Suicídio de jovens é de grandes proporções
Na Suíça, o suicídio é a principal causa de mortalidade de adolescentes, bem mais do que os acidentes de trânsito.
A prevenção e o suicídio dos jovens foi o principal tema, na Suíça, da Jornada Mundial da Saúde Mental, sexta-feira.
Entre os jovens adultos até 25 anos, o suicídio é a principal causa de morte. É o tripo do número de mortos em acidentes de trânsito que consituem, portanto, a principal preocupação dos pais.
A taxa de suicídios de jovens na Suíça está entre as mais altas do mundo: 30 casos para cada 100 mil habitantes. Estima-se que quase 10% dos suíços cometem uma tentativa de suicídio quando adolescente ou jovem adulto.
“Muito pouca gente consulta um médico ou um psicólogo por causa disso porque ainda existe um grande tabu”, afirma o Dr. Patrick Haemmerle, médico-chefe dos Serviços de Psiquiatria da infância e de jovens adultos no Cantão de Fribourg.
“Trata-se de um absurdo porque, em teoria, o suicídio é uma causa de morte evitável”, acrescenta.
Uma verdadeira hecatombe
No mundo, uma pessoa se mata a cada 40 segundos. Isso representa um total de 800 mil suicídios por ano. Dois terços das vítimas são do sexo masculino.
Nos últimos anos, a taxa de suicídio entre os jovens aumentou de 200 a 300%. Entre as mulheres de 15 a 44 anos, o suicídio é a segunda causa de morte, depois da tuberculose.
Entre os homens da mesma faixa etária, também no mundo, é a quarta causa de mortalidade, depois dos acidentes de trânsito, da tuberculose e da violência.
Na Suíça, os dados estatísticos mais recentes demonstram que houve 1.387 suicídios no ano 2000.
“A cada três dias, há um suicídio entre adolescentes e jovens adultos na Suíça, precisa Patrick Haemmerle. Estimamos ainda, na mesma faixa, existam entre 15 e 20 mil tentativas de suicídio por ano.”.
A comparação com os acidentes de trânsito – 544 mortos em 2001 – permite compreender a dimensão do problema.
No entanto, para Maja Perret, membro do Centro de Estudos e de Prevenção do Suicídio (CEPS), em Genebra, o número de suicídios é subestimado.
“Não consideramos como suicídio uma pessoa que se joga de uma ponte com uma moto, explica a psicóloga. Autro exemplo, uma morte por anorexia é registrada como morte natural.”
Prioridade à prevenção
Patrick Haemmerle acredita que “a adoção de uma política sanitária e campanhas de prevenção, podem dar resultados concretos.”
Para o psiquiatra, uma coisa é certa: os suicídios são evitáveis e pode-se tratar as pessoas que pretendem se suicidar.
Aliás, a psiquiatria reconhece uma série de sintomas como pertencer a uma outra cultura, a exclusão do sistema educativo, os conflitos familiares repetidos, o consumo de drogas ou álcool, entre outros.
“Um adolescente ou um jovem adulto não decide se matar do dia para a noite, afirma Maja Perret. É preciso montar uma estratégia de prevenção para detectar os casos de suicídio potencial.”
O modelo genebrino
“Durante muito tempo, pensávamos que era melhor não falar das pessoas que estão mal para evitar o efeito Werther, ou seja, uma multiplicação de suicídios por imitação”, afirma Maja Perret.
“Hoje, sabemos que a prevenção do suicídio é uma questão de política sanitária que afeta todo mundo.”
Ela fala por experiência porque há 7 anos o CEPS usa uma estratégia de aproximação no problema do suicídio. Ela envolve pais, amigos, professores, conhecidos ou qualquer outra pessoa de confiança do “candidado” ao suicídio.
“A pesquisa clínica concentra-se no que chamamos de fatores de proteção. É preciso compreender porque certas circunstâncias levam os jovens a esse extremo enquanto que outros, nas mesmas circunstâncias, estão imunes”, conclui Maja Perret.
swissinfo
Houve 1.387 suicídios na Suíça, no ano 2000.
544 pessoas morreram em acidentes de trânsito, em 2001.
Entre 15 e 20 mil adolescentes por ano tentam suicidar-se, na Suíça.
No mundo, existam aproximadamente 800 mil suicídios por ano, ou seja, um a cada 40 segundos.
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