Internet do futuro está a caminho
Boa parte da humanidade não conhece a Internet e ela já está ficando obsoleta.
O Cern – instituto euopeu de pesquisa em Física de partículas, entre Genebra e a fronteira francesa, já está bem avançado no projeto Grid, a segunda geração da Internet.
A base da Internet, ou seja, o w.w.w. contido em todos os endereços de sites, foi inventada pelos físicos do Cern, um instituto europeu de pesquisa em Física de partículas, entre Genebra e a fronteira francesa.
Internet atual é muito limitada
Como físicos do mundo inteiro trabalham em projetos do Cern, a idéia foi criar uma rede de comunicação entre eles, que começou a funcionar no início dos anos 80. Anos depois, veio a revolução das comunicações que conhecemos e que está longe de terminar.
Quando representantes de governos, de organizações não governamentais e de empresas participaram em Genebra, da primeira Cúpula Mundial da Sociedade de Informação, organizado para discutir o problema da “exclusão digital” entre países ricos e pobres e dentro de cada país, o Cern prepara a etapa seguinte da globalização da informação.
Há quatro anos, seis mil físicos e engenheiros de mais de 250 instituições em 60 países trabalham juntos na GRID (Global Resource Information Database), um gigantesco banco de dados global.
Mais uma vez, a necessidade da troca de informações em volume e complexidade crescentes entre cientistas vai propiciar uma revolução tecnológica da informação.
“A internet que temos hoje é muito limitada porque muito lenta e não permite certas aplicações como a terceira dimensão, por exemplo,” afirma o físico Alberto Franco de Sá Santoro, da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), que trabalha no projeto Grid. “Com a Grid, a globalização da informação será uma realidade”, acrescenta.
Como será no futuro?
Como a internet que conhecemos, a Grid será utilizada inicialmente pelos cientistas, dentro de 2 ou 3 anos, nos cálculos de Sá Carneiro. Em menos de 10 anos ela deverá ser acessível ao grande público.
Do que se trata? A grande diferença para o usuário será a velocidade e a qualidade. Uma determina a outra, já que é preciso transmitir uma grande número de dados para melhorar a qualidade.
Recordes sucessivos de velocidade de transmissão vem sendo batidos entre o Cern e universidades nos Estados Unidos.
“Para se ter uma idéia do volume de dados, no estágio atual dos projetos, se você empilhar um CD em cima do outro, dá quatro vezes a altura do Cristo Redentor, mais ou menos”, afirma o físico carioca. “Dentro de 10 anos, será mil vezes mais”, acrescenta.
Outra diferença, que o usuário não perceberá, é que a GRID será setorial. Fala-se em Grid musical, Grid médica etc. Dentro da Grid médica, poderá haver, por exemplo, a Grid oncológica (para especialistas em câncer) e assim por diante.
Cuidado com a exclusão
A Grid também terá de ser descentralizada. O volume de dados é tão grande que será impossível tratá-los em um só laboratório ou supercomputador. Serão centenas, milhares de centros de competência, o que poderá permitir que cientistas de países periféricos trabalhem em condições similares às da Europa e Estados Unidos.
“Mas será preciso evitar a exclusão digital entre países desenvolvidos e em vias de desenvolvimento, que está aumentando”, adverte Sá Santoro. “Se não instalarmos redes tão boas como nos países desenvolvidos, a Grid será acessível apenas aos ricos e não a todos, como queremos e estamos trabalhando”.
swissinfo, Claudinê Gonçalves
– Internet atual, inventada no Cern, é muito lenta e limitada.
– Cientistas precisam de transmitir cada vez mais dados e mais complexos.
– 6 mil físicos e engenheiros de 60 países trabalham há quatro anos no projeto Grid.
– Dentro de dois ou três anos, os cientistas vão começar a utilizar o novo meio.
– A Grid será muito mais rápida e de melhor qualidade.
– Pode ser acessível ao usuário comum em menos de dez anos.
– Problema maior é instalar redes de boa qualidade nos países em desenvolvimento para evitar a exclusão digital dos pobres, que está se acentuando.
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