“Detetives de saúde” trabalham para conter coronavírus na Suíça
Para retardar a propagação do Covid-19, todos aqueles que estiveram em contato próximo com a pessoa contaminada devem ser encontrados. Um trabalho de detetive, que as autoridades suíças estão confiando a alguns especialistas.
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Jornalista originário do cantão do Ticino residente em Berna. Lido com assuntos científicos e sociais através de reportagens, artigos, entrevistas e análises. Me interesso por questões climáticas, energéticas e ambientais, assim como tudo relacionado à migração, ajuda ao desenvolvimento e direitos humanos em geral.
Jogos de hóquei no gelo à porta fechada, festas de carnaval canceladas e viagens escolares ao exterior suspensas: estas foram as medidas tomadas na quarta-feira pelo governo do cantão do Ticino após a descoberta do primeiro caso de coronavírus na Suíça.
Embora o foco da atenção política esteja nas medidas para retardar a propagação do vírus – outros casos já foram confirmados em Genebra e nos Grisões – uma equipe de profissionais de saúde está fazendo um trabalho menos divulgado, mas não menos importante.
No jargão médico, isto é conhecido como “rastreamento de contato” e envolve reconstruir a cadeia de contaminação. O objetivo é descobrir se uma pessoa infectada já infectou outras, como explicou Daniel Koch, chefe da Seção de Doenças Transmissíveis do Ministério da Saúde da Suíça, ao canal SRFLink externo, em língua alemã.
Quarentena domiciliar
A investigação epidemiológica começa com uma entrevista do paciente, pedindo-lhe que liste todas as pessoas com as quais esteve em contato próximo nos quatro dias anteriores ao início dos sintomas. Acima de tudo, são consideradas as pessoas com as quais o paciente interagiu durante pelo menos 15 minutos a uma distância inferior a um metro.
A pesquisa pode abranger dezenas de pessoas, dependendo dos hábitos e da mobilidade da pessoa infestada. Na França, um dos pacientes com diagnóstico positivo de coronavírus deu uma lista de 60 nomes.
Uma vez identificadas, estas pessoas são contactadas e informadas. Aquelas que apresentam um risco elevado de infecção devem ficar em casa e contactar as autoridades caso surjam sintomas. As pessoas que estão compartilhando suas acomodações devem deixar suas casas temporariamente”, disse Brian Martin, médico cantonal de Zurique, ao jornal Neue Zürcher Zeitung (NZZLink externo).
Se um grupo de pessoas tem que ser colocado em quarentena – por exemplo, porque estavam no mesmo avião ou ônibus que o paciente – o cenário é diferente. Neste caso, as autoridades fornecem abrigos da defesa civil.
Por outro lado, as pessoas em menor risco podem deixar suas casas, mas devem monitorar a temperatura corporal e informar imediatamente qualquer mudança.
Formação de novos “detectives”
O rastreio de contatos não é novo e faz parte das funções habituais dos consultórios médicos. Por exemplo, essas investigações são realizadas quando uma pessoa dá positivo no teste do vírus do sarampo.
As investigações epidemiológicas seguem protocolos padronizadosLink externo da Organização Mundial da Saúde. A nível internacional, foram promovidas durante outras epidemias, tais como a SRAS em 2002-2003 ou o Ébola em 2014.
No cantão de Zurique, 17 “detectives” estavam operacionais em meados de fevereiro, de acordo com o NZZ. Para fazer face à atual propagação do Covid-19, as autoridades sanitárias estão formando novos especialistas entre o pessoal especializado do Hospital Universitário, do Centro de Medicina de Viagens e da Liga Pulmonar.
No entanto, se o vírus infectar um grande número de pessoas e se espalhar amplamente, como uma gripe sazonal típica, o rastreio do contacto deixaria de fazer sentido. Nesse caso, tornar-se simplesmente impossível rastrear todos os potenciais contágios.
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