O meteorologista português Luís Filipe Nunes chegou a Genebra em 2013 para trabalhar na Organização Mundial de Meteorologia. Frente às mudanças do clima, considera importante o papel de ativistas como a menina sueca Greta Thunberg.
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Filipe Carvalho
Luís Filipe Nunes, 57 anos, nasceu em Moçambique. Quando a família retornou à Portugal, instalaram-se em Aveiro. Em 2013 estabeleceu-se em Genebra para trabalhar na Organização Mundial de Meteorologia (OMMLink externo), onde trabalha como pesquisador no programa WIGOSLink externo (WMO Integrated Global Observing System).
O artigo faz parte da série Jovens Pesquisadores Portugueses na Suíça.
Quanto trabalhou no Instituto de Meteorologia em Portugal, Luís Nunes colaborou com a Organização Mundial de Meteorologia (OMM). “Portanto conhecia as atividades da OMM. A interação com outros países sempre me fascinou e quando surgiu a vaga para o programa WIGOS eu senti que se encaixava perfeitamente no meu perfil”.
O programa WIGOS pretende agrupar diversas observações e monitorizações climatéricas, meteorológicas, hídricas, atmosféricas mundiais e criar um conjunto de normas a serem seguidas pelos centros regionais em diversas zonas do globo. Dessa forma, disponibilizam informações mais precisas, “para as previsões do tempo, que é o objetivo mais imediato dos dados meteorológicos, mas também informação climática para apoiar as projeções sobre o clima futuro”.
Em Genebra, Luís Filipe Nunes coordena a implementação dos centros regionais para que o projeto se torne uma realidade. O pesquisador recolhe informações sobre as séries de observações para que conheçam os diversos pormenores a elas associados. Dessa forma, “quem vai trabalhar essas informações sabe o nível de confiança e qualidade desses dados. Essa é uma das ferramentas que o WIGOS desenvolveu a par com a monitorização em tempo real do que é que cada país está a divulgar para o resto do mundo.”
“Esta área fascina-me, trabalhar com muitos países, muitas culturas e sentir que estamos a ser úteis…”
Ao longo dos próximos anos vários centros regionais vão iniciar as operações. Argentina e Brasil vão partilhar um centro para a América do Sul. Na África Oriental, o centro será partilhado pelo Quénia e Tanzânia e ainda serão instalados centros em Marrocos e África do Sul. China e Japão vão acolher dois centros direcionados para o continente asiático. Na Europa, as ferramentas informáticas estão na Alemanha e a coordenação é feita a partir do Reino Unido. Em fase de desenvolvimento ainda estão os centros para a América Central e do Norte e no Sudeste Asiático e Oceania.
Luís Filipe Nunes ainda pretende permanecer por mais alguns anos em Genebra, “há muitas regiões do globo onde nós ainda não conseguimos chegar e gostaria que tivessem um papel relevante no cenário climático global. O WIGOS está a iniciar a fase operacional e eu estou muito empenhado em continuar”.
Quando regressar a Portugal, está seguro de que esta experiência lhe permitirá contribuir para que o país tenha um papel mais relevante nas medições e observações meteorológicas através da “experiência de coordenação entre vários organismos que estou a ter e assim, Portugal poderá evoluir ainda mais nesses domínios.”
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