Humanidade é responsável por aquecimentot global acelerado
Mais de 500 cientistas do mundo inteiro, entre eles 23 suíços publicaram um relatório alarmante sobre as mudanças climáticas. O diagnóstico é claro: o planeta vai mal - e vai piorar - por causa da ação humana.
O 4° relatório do GIEC – Grupo de Especialistas intergovernamentais sobre Evolução do Clima foi publicado ao final de uma reunião de uma semana, em Paris.
A constatação é alarmante… O aquecimento global do planeta é “muito provavelmente” causada pela atividade humana, afirma o Grupo de Especialistas Intergovernamentais sobre a Evolução do Clima (GIEC), em relatório divulgado ao final de uma reunião de 500 especialistas do mundo inteiro, entre eles 23 suíços, em Paris.
O termo diplomático “muito provavelmente” significa 90% de probabilidade para os cientistas de 113 países.
O GIEC existe desde 1988 por iniciativa da Organização Metereológica Mundial, sediada em Genebra, e do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, sediado em Nairobi, no Quênia. Saiu do GIEC, por exemplo, o Protocolo de Kyoto.
O relatório divulgado em Paris é uma primeira síntese do trabalhos dos cientistas, projeta dois cenários projetados até o final deste século,com base nos dados atuais. A segunda e a terceira sínteses – sobre o imacto preciso do aquecimento golobal e as medidas recomendadas a serem tomadas – serão publicadas em abril e em maio.
No entanto, doravante, não será mais possível negar a necessidade de medidas urgentes para evitar o pior cenário. Para se recuperar, o planeta precisará de mil anos, afirma o relatório.
Em entrevista a swissinfo, climatologista Fortunat Joos, da Universidade de Berna, afirma que “a grande maioria dos cientistas especialistas do clima está convencida que o aquecimento global está em marcha e que o aquecimento é evidente em toda a parte, com numerosas provas de que os humanos mudam a composição atmosférica”.
O cientista suíço precisa que “as medidas colocaram em evidência que os gases que provocam o efeito estufa como o dióxido de carbono (CO2) ou o metano estão em seus níveis mais altos em 650 mil anos”.
A ciência evoluiu
José Romero, especialista do Ministério suíço do Meio Ambiente e membro do GIEC afirma que desde o último relatório, em 2001, “foram feitos progressos científicos importantes na detecção do aquecimento climático e sua atribuição às atividades humanas”.
Por isso é que o GIEC “pode afirmar que o aquecimento global é uma realidade e que ele se acelera; nós últimos dez anos, tanto a concentração de CO2 como as temperaturas aumentaram mais rapidamente do que no passado”, confirma Romero.
Nas projeções para 2.100, os especialistas anunciam que a concentração de CO2 dobrará (atingindo 550 partes por milhão) em relação à era pré-industial.
As temperaturas poderão subir de 1,8 graus (no cenário otimista) a 4,5 graus (no cenário pior), dependendo do modo de vida da população. Considerando a margem científica de erro, as temperaturas subirão de 1,1°C a 6,4°C.
Oceanos, geleiras e desertificação
Uma das conseqûencias do aquecimento é o aumento do volume de águas dos oceanos por causa da fusão das calotas polares. O fenômeno já vem ocorrendo mas também deverá se acelerar com o aumento das temperaturas. O relatório prevê uma alta de 50 cm do nível dos oceanos ou de até 7 metros, se o todo o gelo do Ártico derreter. Calcula-se que se os oceanos subirem entre 28 a 43 cm, cerca de 200 milhões de pessoas teriam de ser deslocadas.
As geleiras também continuarão a recuar. No pior cenário, as geleiras dos Alpes suíços desaparaceriam totalmente até o final do século. Muitas regiões hoje produtivas poderão tornar-se desérticas.
Reação na Suíça
“Devemos entrar numa nov era”, afirmou o ministro suíço dos Tansportes, Energia e Meio Ambiente, Moritz Leuenberger. Ele explicou que é preciso “tirar as lições” do relatório no plano político e que as medidas incitativas e voluntárias para a redução do efeito estufa não são mais suficientes e que é preciso passar à fase da obrigatoriedade.
Leuenberger lembra que é favor de uma taxa mundial sobre o CO2, idéia que defendeu na Conferência sobre o Clima, em Nairobi, no ano passado.
O ministro suíço acha que o relatório do GIEC servirá de base para negociar o que virá depois do Protocolo de Kyoto (que termina em 2012) e que é preciso obter a adesão dos países que ainda não se comprometeram em reduzir suas emissões de C02.
Moritz Leuenberger precisou ainda que apóia a criação de uma Organização Mundial do Meio Ambiente para coordenar as ações até agora muito dispersas. A nova era à qual o ministro suíço se refere é a do “casamento indispensável entre a economia e a ecologia”.
swissinfo com agências
Os primeiros trabalhos do GIEC levaram a comunidade internacional a elaborar, em 1992, a Convenção da ONU sobre as mundanças climáticas e, em 1997, o Protocolo de Kyoto para lutar contra o efeito estufa.
O quarto relatório agora publicado mobilizou mais de 2.500 pesquisadore e servirá de base para as negociações para o “pos Kyoto”, em 2012.
O GIEC tem um orçamento de 5 milhões de suíços por ano. A Suíça contribui com 120 a 150 mil francos e acolhe o Secretariado do grupo e numerosas reuniões de seus membros, em Genebra.
Alta provável da temperatura: 1,8 a 4 graus centígrados mas que pode chegar até 6,4°C
Elevação média global do nível dos oceanos: 43 centímetros
As geleiras do Ártico deverão desaparecer entre 2050 e 2.100.
Altas temperaturas mais regularmente
Intenficação das tempestades tropicais.
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