Perspectivas suíças em 10 idiomas

Suíços participaram do FSM de Porto Alegre

Suíços estarão entre as 100 mil pessoas aguardadas em Porto Alegre Keystone

Cerca de 30 pessoas, sindicalistas, deputados, representantes de Ongs e do governo integraram a delegação suíça que participou do III Fórum Social Mundial na capital gaúcha.

Outros suíços foram a Porto Alegre individualmente, fora da delegação. Este ano, o interesse foi maior entre ongs, sindicatos e imprensa.

A Declaração de Berna, ong que trabalha “para mudar o comportamento do governo e de empresas nas relações com os países do sul” vai mandar dois representates ao FSM.

Andreas Missbach, da coordenação da DB, afirma que é importante participar do FSM porque a Declaração de Berna “persegue na Suíça os mesmos objetivos”. Para Missbach, o sucesso de Porto Alegre “demonstra o crescimento do movimento contra a globalização neoliberal”.

Presidente Lula no fórum paralelo

Ele acha que o que há de mais importante é que “Porto Alegre tem uma agenda positiva, com propostas, muito diferente das manifestações contra o G-8, a OMC ou o Fórum Econômico Mundial de Davos”.

Na mesma perspectiva, a Declaração de Berna organiza uma espécie de fórum paralelo em Davos, chamado de “Olhos públicos sobre Davos”, juntamente com outras Ongs. “Aproveitando a presença de executivos de grandes empresas e de políticos, promovemos debates de interesses divergentes, explica Missbach.

Os organizadores vão convidar o presidente Lula para participar desse fórum paralelo, segundo Missbach.

A deputada Valérie Garbani, do Partido Socialista, vai a Porto Alegre pela segunda vez participar do Fórum Parlamentar Mundial. Ela apreciou o 1° Fórum pelos inúmeros contatos que fez mas achou os debates “muito vagos, com muitas declarações de intenção.”

Desta vez ela está mais preocupada com ações concretas como a colaboração com ongs brasileiras que trabalharão no programa de combate à fome do governo brasileiro. Garbani promete intervir junto à nova ministra suíça das Relações Exteriores, Micheline Calmy-Rey, também do Partido Socialista, para saber se existe a possibidade de liberar alguma verba para essa colaboração.

Agricultor e ecologista

O agricultor e deputado Fernand Couche, do Partido Verde, vai a Porto Alegre pela primeira vez porque acha que lá “está a expressão de uma mudança decisiva para o planeta”. Ele acha indispensável encontrar “uma alternativa que seja uma ponte entre os dois mundos, o dos excluidos e o da economia”.

Comparando o que vem ocorrendo com o Fórum Econômico de Davos, Cuche afirma que “se esses senhores estivessem pensando num mundo com maior eqüidade, as pessoas iriam a Davos para aplaudi-los e não criticá-los”.

Festival político

Couche também se diz impressionado pelo que leu do programa contra a fome no Brasil. “Quando se sabe o quanto se investiu para desenvolver a agricultura européia, penso que os credores do Brasil, inclusive bancos suíços, precisam dar uma chance para que esse programa se concretize”, afirma.

Gérald Pachoud, especialista em direitos humanos no Ministério das Relações Exteriores, vai voltar ao FSM porque é “um lugar privilegiado de econtros, diálogo e observação, onde pode-se encontrar todo mundo no mesmo lugar”.

Considera também que o FSM melhorou com o tempo, “está mais maduro, mais credível e sobretudo veio para durar”.

Quanto à diversidade dos participantes de Porto Alegre, o especialista suíço compara o FSM a um grande “festival político” mas que permite “selecionar e estreitar contatos, inclusive com os próprios suíços que vão a Porto Alegre”.

FSM não é contra, é a favor

A Divisão de Desenvolvimento e Cooperação (DDC), órgão ligado ao Ministério das Relações Exteriores, vai enviar 4 funcionários a Porto Alegre. “Trabalhamos sempre com as ongs e a sociedade civil e o FSM é uma oporturnidade para acompanhar as discussõs e avaliações nos países em desenvolvimento e fazer contatos diretos”, afirma Dora Rapold.

Ela esteve no FSM no ano passado e ficou surpresa. “20 anos atrás não seria possível organizar uma discussão dessas, tão positiva”, afirma. Ela acha que Porto Alegre “tem um agenda positiva e não é mais contra algo nem muito menos contra Davos”.

Os suíços vão a Porto Alegre estão tão entusiasmados que decidiram criar o Fórum Social Suíço (FSS) cujo primeira edição está agendada para setembro próximo.

swissinfo, Claudinê Gonçalves

– Suíços participam do FSM desde a primeira edição, em 2001

– Geralmente consideram que o FSM amadureceu e veio para ficar

– É também um encontro ideal para avaliar os movimentos sociais no mundo inteiro e ponto privilegiado de contatos

– Alguns acham que o FSM deve permanecer em Porto Alegre como símbolo da busca de alternativas políticas e econômicas

– Outros acham que o FSM deve mudar para promover mobilização em outros países

– Todos realçam a agenda positiva do FSM e não o aspecto contestatário

Mais lidos

Os mais discutidos

Certificação JTI para a SWI swissinfo.ch

Mostrar mais: Certificação JTI para a SWI swissinfo.ch

Veja aqui uma visão geral dos debates em curso com os nossos jornalistas. Junte-se a nós!

Se quiser iniciar uma conversa sobre um tema abordado neste artigo ou se quiser comunicar erros factuais, envie-nos um e-mail para portuguese@swissinfo.ch.

SWI swissinfo.ch - sucursal da sociedade suíça de radiodifusão SRG SSR

SWI swissinfo.ch - sucursal da sociedade suíça de radiodifusão SRG SSR