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Inventor reflete sobre os 30 anos da Internet

Tim Berners-Lee, inventor of the world wide web
Tim Berners-Lee, inventor da World Wide Web, em um evento comemorativo dos 30 anos da rede no CERN, em Genebra, em 12 de março Keystone

Enquanto a World Wide Web marca seu 30º aniversário, seu fundador e inventor, Tim Berners-Lee, pondera sobre o que ela se tornou - nem sempre para o bem da humanidade - e como consertá-la.

“A web se tornou uma praça pública, uma biblioteca, um consultório médico, uma loja, uma escola, um estúdio de design, um escritório, um cinema, um banco e muito mais”, escreveu Berners-Lee em uma carta aberta publicada em seu site da World Wide Web Foundation na terça-feira (12).

Hoje, conceitos da web como html, http e URL são universalmente reconhecidos. Metade da população mundial está online e existem quase dois bilhões de websites. Mas à medida que a web se expande, ela continua a experimentar inúmeras dificuldades de crescimento e a divisão digital continua aumentando.

“Precisamos colocar a outra metade da humanidade online o mais rápido possível, já que essa ausência está se tornando cada vez mais injusta. Precisamos manter a Internet aberta e livre, lutando pela neutralidade da rede, e devemos pensar sobre privacidade e possuir seus próprios dados e como as redes sociais devem realmente controlar o discurso do ódio”, disse Berners-Lee a uma audiência na Organização Europeia para Pesquisa Nuclear (CERN), em Genebra.

Durante sua “adolescência digital”, a web foi especialmente afetada por problemas disfuncionais como hacking patrocinado pelo Estado, assédio online, discurso de ódio e desinformação, alertou.

“Vago, mas excitante”

Trinta anos atrás, Berners-Lee, um cientista britânico que trabalhava no CERN, apresentou um trabalho ao seu superior intitulado “Information Management: a Proposal”, que revolucionaria a maneira como vivemos hoje.

Seu artigo mostrou como as informações podem ser transferidas facilmente pela Internet usando hipertexto, o que permitiria aos usuários navegar facilmente entre textos em páginas da Web usando links.

“Vago, mas excitante” foi a resposta do seu supervisor. Mas a proposta dele recebeu luz verde e o resto é história.

Mais de 30 anos, a web transformou a sociedade. Mas Berners-Lee, agora com 63 anos, está consciente do que precisa ser feito para consertar sua invenção. Sua fundação espera que governos, empresas e cidadãos assumam um papel mais importante na formação da web para o bem, sob os princípios estabelecidos em seu “Contrato para a Web”.

Nos termos do contrato, os governos devem garantir que todos possam se conectar à Internet, mantê-la disponível e respeitar a privacidade. As empresas devem tornar a Internet acessível, respeitar a privacidade e desenvolver tecnologia que coloque as pessoas – e o bem público – em primeiro lugar. Os cidadãos devem cooperar e respeitar o “discurso civil”, entre outras coisas.

“Governos e grandes empresas percebem que há coisas que precisam fazer para consertar a web e que precisam ser bons participantes responsáveis”, disse. “Se você assinar o contrato, está dizendo que os princípios são realmente importantes e que deseja fazer parte dos detalhes. É sentar com outros participantes e descobrir como encontrar o equilíbrio entre deixar as empresas de tecnologia fazer a coisa certa e regulá-las, e entre liberdade de expressão e discurso de ódio”.

O contrato, que não é “escrito em pedra”, deve ajudar a guiar as pessoas na jornada da “adolescência digital para um futuro mais maduro, responsável e inclusivo”, disse o inventor da web.

“É compreensível que muitas pessoas tenham medo, sem saber ao certo se a web é realmente uma força para o bem”, disse Berners-Lee. “Mas dado o quanto a web mudou nos últimos 30 anos, seria derrotista e sem imaginação presumir que a web como a conhecemos não pode ser modificada para melhor nos próximos 30 anos. Se desistirmos de construir uma web melhor agora, então a web não terá falhado conosco. Nós teremos falhado na web”.


Adaptação: Fernando Hirschy

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