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Pesquisadores procuram meteoritos no deserto

A equipe de pesquisadores suíços vasculha o deserto à procura de meteoritos (foto: Stefan Affolter) swissinfo.ch

Trata-se de um projeto único no sultanato de Oman: cientistas e estudantes da Universidade de Berna procuram meteoritos no deserto.

Muitas dessas pedras vindas do céu precisaram milhões de anos para chegar na Terra. Elas dão informações valiosas sobre o sistema solar.

Marc Hauser, que acaba de retornar da sua viagem no deserto de Oman, ainda se lembra da primeira vez que encontrou um meteorito: – “Você pode ver que ele foi registrado com o número 211 no meu caderno de anotações, em 6 de fevereiro de 2001, às 13:40”.

Antes o geólogo suíço já esteve trabalhando nesse país da península arábica, porém realizando levantamentos topográficos. Graças à cooperação de 35 anos com o sultanato liberal, os pesquisadores de Berna iniciaram em 2001 o primeiro projeto de pesquisa de meteoritos em Oman.

”Sayh al Uhaymir 094”

Pouco depois do início da procura no deserto, a equipe formada por cientistas e estudantes da Universidade de Berna, do Museu de História Natural de Berna e do Ministério do Comércio de Oman fez uma incrível descoberta: Marc Hauser encontrou um meteorito originário de Marte, com 223 gramas. Ela recebeu o nome de “Sayh al Uhaymir 094” e viajou milhões de anos até chegar no nosso planeta.

O objeto encontrado no deserto foi analisado através de métodos complexos, para avaliar sua idade e também características geológicas.

Terreno ideal

Oman não é o país mais “visitado” por meteoros de outros planetas e universos. Porém o imenso deserto facilita muito mais a conservação e também a descoberta desses objetos celestes, do que nas florestas tropicais ou montanhas da Suíça.

“Oman é um território ideal devido a enorme extensão do seu território e também pelo fato de pouca coisa ter mudado num período de muitos anos”, explica Marc Hauser.

Corpos estranhos no deserto

Ele e sua equipe, formada também por quatro pesquisadores amadores, encontraram 70 meteoritos durante o último outono.

“Para isso nós conduzíamos dois veículos a passo de tartaruga e observávamos qualquer corpo estranho na areia”, conta Stefan Affolter, que esteve pela primeira vez em Oman. Na maior parte das vezes, esses objetos não passavam de esterco de camelo ou latas enferrujadas.

“Para encontrar algo é necessário não só uma porção de sorte, mas também de intuição”, revela a cientista amadora Christa Rohner.

Origens do universo

O geólogo Hauser considera seu trabalho fascinante. Ele prefere pesquisar ao ar livre do que em laboratórios. “Meteoritos, que na verdade foram cometas, chegam no nosso planeta e nos dão informações sobre as origens do nosso sistema solar”.

A análise acurada da sua composição dá informações valiosas sobre o que ocorreu a mais cinco bilhões de anos atrás. “Eles são como fascinantes mensageiros do espaço”. Por isso o suíço sente, por vezes, vontade de deixar essas pedras no deserto, no mesmo lugar em que elas caíram no passado distante.

Pedras celestes intocadas

Para Stefan Affolter vivenciar o deserto já é uma experiência fascinante. Segundo o suíço, lá as pessoas se sentem insignificantes na imensidão de areia. “E quando encontramos os meteoritos, que nos últimos milhares de anos nunca foram tocados por ninguém, somos obrigados a refletir”.

Christa Rohner considera muito especial colocar um meteorito na mão. Afinal, ela sabe que essa pedra veio do céu e que talvez seja um pedaço da Lua ou de Marte. “Que estranha sensação”.

swissinfo, Gaby Ochsenbein
traduzido por Alexander Thoele

Meteorito: fragmento de meteoróide que cai sobre a superfície da Terra; astrólito (Dicionário Houaiss).
Geralmente meteoritos são magnéticos.
Meteoritos originários da Lua, Marte e Terra não são magnéticos.
Uma grama de meteorito de Marte vale mil dólares.
Uma grama de meteorito da Lua entre 30 e 40 dólares.
Para percorrer de Marte até a Terra um meteorito precisa entre 0,7 e 20 milhões de anos.
Também na Suíça já foram encontrados meteoritos: Twannberg, Utzenstorf e em Ulmiz.

-A Universidade de Berna atua há mais de 35 anos em Oman.
-O projeto de pesquisa, que une o Instituto de Geologia da Universidade de Berna, o Museu de História Natural de Berna e o Ministério de Comércio de Oman, foi iniciado em 2001.
– Até 2004 o projeto será apoiado pelo Fundo Nacional de Pesquisas da Suíça.
Estudantes de Oman participam do projeto.

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