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O mistério das avalanches

Imagem de uma avalanche nos Alpes suíços: a maior parte é causado por pessoas. SLF

O inverno não traz apenas neve e frio, mas também avalanches. Vinte e cinco turistas e esquiadores morrem anualmente soterrados por toneladas de neve.

Para pesquisar o fenômeno foi criada uma instituição única na Europa: o Instituto Suíço de Pesquisa da Neve e das Avalanches, em Davos.

Os Alpes dominam o horizonte em grande parte da Suíça. Como ocorre em todos os invernos, suas belas montanhas cobertas de neve são visitadas por turistas de todas as parte do mundo. Apesar de idílicas, as paisagens brancas escondem um perigo mortal.

Avalanches são o outro lado da montanha. Tragédias em 1951 e 1999 mostraram que elas são um verdadeiro risco nas alturas. Em 2003, vinte e um turistas perderam suas vidas ao serem soterrados por toneladas de neve em queda.

Pressão

“Grandes avalanches exercem uma pressão de 20 a 30 toneladas por metro quadrado. Para comparar: uma tonelada já seria suficiente para tirar uma locomotiva dos seus trilhos”, explica Paul Föhn, vice-diretor do Instituto Suíço de Pesquisa da Neve e das Avalanches, localizado em Davos (SLF, na sigla em alemão).

Avalanches podem alcançar também uma velocidade de 200 a 300 quilômetros por hora, levando consigo cidades inteiras, estradas, pontes e, naturalmente, pessoas.

Apesar dos seus trinta anos de experiência em pesquisa de avalanches, Paul Föhn ainda se surpreende com o fenômeno. “Sobretudo pelo fato de nunca podermos prever quando e onde ocorrerá uma avalanche”. Nós só podemos avaliar os riscos potenciais e sugerir medidas de segurança”.

Pesquisas na neve

O SLF emprega cerca 130 pessoas. A equipe interdisciplinar pesquisa em três setores: estudos da neve, catástrofes naturais e o meio-ambiente alpino.

As atividades científicas são complementadas também por um serviço considerado muito útil na Suíça: o boletim regional e nacional diário de avalanches. Durante a temporada de esqui, são publicados mesmo dois boletins diários.

A combinação de pesquisa e serviço informativo para a população faz do SLF um centro de competência único na Europa.

Atenção: boletim das avalanches

Porém como são feitos os boletins? De onde vêm os dados coletados? Qual a sua verdadeira utilidade?

“Nos trabalhamos em conjunto com 100 postos de observação e especialistas que atuam na região dos Alpes. Eles nos fornecem com freqüência dados sobre a quantidade e qualidade da neve”, revela Thomas Wiesinger, um dos responsáveis pelo boletim de avalanches.

Ao mesmo tempo, o SLF dispõe de estações de medição automáticas, localizadas em diferentes localidades e alturas nas montanhas suíças. Dentre outros, elas fornecem informações sobre as temperaturas e a velocidade dos ventos.

Os dados coletados são enviados eletronicamente à central à central em Davos. Lá o boletim de avalanches é publicado em alemão, francês e italiano para o público interessado.

“Nós estamos convencidos que o nosso boletim é importante para turistas, esquiadores e caminhadores de montanha”, completa Wiesinger.

Falta de atenção

De 80 a 90% das avalanches são causadas por esquiadores ou alpinistas. Muitos desses aventureiros escolhem pistas ou caminhos fora das regiões seguras, apesar dos alertas dados pelas autoridades.

Quando é grande o risco de avalanches? A resposta é dada por Thomas Wiesinger, do SLF:

– “O risco é maior quando existem várias camadas heterogêneas de neve, quando muita neve caiu em poucos dias, quando existem fortes ventos e quando as temperaturas sobem rapidamente”.

Porém também em temperaturas muito reduzidas o risco pode ser grande. “Quando o tempo está claro, formam-se camadas e a neve torna-se, dessa maneira, muito instável”, completa Paul Föhn. Ao mesmo tempo, ainda existem outros fatores de risco.
Sobretudo pessoas podem provocar avalanches. Um falso passo dado sobre um ponto de risco ou quando os esquis passam por uma área instável, então catástrofes podem ocorrer.

Para Thomas Wiesinger, “natal e final de fevereiro é o período de maior risco de avalanches”. Esses dias são, porém, os preferidos para turistas e esquiadores apaixonados pelas montanhas suíças.

swissinfo, Marzio Pescia em Davos
traduzido por Alexander Thoele

Reportagem continua. Clique AQUILink externo para ler o texto “Como sobreviver uma avalanche?”

– O Instituto Suíço de Pesquisa da Neve e das Avalanches foi criado em 1942. Seu orçamento anual é de 12 milhões de francos suíços.

– 1951 foi um terrível ano em relação a avalanches: 95 pessoas morreram soterradas pelas massas de neve. A catástrofe deu início a várias medidas de prevenção como suportes nas montanhas.

– Também os invernos de 1967/68, 1974/75, 1983/84 e 1998/99 foram marcados pelo grande número de avalanches.
– Sobretudo 1999 entrou para a história como o “ano das avalanches”. Entre janeiro e fevereiro chegaram a se acumular na parte norte dos Alpes mais de cinco metros de neve.

– Em 1999, ocorreram mais de 1.350 avalanches, que provocaram prejuízos calculados em mais de 440 milhões de francos, dos quais se juntam 245 milhões de perdas no setor de turismo de inverno.

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