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Sindicatos exigem “trabalho decente” para todos

O cravo vermelho simboliza 1o de maio para muitas pessoas. Keystone

Para marcar o Dia do Trabalhador, a Federação Suíça de Sindicatos pede "trabalho decente para uma vida decente".

As principais reivindicações são por melhores condições de trabalho, salários justos e segurança social acessível para todos. Os sindicatos exigem que esses sejam os principais objetivos da política econômica suíça.

No discurso de 1o de Maio realizado em Kreuzlingen, vilarejo localizado ao norte da Suíça e fronteiriço com a Alemanha, Paul Rechsteiner, presidente da Federação Suíça de Sindicatos, afirmou que os partidos de esquerda, ecologistas e sindicatos precisam se unir pela luta por idades flexíveis de aposentadoria, acrescentando também que uma nova política social é necessária para o país.

O ministro do Interior, Pascal Couchepin, membro de um partido de centro-esquerda, defende uma idade mínima de aposentadoria mais elevada do que os atuais 65 anos para homens e 54 para mulheres.

Paul Rechsteiner, que também é deputado federal do Partido Social-Democrata, analisou a situação econômica atual. “Não só a economia do país está indo de vento à popa, mas também as empresas apresentam lucros recordes e os dirigentes aproveitam da situação, tendo salários cada vez mais elevados”.

Trabalhadores em tempo parcial

Rechsteiner revela no seu discurso que o número de empregos em tempo parcial na Suíça aumentou de 100 mil para 200 mil em apenas dez anos. “O mais discrepante é que a minoria dos trabalhadores adotou essa forma de trabalho por livre espontânea vontade”, acrescenta.

A Federação Suíça de Sindicatos exige que as empresas transformem esses empregos de tempo parcial em vagas de 100% de ocupação. Sua argumentação é que “todos devem ser beneficiados pela recuperação econômica”.

O parlamentar afirmou que um grande número de jovens está procura “desesperadamente” vagas para aprender um ofício nas empresas e não encontram “se tiverem o nome incorreto”, fazendo alusão aos imigrantes ou descendentes destes. “A boa situação econômica poderia refletir na esperança dos desempregados de encontrar um trabalho”, defendeu.

O emprego pleno na Suíça é um objetivo realista, segundo declara o ex-sindicalista Serge Gaillard, que atualmente dirige a divisão de trabalho na Secretaria de Estado para Economia (SECO, na sigla em alemão). Durante uma entrevista dada ao jornal Aargauer Zeitung, Gaillard ressaltou que o objetivo pode ser alcançado através de três pré-condições.

Boa educação

A primeira seria um sistema educacional de qualidade que permita os jovens de entrarem no mercado de trabalho. Além disso, ele destacou a vontade política para reduzir ao máximo os períodos de recessão econômica e programas que permitam os desempregados a retornar ao mercado de trabalho o mais rápido possível.

Na Suíça, representantes do Partido Social-Democrata e dos sindicatos tradicionalmente fazem discursos públicos ou dão entrevistas no Dia do Trabalhador.

A exceção é dada pelos membros do próprio governo federal. Nem Micheline Calmy-Rey, ministra das Relações Exteriores, ou Moritz Leuenberger, ministro dos Transportes farão discursos no 1o de Maio, apesar de serem membros do Partido Social-Democrata.

Claudine Godat, porta-voz do partido, explica que Calmy-Rey não quer discursar no ano em que ela assumiu também o cargo de Presidente da Confederação (n.r. cargo de representatividade, assumido por ministros a cada ano, em sistema de rotatividade). Já Leuenberger, segundo Godat, não tem o hábito de discursar no Dia do Trabalhador ou em outros feriados nacionais.

No ano passado, o ministro dos Transportes foi obrigado a abandonar uma praça de Zurique, onde estava participando das comemorações do Dia do Trabalhador, depois que extremistas de esquerda começaram a organizar badernas.

swissinfo com agências

16 organizações são afiliada à Federação Suíça de Sindicatos.
Juntas, elas dispõem de 390 mil membros.
A federação é independente de partidos políticos.
Na Suíça os sindicatos são responsáveis, individualmente, pela negociação de acordos salariais ou contratos coletivos.

O poder de compra se estagnou praticamente na Suíça no ano passado, de acordo com dados publicados na segunda-feira.

Os salários reais cresceram apenas 0,1%. Já os salários nominais tiveram um aumento de 1,2%, mas que foi anulado pela inflação de 1,1%.

Os sindicatos criticam fortemente essa situação. Para Daniel Lampart, economista-chefe da Federação Suíça de Sindicatos, os “lucros em 2006 permaneceram nas mãos dos especuladores e empresários”.

Todo empregado na Suíça tem o direito de aderir ou não a um sindicato. Os sindicatos são financiados através das contribuições dos seus membros.

Em 2004, 25% das pessoas empregadas na Suíça faziam parte de um sindicato. Na Europa a situação é diferente: 29% na Grã-Bretanha, 26% nos países da União Européia e 13% nos Estados Unidos.

A Federação Suíça de Sindicatos é a maior organização de trabalhadores do país. A segunda maior federação é a Travail Suisse, da qual fazem parte 13 organizações.

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