Universidades revisam cooperação em pesquisa com a Rússia
As universidades suíças devem reexaminar suas colaborações científicas com universidades na Rússia e suspendê-las, se necessário, disse o órgão de tutela do setor.
“Quando acordos políticos e regras da diplomacia são unilateralmente anulados, muitas áreas da ciência permanecem ligadas através de um entendimento comum de liberdade científica e integridade acadêmica. Esta cooperação científica não deve servir para apoiar a política agressiva do governo russo, que com esta guerra de agressão viola os princípios fundamentais dos direitos humanos, o direito internacional e os valores básicos europeus”, disseram em declaraçãoLink externo na quarta-feira as universidades suíças.
“Nesse sentido, o Conselho das Universidades suíças recomenda que as universidades suíças revejam suas colaborações científicas com as universidades russas e as suspendam onde existe tal perigo”.
Universidade de Friburgo
A Universidade de Friburgo já tomou medidas. Ela trabalha há anos com duas universidades russas, mas estas duas instituições apoiam a invasão russa da Ucrânia.
“Estamos suspendendo nossa cooperação com essas instituições, porque de outra forma estaríamos apoiando a guerra da Rússia”, disse à televisão pública suíça SRFLink externo a reitora da Universidade de Friburgo, Astrid Epiney.
As universidades suíças enfatizaram que era, no entanto, “a favor de apoiar instituições, bem como pesquisadores e estudantes na Rússia que sofrem com a situação atual e que estão comprometidos, na medida do possível, com o sistema europeu de valores e direito”.
Elas disseram que queriam proteger os pesquisadores e estudantes ucranianos e russos nas dez universidades e nos dois prestigiados institutos federais de tecnologia da Suíça.
Estudantes e pesquisadores russos
Há cerca de 200 estudantes e pesquisadores no Instituto Federal de Tecnologia de Zurique (ETH Zurich), disseLink externo a porta-voz Vanessa Bleich à SRFLink externo.
“É claro que todos os membros da ETH com cidadania russa podem continuar seus estudos ou pesquisas no instituto normalmente”, disse Vanessa Bleich na reportagem.
Mas isso não exclui consequências em alguns casos. A Faculdade de Teologia da Universidade de Friburgo anunciou em 8 de marçoLink externo que havia suspendido “até nova ordem” um professor titular russo – um alto funcionário da igreja ortodoxa russa que ocupava o cargo na faculdade desde 2011 – porque ele não condenava a invasão russa da Ucrânia.
Também sediada na Suíça, em Genebra, está a Organização Europeia de Pesquisa Nuclear (CERN) – famosa pelo Grande Colisor de Hadron, o maior e mais potente colisor de partículas do mundo.
No dia 8 de março, ela divulgou uma declaraçãoLink externo condenando “nos termos mais fortes” a invasão russa da Ucrânia. Disse que doravante promoveria iniciativas para apoiar os colaboradores ucranianos e a atividade científica ucraniana (a Ucrânia é membro associado do CERN) no campo da física de alta energia.
O estatuto de Observador da Federação Russa seria suspenso e o CERN não se envolveria em novas colaborações com a Rússia e suas instituições até novo aviso.
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