Remédios baratos não resolvem, diz ministra.
A ministra suíça do Interior, Ruth Dreifuss, responsável pela área da saúde, criticou projeto destinado a obrigar os seguros-saúde a pagarem só remédios mais baratos que servem para o mesmo tratamento. "A intenção é boa, mas as conseqüências ruins".
Esse projeto em forma de iniciativa popular (instrumento da democracia direta suíça) deverá ser votado pelo povo dia 4 de março.
Trata-se de proposta, apresentada por uma grande rede de supermercado (Denner), visando fazer com que os seguros-saúde (que geralmente restituem 90 por cento do preço pago pelo doente) só levem em consideração – quando há mais de um remédio para a mesma enfermidade – o medicamento mais em conta.
O objetivo, “louvável”, é diminuir o preço da saúde que na Suíça é o mais caro do mundo, depois dos Estados Unidos. Mas, segundo a ministra Dreifuss, essa solução é inapropriada, realçando que o produto mais barato nem sempre é o mais adequado.
Uma das conseqüências da aprovação da iniciativ seria que os enfermos crônicos devessem mudar de remédios cada vez que se comercializasse um produto mais em conta. Quem quisesse o medicamento semelhante mais caro teria que pagar do próprio bolso, o que é inaceitável, na opinião de Dreifuss.
A ministra lembrou que a utilização de medicamentos genéricos (mesma composição que outro de nome diferente e mais baratos) continua sendo uma prioridade. Mas estima que a proposta de Denner vai longe demais.
Lembrou também que a partir deste ano, os farmacêuticos podem vender medicamentos genéricos desde que o médico não tiver exigido entrega do produto original.
Outra medida destinada a baixar os custos é que todos os remédios que figurem há mais de 15 anos na lista de produtos que os seguros devem ressarcir, estão sistematicamente submetidos a redução de preços.
Ruth Dreifuss criticou outros aspectos da proposta, como a que autoriza sem licença especial a venda de medicamentos fabricados na França, Itália, Alemanha e Austria, países com os quais a Suíça faz fronteira.
Se o permitisse, lembrou a ministra, a Suíça teria que abrir as portas a medicamentos de outros países, em virtude de normas da Organizãção Mundial de Comércio.
Seria uma avalancha de remédios no país que nesse setor registra 8 mil produtos atualmente.
swissinfo com agências
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