Número de iletrados assusta
Porcentagem importante de suíços e elevada de estrangeiros não entende textos simples, alerta estudo. Na era da informática, 30% dos suíços podem fracassar diante das exigências para contrato de trabalho.
Entre os suíços há 10% que têm dificuldade de compreensão de um texto fácil. Entre os estrangeiros essa proporção chega a 60%. Esta é a conclusão de um estudo do Centro Suíço para a Pesquisa em Educação (CSRE).
É uma situação que cria sérios obstáculos na era da informática que exige das pessoas “maior utilização de informações escritas, mesmo na vida diária”, segundo a pesquisa.
Descompasso
Stéphanie Vanhooydonck, co-autora desse estudo, lembra que, já no início dos anos 90, análises comparativas internacionais mostravam a existência de “defasagem entre a demanda social de competência de leitura e a competência efetiva da população”.
O risco decorrente de um aumento das desigualdades de uma “sociedade em descompasso” leva as autoridades a reagirem. Mas o alerta já havia sido dado, três anos atrás, por uma associação (“Ler e Escrever”) que luta, desde 1988, contra o iletrismo dos adultos no País.
A associação inquietava-se com a acentuação do problema diante do espaço cada vez maior que ocupa o computador na sociedade.
A coordenadora de “Ler e Escrever”, Brigitte Pythoud, denuncia “uma realidade vivida dolorosamente, pois as pessoas não podem participar de todas as atividades simples, como ajudar os filhos a fazer os deveres escolares, preencher formulários ou utilizar cabines telefônicas informatizadas”.
Fenômeno atinge também os jovens
Estudo da OCDE (reunindo os países mais desenvolvidos) – publicado em dezembro – revela que na Suíça, 20% dos alunos que terminaram o ensino básico obrigatório (8 a 9 anos) tinham dificuldade em compreender um texto simples. Cifra surpreendente que corresponde a uma média nos países industrializados. Mostra que o iletrismo é um problema de sociedades em que o analfabetismo inexiste.
Remédios
Especialistas são prudentes na definição das causas da situação que dependem de muitos fatores relacionados com a família, a escola, ao próprio individuo, etc…
As conseqüências também não são palpáveis. Stéphanie Vanhooydonck constata, porém, que “as exigências profissionais aumentam e os iletrados penam cada vez mais em encontrar um lugar na sociedade e no mundo do trabalho”.
Quanto aos remédios, “complexos”, os especialistas estimam necessário continuar as pesquisas, melhorar a prevenção entre os adultos e na escola e aplicar uma estratégia coordenada.
Seria preciso também informar o público, porque o iletrismo é geralmente escondido por ser considerado vergonhoso e ainda um tabu.
Swissinfo/Isabelle Eichenberger (adapt. J.Gabriel Barbosa).
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