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Suíça tem cerca de 90 mil clandestinos

Muitos clandestinos fazem trabalhos domésticos. Keystone

Uma pesquisa estima o número de pessoas vivendo ilegalmente na Suíça entre 80 e 100 mil. As autoridades acreditavam que o número seria maior.

O fenômeno da clandestinidade está mais relacionado com a realidade do mercado de trabalho helvético do que com as leis de asilo político, constata ao mesmo tempo a pesquisa.

Os dados foram divulgados através de um estudo encomendado pela Secretaria Federal de Migrações, órgão do governo federal. O objetivo confesso era verificar as estimativas muito divergentes das autoridades e de organizções envolvidas com a imigração.

Chegou-se a falar de 300 mil clandestinos na Suíça, para uma população total de 7,2 milhões de habitantes (20% de estrangeiros legalizados).

Na realidade, existem entre 80 e 100 mil clandestinos no país, no máximo. O estudo foi feito pelo Instituto GFS, de Zurique. Como clandestinos, o estudo considerou as pessoas que permanecem mais de um mês na Suíça sem autorização de estadia regular e que não têm a intenção de deixar o país.

Esses números são uma extrapolação baseada em estimativas dos especialistas nos cantões de Genebra, Vaud, Ticino, Basiléia, Zurique e Turgóvia.

Preconceitos sem fundamento

Através desse estudo, os autores contradizem certos preconceitos. Mesmo se o debate público aborda principalmente os requerentes de asilo recusados e que passam para a clandestenidade, eles não podem ser confundidos com os sem-papéis em geral, afirma o estudo.

Outra conclusão é que os sem-papéis também não devem ser confundidos como trabalhadores clandestinos, que podem perfeitamente estar em situação regular.

Outro falso clichê é que o problema dos sem-papéis é puramente urbano. Ele atinge também a zona rural, sobretudo onde a agricultura tem é importante.

A pesquisa constatou também que a a Suíça de expressão francesa (romanda) é mais consciente do problema mas que ele atinge também a Suíça alemã.

O mercado de trabalho

De acordo com o estudo, o que esplica a clandestinidade é o mercado de trabalho e não a política de asilo.

A maior proporção de sem-papéis está nos cantões onde a renda é mais alta ou nas regiões onde vivem muitos estrangeiros.

No entanto, não foi possível demonstrar uma correlação entre clandestinos e política de asilo, segundo os especialistas. Ou seja, o número de sem-papéis não é mais alto e não cresce com o número de requerentes de asilo recusados”.

Pelos próprios meios

O clandestino típico tem entre 20 e 40 anos, segundo o perfil feito pelos especialistas. Nas regiões urbanas, ele provém principalmente da América Latina enquanto nas zonas rurais ele vem geralmente dos Bálcãs e é do sexo masculino.

Nas regiões urbanas, há um equilíbrio entre homens e mulheres tendendo a uma maioria de mulheres.

A maioria dos clandestinos vivem na Suíça sem os filhos, que ficam no país de origem. Mas a maioria das crianças que vêm com os pais são escolarizadas, pelo menos nas cidades, constata o estudo.

Ficou constatato ainda que a maioria dos sem-papéis trabalha geralmente em serviços domésticos, restaurantes, construção e limpeza.

Em média, os clandestinos ganham entre 1 mil e 2 mil francos por mês, o que é muito pouco na Suíça. Estão submetidos a condições de trabalho precárias e cargas horárias pesadas.

Mesmo assim, geralmete conseguem se manter.

População não-criminosa

A grande maioria dos especialistas entrevistados no estudo estima que os clandestinos não se envolvem com o crime e não causa problemas.

São pessoas obrigadas “a não chamar a atenção e serem o mais dicretas possível para evitar que sejam descobertas e expulsas do país”, explica o estudo.

Mesmo assim, a simples existências dos sem-papéis tem conseqüências negativas para a Suíça. O estudo cita as perdas econômicas inerentes ao trabalho clandestino como a a evasão fiscal e a seguridade social.

Os pesquisadores destacam também a incerteza da população frente à concorrência dessa mão-de-obra barata, que provoca atitudes xenófobas.

Para o futuro, a maioria dos especialistas espera um aumento do número de sem-papéis na Suíça, em particular se a conjuntura econômica melhora. Alguns desses especialistas acreditam na estabilização do número de clandestinos.

swissinfo e agências

Entre 80 e 100 mil estrangeiros em situação ilegal moram na Suíça
Cerca de 20 mil vivem no cantão de Zurique, 5 mil em Basiléia, de 12 a 15 mil no cantão de Vaud, 8 a 10 mil em Genebra e 2 mil no Ticino (Suíça italiana)
Entre 60 e 80% dos clandestinos têm entre 20 e 40 anos.
Entre 50 a 80% não têm qualquer formação profissional.
O salário dos clandestinos gira em torno de 1 e 2 mil francos suíços.

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