Resta pouco tempo para salvar as espécies
Conferência internacional que vai até dia 20, na Malásia, renova a esparança de reverter o declínio das espécies vegetais e animais.
Mas é preciso agir rapidamente, afirma Beat Nobs, chefe da delegação suíça na conferência sobre a biodiversidade em Kuala Lumpur.
«Se pudessemos dar um primeiro passo, pelo menos mostraríamos ao mundo que somos sérios”, afirma Beat Nobs, chefe da divisão internacional da Secretaria Federal suíça do meio ambiente.
O embaixador falou pouco antes da abertura da 7a Conferência das partes da “Convenção subre a diversidade biológica” (COP-7), de 9 20 de fevereiro em Kuala Lumpur, Malásia.
Na abertura dos trabalhos, Klaus Toepfer, diretor executivo do Programa das Nações Unidas para o meio ambiente (PNUE), fez a mesma constatação: “Não atingimos o objetovo da Convenção” e “a perda da biodiversidade continua a ocorrer em grande escala”.
Segundo a organização ecológica World Conservatio Union (IUCN), 27 mil espécies desaparecem a cada ano, 24% das espécies de mamíferos e 12% das espécies de pássaros estão seriamente ameaçadas de extinção.
A destruição rápida da biodiversidade do planeta é amplamente tributada às atividades humanas como a urbanização e a agricultura intensiva.
Plano de ação estagnado
Na Eco Rio 92, os dirigentes do mundo inteiro fixaram como objetivo a preservação das espécies e assinaram a Convenção sobre a diversidade biológica.
Com a finalidade de criar um modelo econômico sustentável que preservasse as espécies, o tratado (de aplicação não obrigatória) fixava objetivos, políticas e obrigações de ordem geral.
Dez nos depois, na Cúpula de Joanesburgo, os dirigentes do planeta fixaram para 2010 o início da reversão do processo, mesmo sem concordarem sobre as medidas concretas a serem tomadas.
Nos seis anos que faltam, é cada vez mais urgente conter o declínio da biodiversidade em escala global, regional e nacional.
“Falta pouco tempo, afirma Beat Nobs. Se conseguissemos colocar a locomotiva nos trilhos e fazê-la funcional, já seria um progresso considerável.”
Zonas protegidas
Os defensores do meio ambiente têm a convicção que a prosperidade depende da preservação da biodiversidade.
Afirmam que ela propricia à sociedade os bens e serviços essenciais como alimentação, água potável e medicamentos.
“A Convenção representa um fórum único para definir estratégias de preservação dos ecossistemas, reduzir a pobreza e melhorar a qualidade de vida na Terra”, afirma Matha Couchena-Rojas, chefe da delegação do IUCN.
A necessidade de delimitar zonas protegidas foi reconhecida há muito tempo e correspondem, atualmente, a 11,5% da superfície do planeta.
Os Estados, no entanto, tardam em concordar sobre a compensação das populações que protegem e mantém as florestas e outros espaços naturais em benefício de toda a humanidade.
“Não falamos somente dos parques nacionais, que são integralmente protegidos”, precisa Beat Nobs.
“As zonas protegidas devem também permitir a sobrevivência de seus habitantes e populações vizinhas. Só poderemos aplicar as medidas necessárias se essas pessoas estiverem implicadas no processo de preservação.”
Biosegurança
A questão da biosegurança também está na ordem do dia em Kuala Lumpur.
Os delegados vão discutir como proteger a diversidade biológica dos riscos potenciais criados pelos transgênicos (OGM).
“Todo país deveria ter o direito de informar claramente a população sobre os trangênicos que aceita importar”, acrescenta Nobs.
O acesso aos transgênicos, a divisão dos lucros e a biodiversidade das regiões montanhosas também serão discutidos.
Beat Nobs acresceta que a preservação da biodiversidade deve ser integrada a todos os setores da atividade humana, inclusive à agricultura, turismo e gestão das florestas.
A pressão demográfica
A Suíça não é poupada pela extinção das espécies. Cerca de 32% das plantas, 95% dos anfíbios e 80% dos répteis estão ameaçadas ou já foram extintas.
Nas florestas suíças, 24% das espécies de pássaros estão ameaçadas de extinção.
Beat Nobs ressalta que a Suíça elaborou e aplica parte de uma estratégia para favorecer a biodiversidade, mas que ainda resta muito a fazer. “Um país como a Suíça, com grande concentração de população e área habitável reduzida, exerce fortes pressões sobre a diversidade.”
Como exemplo, Nobs cita um estudo recente sobre 70 espécies de peixes na Suíça e que constatou que 8 são consideradas extintas, 5 quase extintas e 45 ameaçadas de extinção.
swissinfo, Vincent Landon
(Adaptação: Claudinê Gonçalves)
– A 7a Conferência da Convenção sobre a diversidade biológica” (COP-7) começou dia 9 e vai até dia 20 de fevereiro em Kuala Lumpur, Malásia.
– Elaborada na Eco Rio 92, a Convenção prevê um desenvolvimento sustentável que preserve as espécies.
– A Conferência será seguida da primeira reunião do Protocolo de Cartágena sobre a biosegurança, de 23 s 27 de fevereiro.
– Os cientistas estimam que há entre 10 e 100 milhões de espéces animais e vegetais no planeta.
– Segundo a Convenção, cerca de 34 mil plantas e 5.200 espécies animais estão em fase de extinção.
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