Fumo é um “serial killer”

Na Suíça 60% da população é constituída de fumantes swissinfo.ch

O tabagismo é responsável por toda uma série de cânceres, não apenas o dos pulmões. É o que mostra estudo publicado em Washington e Lyon.

Pela primeira vez se prova a existência de uma relação entre o tabaco e outros tipos de cânceres que não sejam das vias respiratórias. O trabalho foi realizado pela “Agence Internationale de Recherche (pesquisa) sur le Cancer”, com sede em Lyon, na França.

A AIRC – “subsidiária” da Organização Mundial de Saúde – é dirigida desde 1984 pelo suíço Paul Kleihues, professor de patologia, na Universidade de Zurique.

Órgãos mais afetados

“Nos mostramos que o tabaco tem efeitos nos órgãos profundos, como o estômago, fígado, colo uterino e rins. Demonstramos também que o tabaco tem conseqüências sobre certas formas de leucemia”, declarou Kleihues a swissinfo.

O médico acrescenta que “o problema do tabagismo é mais importante do que pensamos, por exemplo, para a garganta, laringe e cavidade bucal”.

Na Suíça, os fumantes constituem quase 60% da população que consome principalmente o “maryland”, tabaco reputado pela sua leveza.

Paul Kleihues rebate, por outro lado, certas idéias feitas. Segundo ele, nem o tipo de tabaco, nem o método de inalação influem no fator risco.

“Não há diferença – afirma – em fumar maryland ou outros tipos de tabaco, em fumar cachimbo ou charuto”.

Pressão sobre governos

Igualmente pela primeira vez se estabelece elo entre câncer dos pulmões e tabagismo passivo ou involuntário (a aspiração da fumaça dos outros).

A esse respeito, Kleihues acha que o estudo do AIRC venha fortalecer o direito dos não-fumantes de não serem expostos ao tabaco.

Na Suíça e na Europa em geral, os direitos dos não-fumantes não é colocado em evidência, lamenta o médico.

E acrescenta: “Considero que nosso estudo vá aumentar as pressões exercidas contra o governo suíço e outros governos para que proíbam fumar em lugares públicos e no trabalho”.

Fumante pode viver menos

Nos Estados Unidos diminui o número de fumantes e os direitos dos não-fumantes já sobressaem.

A esse respeito, o Centro Americano de Controle de Enfermidades acaba de publicar estudo confirmando que a proibição de fumar praticamente em todas as partes “reduziu consideravelmente os riscos ligados ao tabagismo involuntário”.

E segundo as pesquisas da AICR, a metade dos fumantes deverá sucumbir a uma doença causada pelo tabaco. A Agência avalia que os fumantes reduzem de 20 a 25 anos a esperança de vida, em relação aos que não fumam.

swissinfo/Marie-Christine Bonzom