonathan Coles. “Além disso, também não podíamos exigir enormes conhecimentos básicos. Não queríamos nivelar por baixo, mas apresentar as cosas de maneira clara.”

Ele acrescenta que “também não queríamos nos concentrar sobre a vida inteligente – E.T. e outros – como pensa a maioria das pessoas acerca da vida extraterrestre. Queríamos resumir a pesquisa: o que fazem os cientistas? Onde estão os planetas?”

Meteorito marciano

O público-alvo são “pessoas que lêem jornal”, mas a exposição propõe visitas específicas para crianças de 8 a 12 anos. “As crianças adoram e gostam de aprender sobre o espaço. Na verdade, a exposição é feita para todos os curiosos.”

Contudo, muita gente tem pouca informação do sistema solar. “Por vezes, fico um pouco decepcionado que a escola não inclua a cosmologia. Por exemplo, muitas pessoas não sabem que o sol é uma estrela.”

Jonathan Coles mostra o único objeto extraterrestre da exposição, um pedregulho ligeiramente frustrante. É um pedaço do meteorito de Zagami, de 18 quilos que caiu de Marte em uma roça na Nigéria, em 1962, a três metros de um camponês, espantado com o choque que fez um buraco no chão.

No entanto, a pedra se parece com qualquer outra em qualquer jardim. Como Jonathan Coles sabia que a pedra não era falsa? “Dentro dela tem cristais de vidro que conservaram moléculas de gás. Estas têm a mesma composição das moléculas que encontramos em Marte.”

Água em Marte

Nunca foi encontrada uma prova de vida extraterrestre, até agora. As recentes descobertas de água salgada em Marte suscitaram esperanças. Para Jonathan Coles, dada a dimensão aparentemente infinita do universo – “A Terra é insignificante, nessa perspectiva”, as chances são reais de que não sejamos sós.

“Os cientistas trabalham com probabilidades. É improvável que exista alguma coisa, em algum lugar, o que não quer dizer que seja uma vida inteligente. Pode ser a vida na forma bacteriana.”

Para o cosmologista inglês Stephen Hawking, a raça humana é somente “uma espuma química boiando sobre um planeta de tamanho médio, girando em torno de uma estrela bastante média na periferia de centenas de bilhões de galáxias.”

Para Jonathan Coles, “essa é uma visão muito pessimista, mas com certo sentido, é verdade. Por vezes em penso que meus maiores problemas não têm nenhuma importância em relação ao universo.”

Debate ético

Além do desafio técnico da pesquisa acerca da inteligência terrestre, o debate ético também é intenso entre os cientistas: deveríamos realmente tentar chamar a atenção de seres que poderiam se revelar menos gentis que o E.T.? Stephen Hawking faz um paralelo entre essa busca e a chegada de Cristóvão Colombo à América, “que não foi muito benéfica para as populações locais.”

Jonathan Coles: “suponho que haja um risco, mas tenho vontade de corrê-lo.”

“Não existem homenzinhos verdes! A astrofísica e a biologia procuram vida no espaço” está no Museu de Zoologia de Zurique até 11 de março de 2012.

Está dividida em várias partes:

– O que é a vida?

– Existe vida em Marte?

– A formação de uma galáxia, de uma estrela, de um planeta

– A pesquisa de planetas

– A pesquisa da inteligência extraterrestre

– Filme sobre o conceito humano de extraterrestre através da história.

Em 1950, o físico italiano Enrico Fermi se espantava que o homem ainda não tinha encontrado nenhuma prova da existência de civilizações extraterrestres.

 Devido sua dimensão e sua idade, nossa galáxia deveria estar cheia de civilizações tecnologicamente avançadas. “Se eles estão por toda parte, onde estão?”, se questionava. É o que se chamou de paradoxo de Fermi.

De acordo com Jonathan Coles, do Instituto de Física Teórica da Universidade de Zurique, a distância é um problema. “Os sinais que emitimos há quarenta anos ainda não foram muito longe, em termos de distância, através da galáxia. Se uma outra raça existe do outro lado da galáxia, esses indivíduos não nos ouvirão antes de dezenas de milhares de anos”.

Adaptação: Claudinê Gonçalves

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