“Solar impulse” é atração no Salão das Invenções
O projeto de volta ao mundo em avião movido a energia solar é alvo de muita curiosidade no atual Salão das Invenções de Genebra, o maior do mundo.
Inventores de mil produtos novos de 42 países, inclusive Portugal, disputam brecha para comerciá-los.
O projeto de dar volta ao mundo em avião solar, lançado por Bertrand Piccard – que se tornou conhecido por façanha semelhante, em balão e sem escalas, em 1999 – está bem em destaque no “Salão das Invenções, das Técnicas e Produtos Novos”, realizado no Palexpo, ao lado do aeroporto de Genebra.
O avião para essa possível façanha não foi inventado ainda. Existe apenas em maquete, que, aliás, no momento, não passa de um esboço sujeito a modificações. Mas já faz sonhar Piccard e as pessoas que vêem na concretização da idéia um possível avanço na busca de energia não poluente.
O projeto do balonista suíço não é, portanto, ainda uma invenção. Não passa de enorme desafio tecnológico – enfrentado pela Escola Politécnica Federal de Lausanne e pela Agencia Espacial Européia – mas o Salão é excelente local para promover o “Solar Impulse”. E Bertrand Piccard, excelente comunicador, não ia perder essa ocasião de colocá-lo novamente em evidência, sabendo que 60 mil pessoas visitam a mostra.
Profusão de inventos
O Salão de Genebra tem de tudo, ou quase. Um dia inteiro não bastaria para ficar a par das centenas de produtos que revelam a engenhosidade dos inventores. Os produtos expostos podem ser coisas simples, daquelas que faz a gente dar um soco na testa e dizer: “Puxa, como não se pensou nisso antes!”
Parando ao acaso nos estandes, pode-se ver, por exemplo, a demonstração da eficácia de um garfo acoplado a uma faca para cortar o mil-folhas (variedade de massa folhada, recheada de creme), sem causar estragos no doce.
Um pouco mais engenhoso é um dispositivo em forma de bola bem achatada, instalada no volante, permitindo girá-lo com a palma da mão.
Ou um aparelho que se parafusa na roda do carro quando se fura um pneu. Se o furo não for grande, o dispositivo bombeia ar, restabelecendo progressivamente a pressão. Torna possível rodar algumas dezenas de km com certa tranqüilidade.
E num mundo em que a água potável vai rareando, um firma suíça propõe um sistema eficaz e barato de “desinfecção e potabilização” da água, graças a uma célula de eletrólise que fabrica hipoclorito de sódio a partir de água e sal. Com o sistema pode-se conseguir 4 mil litros de água potável em uma hora.
Inventos de portugueses
Muito menos técnico, mas eficaz, é o dispositivo fixado no eixo das rodas de um andador (carrinho de rodas em que os idosos seguram quando andam), fazendo com que transponham obstáculos sem dificuldade. Exemplo: da rua para a calçada.
Contrariando todas as piadas brasileiras sobre o engenho dos portugueses, dois portugueses, justamente, apresentam produtos extremamente interessantes no Salão genebrino, num mundo em que segurança se torna preocupação crescente.
Hélder da Silva, 34 anos – angolano de origem e residente em Rio do Mouro – inventou uma pulseira para passageiros de avião, que, comandada eletronicamente por rádio, injeta um calmante em viajantes de comportamento bizarro ou suspeito (ouça áudio).
O dispositivo – com nome provisório e, possivelmente inviável, de “neutralizador de passageiros conflituosos em deslocações aéreas – parece um meio bastante eficaz de evitar a pirataria aérea: a pulseira tem dispositivo de segurança que não permite ao passageiro abri-la ou cortá-la sem acionar um sistema de alarme.
Um outro invento, que abordamos em detalhe (veja, acima “sobre o mesmo assunto”) é uma nova arma de fogo, batizada Begana I – um aportuguesamento de “big gun”, arma grande, em inglês – é uma arma de defesa pessoal que dificilmente mata. Tem a característica de ser à prova de criança, ou seja, uma criança não a consegue disparar.
A invenção é tanto mais interessante quando as estatísticas revelam que, diariamente, no mundo, 12 crianças morrem em acidentes envolvendo armas de fogo.
Essa arma, na avaliação do inventor, Fernando Jorge Lopes, resultou de um desafio lançado a Portugal no Salão precedente, quando o pais levou 8 medalhas, algumas das quais de ouro.
Os inventos, expostos desde 31 de março, estão relacionados com os mais diferentes domínios, da agricultura à eletrônica, passando pelos meios de transportes, jogos, saúde e proteção do ambiente.
O Salão fecha domingo, dia 4 de abril.
Swissinfo, J.Gabriel Barbosa, de Genebra.
Neste ano 675 expositores de 42 países apresentam mil artigos inéditos, numa superfície de 8.200 m2.
Os países mais bem representados, pela ordem são:Rússia, Malásia, Romênia, França, Suíça, China, Alemanha, Grã-Bretanha, Itália, Croácia, Portugal, Moldávia, Polônia, Irã, Coréia…
Além de Portugal, nenhum outro país de língua oficial portuguesa.
Projeto de volta ao mundo em avião solar – “Solar Impulse” – está em destaque no certame.
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