Suíços anunciam progressos em câncer de cérebro

Um novo tratamento descoberto no Hospital Universitário de Lausanne aumenta o tempo de vida dos pacientes com tumores cerebrais.
A descoberta abre novas frentes de pesquisa e foi publicada quinta-feira (10/3) no New England Journal of Medicine
Associando a radioterapia a uma nova quimioterapia, a equipe do Dr. Roger Stupp conseguiu resultados inéditos no tratamento de glioblastomas, um tumor cerebral cancerígeno muito agressivo.
Nova quimioterapia
Esse tipo de tumor é relativamente raro e corresponde a 5% de todos os tipos de câncer. Mesmo assim, atinge entre 300 e 500 pessoas por ano na Suíça e 20 mil Na União Européia (UE), freqüentemente pessoas jovens e bem de saúde.
“No início eu não acreditava muito porque a termozolomida era usada somente em casos de reincidência do glioblastoma”, afirma o Dr. Roger Stupp. Foi ele quem teve a idéia de um tratamento combinado de radioterapia tradicional com quimioterapia à base de termozolomida.
Outros dois cientistas do Hospital Universitário de Lausanne (CHUV) tiveram participação importante nesse processso: a Dra. Monika Hegi – chefe do laboratório de biologia e genética de tumores – e o Dr. René-Olivier Mirimanoff, chefe do serviço de radio-oncologia.
Antes do novo tratamento, a expectativa média de vida dos pacientes com glioblastoma era de um ano, depois do diagnóstico; para 10% deles a expectativa era de dois anos.
Os primeiros testes começaram em 1998 mas, a partir de 2000, foram aplicados em 587 pacientes (40 na Suíça) em 15 países. Os estudos internacionais foram supervisados pela Organização Européia de Pesquisa e Tratamento contra o Câncer (OERTC).
Estímulo para continuar
Os resultados foram publicados quinta-feira (10/3) no New England Journal of Medecine.
O tratamento dura 8 meses e o número de pacientes com sobrevida de dois anos quase triplicou (de 10% para 26%, em média). Mas o tratamento é ainda mais eficaz, quando o gene reparador do DNA está inativo, chegando a 50%.
“O glioblastoma é um tumor infiltrativo e por isso a cirurgia não consegue erradicá-lo por completo”, explica o Dr. Stupp. Em geral, os pacientes suportam bem o tratamento.
Mas o Dr. Stupp e seus colegas do CHUV continuam modestos. “Aumentar a sobrevida não quer dizer curar, mas a ciência evolui por etapas. Quando começamos, seis anos atrás, não imaginava que chegaríamos a esses resultados. Isso nos estimula a prosseguir as pequisas”, conclui o Dr. Stupp.
swissinfo
– O glioblastoma é um tumor cerebral concerígeno muito violento, relativamente raro (5% do total de casos de câncer).
– Atinge 5 a 7 entre 100 mil pessoas no mundo. Na UE, são diagnosticados cerca de 20 mil casos por ano. Na Suíça, entre 300 a 500 pessoas por ano.
– Com o novo tratamento, a taxa de sobrevida de dois anos quase triplicou.

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