A superfície do Aletsch (Vallese), o maior glaciar dos Alpes, diminui cerca de cinco metros por ano em sua parte mais baixa.
Keystone / Anthony Anex
Apesar das temperaturas relativamente amenas neste verão, as geleiras na Suíça continuam a derreter. Fotos de dois fotógrafos aficionados ilustram a mudança que está ocorrendo nos Alpes.
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Eu cubro mudanças climáticas e energia através de reportagens, artigos, entrevistas e relatórios aprofundados. Estou interessado nos impactos do aquecimento global na vida cotidiana e soluções para um planeta livre de emissões.
Apaixonado por viagens e descobertas, estudei biologia e outras ciências naturais. Sou jornalista da SWI swissinfo.ch há mais de 20 anos.
“O calor típico do verão de julho não foi particularmente pronunciado na Suíça e o número de dias tropicais foi significativamente menor” do que em julho de 2019.
O Boletim Climático publicado pelo Departamento Federal de Meteorologia e Climatologia confirma a percepção da população suíça de que este verão foi (até agora) poupado do calor dos últimos dois anos.
Boas notícias para os idosos, doentes, mulheres grávidas e crianças pequenas, ou seja, as pessoas de maior risco. E boas notícias para aqueles que passam o verão nas montanhas, observando a saúde das geleiras alpinas.
Entre eles encontra-se Matthias Huss, diretor da Rede Suíça de Monitoramento de Glaciares (Glamos). Com base nas medições intermediárias feitas em seis geleiras, Huss observa que este ano a situação é “melhor” do que nos últimos anos extremos.
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Por que o degelo das geleiras nos afeta?
As geleiras dos Alpes podem desaparecer completamente até o final do século. As consequências se farão sentir em toda a Europa.
No entanto, “2020 também pode ser considerado um ano ruim para as geleiras porque uma clara redução de massa foi observada”. Em comparação com os últimos dois anos, as temperaturas do ar foram mais baixas, mas o volume de neve no final do inverno – que protege as geleiras da radiação solar – não foi tão espesso, observa Huss.
Uma mudança documentada em fotos
Desde 1850, o volume das geleiras alpinas reduziu em cerca de 60%. A partir de um estudo da Universidade de Erlangen-Nuremberg publicado na revista científica Nature Communication, a maior perda de gelo foi registrada nos Alpes suíços.
“A Suíça tem as maiores geleiras, mas também a maior taxa de derretimento”, comentou Christian Sommer do Departamento de Geografia, co-autor do estudo. Por exemplo, a área da maior geleira dos Alpes, a geleira Aletsch no Valais, está recuando mais de cinco metros por ano em seu ponto mais baixo.
Entretanto, os números por si só não são suficientes para entender o que está acontecendo nas montanhas e como o recuo das geleiras está mudando a paisagem e todo o ecossistema alpino. É por isso que fotografias de glaciares tiradas com anos de diferença são de grande valor, como o trabalho de Daniela e Simon Oberli, que documentam as mudanças em numerosas geleiras suíças em seu site GletscherVergleiche.chLink externo há mais de dez anos.
Glaciar do Ródano, Vallese, 2.210 metros de altitude. Imagens captadas em 28 de junho de 2007 (acima) e 5 de julho de 2019.
Simon Oberli, GletscherVergleiche.ch / SwissGlaciers.org
Glaciar de Lang, Vallese, 2.068 metros de altitude. Imagens captadas em 16 de outubro de 2006 (acima) e 22 de agosto de 2016.
Simon Oberli, GletscherVergleiche.ch / SwissGlaciers.org
Glaciar de Gries, Vallese, 2.500 metros de altitude. Imagens captadas em 19 de agosto de 2003 (acima) e 27 de setembro de 2018.
Simon Oberli, GletscherVergleiche.ch / SwissGlaciers.org
swissinfo.ch/ets
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